Comissão de juristas quer arbitragem em relações de consumo e na administração pública
A próxima reunião da comissão está prevista para 28 de junho.
Da Redação
sábado, 25 de maio de 2013
Atualizado às 09:46
A comissão de juristas
que estuda mudanças na lei de Arbitragem (9.307/96) proporá a
possibilidade de se recorrer à arbitragem nos conflitos entre partes envolvidas
em relações de consumo e nos contratos da administração pública. Foi o que
informou o presidente da comissão, o ministro do STJ
Luis Felipe Salomão, após reunião nesta sexta-feira, 24.
Criada pelo Senado, a
comissão tem o objetivo de fortalecer a arbitragem como forma alternativa - e
rápida - de solucionar litígios e, assim, "desafogar" o Judiciário. A
previsão é que o grupo apresente um anteprojeto entre outubro e novembro deste
ano.
Ao explicar a inclusão de relações de consumo nas possibilidades de arbitragem, Luis Felipe Salomão disse que os juristas pretendem fortalecer não apenas essa modalidade, mas também o direito do consumidor. A proposta é que os contratos tenham uma cláusula com a possibilidade de arbitragem, "que pode oferecer um método de resolução mais célere do conflito". Mas o ministro ressaltou que tal recurso só será utilizado se o consumidor quiser. Ficaria respeitada, assim, a ideia de que o consumidor é hipossuficiente em relação ao fornecedor, ou seja, é a parte mais fraca na relação de consumo. O ministro frisou que a proposta não altera o CDC.
Administração pública
Além das relações de
consumo, a comissão também quer garantir a possibilidade de arbitragem nos
contratos da administração pública. Questionado se tal
possibilidade já não existe na lei atual, Salomão respondeu que "há
controvérsias" e a intenção da comissão é que a nova lei ponha a questão
"em pratos limpos". "Várias leis
relacionadas, por exemplo, a contratos nas áreas de petróleo e gás e concessões
de serviços públicos possuem disposições não muito claras sobre a possibilidade
de arbitragem", assinalou.
Usando o exemplo da
exploração de petróleo, o ministro citou a hipótese de um contrato entre a
Petrobras e uma empresa estrangeira. Ele argumenta que, "se ficar claro
que a administração pública brasileira, direta e indireta, permitir o recurso à
arbitragem em caso de conflito entre as partes, isso alavancará os
investimentos, nacionais e estrangeiros no país, porque é um meio de resolução
muito mais rápido".
Outros assuntos
discutidos, mas para os quais ainda não houve uma decisão, foram as arbitragens
nas relações de trabalho e nos conflitos societários (como os que envolvem, por
exemplo, os acionistas minoritários de grandes empresas).
Portas fechadas
A reunião desta
sexta-feira aconteceu a portas fechadas. No início da sessão, os integrantes da
comissão debateram se as discussões deveriam ou não ser abertas ao público e
aos jornalistas. Ellen Gracie, ministra aposentada do STF,
esteve entre os que argumentaram pelo fechamento, enquanto o jurista José
Rogério Tucci, por exemplo, defendeu a abertura.
Ellen afirmou que pode
ser ruim a divulgação das opiniões dos membros da comissão quando ainda não há
nada decidido e as avaliações podem mudar conforme as discussões. Ela ressaltou
que o grupo "ainda está em um primeiro momento, numa fase dialética, na
qual o pensamento do grupo está se formando e os integrantes precisam de
liberdade para a troca de ideias". "Já na segunda fase,
de deliberações, interessará a abertura das sessões", acrescentou.
Também defendeu o
fechamento o jurista Carlos Alberto Carmona. Ele declarou que é necessária
"uma tranquilidade maior, em vez de exibição, publicidade, cortes de
eventuais pedaços do que vamos dizer, com o fim de integrar programas
televisivos ou notícias de internet que, sempre, inevitavelmente, serão
distorcidos".
A próxima reunião da
comissão está prevista para 28/6.