Pesquisa revela um consumidor mais endividado, porém otimista
Dados são da Boa Vista Serviços S/A .
Da Redação
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Atualizado às 14:21
O consumidor inadimplente está cauteloso para comprar, mas considera que sua situação financeira é melhor atualmente em comparação ao ano passado e, mais ainda, prevê que vai melhorar nos próximos meses. Quando isso acontecer, seu principal sonho de consumo é comprar um carro ou uma moto. As constatações são da Pesquisa Perfil do Inadimplente realizada pela Boa Vista Serviços S/A no 1º trimestre deste ano.
A pesquisa mostrou que cresceu em 6 pontos percentuais (de 47% para 53%) o contingente de otimistas, que consideram sua atual situação financeira melhor do que no último trimestre de 2013. Essa percepção é maior na classe B (56%) e nas classes D e E (51%).
Desemprego continua a ser a principal causa da inadimplência. Segundo 33% dos pesquisados pela Boa Vista, esse foi o motivo do atraso no pagamento das contas, o que significa um aumento de 4 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. O segundo motivo mais apontado pelos entrevistados foi descontrole financeiro, com 21%.
A pesquisa apontou que "emprestar o nome" foi a causa de ter o CPF registrado no SCPC para 10% dos consumidores. Quando é feita a divisão por gênero, nota-se que os homens têm sido mais prudentes quanto a "emprestar" seus nomes: 8% são os ficaram com restrição em consequência dessa atitude, enquanto o percentual sobe para 13% entre as mulheres.
A maioria dos consumidores entrevistados (22%) afirma que a dívida vencida e não paga decorre da aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Em seguida vieram as compras destinadas a alimentação (19%) e vestuário e calçados (15%). Além disso, 73% disseram que tinham planos de quitar totalmente o valor devido em até 15 dias.
O percentual dos entrevistados que mesmo com restrição por conta em atraso declararam-se não estar endividados recuou de 32% para 18% na comparação com o 4º. trimestre do ano passado. No entanto, o valor das dívidas, no geral, não é elevado: 35% disseram de dívidas de R$ 501 a R$ 2 mil e 31% devem até R$ 500. O percentual dos entrevistados que acreditam estar pouco endividados cresceu 4 pontos percentuais de janeiro a março, passando de 26% para 30% na comparação trimestral. Esse dado da pesquisa traduz a percepção particular do consumidor em relação ao seu endividamento e seu entendimento sobre o que é dívida.
As contas em atraso causadas pelo uso do cartão de crédito e de boleto ou carnê são a prioridade no pagamento de dívidas para a maioria (32%) dos consumidores. Quando perguntados sobre o que consideravam carnê, 43% disseram que se referiam a boleto bancário para pagamento de contas de concessionárias (como luz e telefone) e 21% disseram que se tratava de crediário.
Apesar do otimismo, existe retração em relação aos planos de consumir. A pesquisa da Boa Vista SCPC mostrou que 70% dos entrevistados declararam que não pretendem fazer compras nos próximos meses. Comparado ao trimestre anterior, a pretensão de consumir recuou de 37% para 27%.
Também cresceu (para 62%) o percentual dos consumidores que declaram que pretendem negociar o pagamento das contas vencidas e realizar o pagamento de forma parcelada. O índice é 4 pontos percentual superior ao do trimestre anterior.
"Os resultados da pesquisa nos levam a concluir que, a despeito de se perceberem mais endividados, os consumidores demonstram que estão avançando no controle de suas finanças. E por isso estão otimistas em relação a pagar o que devem. Mesmo que isso signifique repensar o momento para assumir novas despesas", analisa Fernando Cosenza, diretor de sustentabilidade da Boa Vista SCPC.
Para Fernando Cosenza, diretor da Boa Vista SCPC, a cautela e a busca por mais equilíbrio na administração das contas, que o consumidor já vem demonstrando há meses, tem se refletido na percepção das famílias e pode explicar o otimismo dos entrevistados, mesmo em situação de inadimplência. A retração nos planos de consumir demonstra essa cautela.