Temer reconhece gravidade da situação do país e pede união de instituições
Vice-presidente disse que é preciso que alguém "tenha capacidade de reunificar, de reunificar a todos, de reunir a todos, de fazer este apelo".
Da Redação
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Atualizado às 08:55
Frente à iminência do agravamento da crise brasileira, o vice-presidente da República, Michel Temer, em pronunciamento oficial nesta quarta-feira, 5, reconheceu a gravidade da situação pela qual passa o país e pediu "que todos se dediquem a resolver os problemas" do Brasil.
"Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvida que é grave, e é grave porque há uma crise política se ensaiando, há uma crise econômica que está precisando ser ajustada, mas, para tanto, é preciso contar com o Congresso Nacional, é preciso contar com os vários setores da nacionalidade brasileira."
Em rede nacional, Temer afirmou que é preciso que alguém "tenha capacidade de reunificar a todos, de reunir a todos, de fazer este apelo" e, como articulador político, tomou a linha de frente, "porque, caso contrário, nós podemos entrar em uma crise desagradável para o país".
"Eu sei que os brasileiros não contam com isso, os brasileiros querem que o Brasil continue na trilha do desenvolvimento e, por isso, mais uma vez, eu reitero: é preciso pensar no país. Acima dos partidos, acima do governo, e acima de toda e qualquer instituição está o país. Se o país for bem, o povo irá bem. É o apelo que eu faço aos brasileiros, é o apelo que eu faço às nossas instituições."
Repercussão
Após a declaração polêmica do vice do governo Dilma, os veículos de comunicação do país repercutiram as falas e analisaram o quadro do país diante do tom de apelo assumido por Temer.
Ricardo Noblat, hoje, em sua coluna n'O Globo, afirmou: "O governo Dilma está com jeito de que chegou ao fim". Ricardo Azevedo, em blog da Veja, anuncia que falas de Mercadante e Temer revelam que "Dilma já não governa", pedindo: "Presidente, faça um bem ao país: renuncie!".
Confira o que dizem os colunistas:
Ricardo Noblat
"O governo balança, balança, e pode não chegar ao fim do ano. Só ganhará uma sobrevida com a ajuda da oposição. Em síntese, foi isso o que disse, sem disfarçar a apreensão, o vice-presidente da República e coordenador político do governo Michel Temer (PMDB-SP). (...) A declaração feita por Temer ganhou cores de desespero quando ele disse a certa altura: - (...) é preciso que alguém possa, tenha capacidade de reunificar a todos, de unir a todos, de fazer esse apelo. Que alguém é esse? Num regime presidencialista, esse alguém só poderia ser o presidente da República. Mas porque a presidente deixou para Temer a tarefa de fazer o apelo? Porque não tem mais condições de fazê-lo. Perdeu a credibilidade. Perdeu a confiança dos seus governados. Perdeu a autoridade política. Não se arrisca a falar à Nação com medo de ser hostilizada. Se seu apego ao poder não fosse demasiado, pediria as contas. Talvez seja cruel afirmar que Temer, ao dizer o que disse e da maneira como disse, ofereceu-se para ocupar um espaço que está vago. Mas foi isso o que aconteceu, mesmo contra sua vontade."
('O governo Dilma está com jeito de que chegou ao fim' - O Globo, 6/8/15)
Reinaldo Azevedo
"Temer sabe muito bem que inexiste, na política, salvo nos momentos de guerra e de verdadeira comoção nacional - e, felizmente, não chegamos a eles -, esse pensar isso e aquilo acima de partidos, convicções, diferenças etc. Isso é pura retórica. É preciso, aí sim, que exista liderança política. Eis o problema. Cadê? Notem que Temer diz: 'É preciso que alguém tenha a capacidade de reunificar, reunir a todos e fazer este apelo'. E, em seguida, ele se oferece para esse papel: 'E eu estou tomando esta liberdade'. Vale dizer: está tentando fazer o que Dilma não consegue mais: governar. É evidente que o país não vive, diga-se em boa hora, uma anomia, mas governabilidade, com vistas ao futuro, também não há."
('Falas de Mercadante e Temer revelam: Dilma já não governa; vice se apresenta. Ou - Presidente, faça um bem ao país: renuncie!' - Veja, 6/8/15)