Cresce número de juízes que vêm de famílias com baixa escolaridade; negros são minoria
Estudo mostra que o ingresso na carreira da magistratura caracteriza uma trajetória de mobilidade social.
Da Redação
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
Atualizado às 15:26
A AMB lançou nova pesquisa para diagnosticar o perfil do magistrado brasileiro. Após duas décadas desde a primeira, a Associação aponta relevantes aspectos sobre o perfil socioeconômico dos juízes.
A origem familiar dos magistrados chamou a atenção dos pesquisadores.
O estudo mostra que o ingresso na carreira da magistratura caracteriza uma trajetória de mobilidade social.
Observando a escolarização dos pais e mães dos magistrados cerca de 29% dos pais de juízes de 1º grau e 33,3% dos de 2º grau têm escolaridade baixa. Um pouco menos escolarizadas, as mães dos magistrados acompanham essa distribuição. "A perspectiva, portanto, de que o recrutamento de juízes se dá apenas nos estratos mais altos da sociedade não se confirma no caso brasileiro, percebendo-se, alternativamente, um cenário de recrutamento plural", explicam os autores da pesquisa, Luiz Werneck Vianna, Maria Alice Rezende de Carvalho e Marcelo Baumann Burgos.
Perfil socioeconômico
A pesquisa revela que quase 80,6% dos juízes de 1º grau se declaram brancos e, 18,4% pardos e pretos. Entre os juízes de 2º grau, o percentual de autodeclarados brancos aumenta para 85% e número de pretos e pardos cai para 11,9%.
Os dados se aproximam, segundo o relatório, da pesquisa realizada pelo CNJ na qual aponta que 81% dos magistrados se declaram brancos e 18%, pretos e pardos.
No que diz respeito à religião predominante dos magistrados, quase 60% dos juízes de 1º grau são católicos e 13,9% são espíritas. Em comparação com a pesquisa realizada há duas décadas pela AMB, 79,9% dos juízes de 1º grau eram católicos e 5,4% espíritas e, entre os juízes de 2º grau, o percentual de católicos chega a 69%.
Em relação às questões de moradia, propriedade de automóvel e contratação de empregados domésticos, 70,1% dos juízes de 1º grau possuem casa própria - entre os juízes de 2º grau esse índice aumenta para 93,2%. Cerca de 40% possui mais de um automóvel entre os juízes de 1º grau, situação que corresponde a mais de 50% entre os de segundo grau e, por fim, 85% de ambos os graus de magistratura contam com serviço de pelo menos um empregado doméstico.
- Veja a íntegra da pesquisa: "Quem somos - A magistratura que queremos"