Presidente da Colômbia faz um apelo ao Congresso Nacional para que aprove as medidas do seu segundo governo
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Da Redação
segunda-feira, 29 de maio de 2006
Atualizado às 08:19
Apelo
Reeleito o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, fez um apelo ao Congresso Nacional para que aprove as medidas do seu segundo governo
Olhos marejados pela ampla vitória nas urnas, Álvaro Uribe, presidente reeleito da Colômbia, fez um apelo neste domingo ao Congresso Nacional para que aprove as medidas do seu segundo mandado.
Elas incluem o Tratado de Livre Comércio assinado com os Estados Unidos, além da ampliação das ações no combate ao narcotráfico e à guerrilha.
Em discurso aos eleitores, depois de anunciado o resultado das eleições. Uribe também pediu unidade ao país: "A democracia é pluralista", disse, "mas podemos debater no consenso".
Diante da euforia de seus partidários, que gritavam seu nome, ele disse: "Não somos 7,3 milhões, somos 42 milhões de colombianos", se referindo aos seus eleitores e o total de pessoas no país.
"Às vezes me pergunto de que material os colombianos são feitos, que sofreram tanto e vivem alegres", disse, sob aplausos.
Democracia pluralista
Primeiro presidente reeleito na Colômbia em mais de um século, Álvaro Uribe mandou um "saludo" aos candidatos derrotados - Carlos Gaviria, do Pólo Democrático, e Horacio Serpa, do Partido Liberal.
E insistiu que os ex-presidenciáveis provaram que existe uma democracia pluralista. "Um jardim com muitas cores de idéias, mas com irmandade", afirmou.
"O Pólo Democrático, de Gaviria, não é nosso inimigo. É nosso competidor na democracia", ressaltou.
Com 99,65% das urnas apuradas, Uribe tinha recebido 62,23% dos votos contra 22,03% de Gaviria, 11,83% de Serpa e 1,24% de Antanas Mockus, da Aliança Social Indígena.
Uribe disse que também pretende "aumentar a irmandade", com maior integração, com os países e blocos da região, como o Mercosul e a CAN (Comunidade Andina de Nações).
Ele não citou nomes, mas seus assessores dizem que ele pretende, em particular, intensificar a relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo ele, um "líder político pragmático" e "importante" para a América Latina.
Ajuda
No discurso, Álvaro Uribe pediu ajuda aos "santos" para que a decisão democrática, resultado da eleição deste domingo, "seja útil" à Colômbia.
Pediu ainda "maior relação cristã" entre os colombianos - maioria católica praticante - e agradeceu quatro vezes aos soldados e policiais "que têm ajudado o país a reconquistar a liberdade".
Eles são o "braço-forte" da estratégia adotada por Uribe no combate à guerrilha - que ele chama de "terrorismo" - e ao narcotráfico - que para ele caminha cada vez mais unido às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
"Queremos uma democracia moderna e com respeito às instituições que formam o Estado. Com o apoio do povo colombiano e a coragem dos soldados da pátria, avançaremos para ter uma Colômbia segura", afirmou.
"Uma pátria segura é uma pátria que garante as liberdades", disse.
Uribe também recordou seu programa "segurança democrática", com o qual acredita que reduziu os índices de violência, a principal plataforma da sua reeleição.
Uribe reiterou que um país sem violência é capaz de atrair investimentos, gerar empregos e melhor qualidade de vida. A geração de empregos e a criação de alternativas ao petróleo foram duas das medidas especificas que anunciou para seu segundo mandato.
Seu discurso foi várias vezes interrompido com "vivas" da multidão.
Pela constituição, seu novo governo começa em agosto, com três meses de transição, mas políticos que o apóiam, como o senador Armando Benedete, afirmaram que Uribe vai realizar uma reforma ministerial nos próximos dias e que não vai esperar agosto para concretizar seus planos.
Nesta segunda-feira, Uribe vai participar de uma missa em uma igreja em Medellín, onde estão sepultados seus pais e um irmão.
A reeleição e os fatos isolados de violência, no interior do país, além do fortalecimento da esquerda transformaram o pleito num capítulo histórico para a Colômbia.
Para analistas, como Nestor Humberto Martinez, entrevistado pela emissora RCN de televisão, o resultado mostra que não houve uma eleição, mas um "plebiscito" que aprova a gestão de Álvaro Uribe.
"Será a primeira e última vez que um presidente será reeleito no país. Esse é um país muito difícil de governar e só mesmo um milagre para manter Uribe na crista da onda neste segundo mandato", disse o analista Fernando Cepeda, entrevistado pela mesma emissora.
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