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Centro Acadêmico "XI de Agosto" realiza hoje a tradicional "Peruada"

Da Redação

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Atualizado às 08:03


Centro Acadêmico "XI de Agôsto" realiza hoje a tradicional "Peruada"


"O riso corrige os costumes" ou, para os poucos que se aventuram no estudo do latim, "ridendo castigat mores". Esse é o espírito da "Peruada", a festa mais tradicional dos estudantes de direito da USP. A comemoração hoje corta o centro paulistano com ato político, álcool, fantasia e trio elétrico.


O Centro Acadêmico "XI de Agôsto", entidade representativa dos alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco - USP foi fundado em 1903, sendo desde então a mais respeitada e importante associação estudantil brasileira, constituindo o apanágio de grandes lutas e vitórias relacionadas à construção das instituições políticas e sociais da nação.

No esteio de lutas, mas sem perder o riso, o "XI de Agôsto" realiza anualmente a "Peruada", uma manifestação política e festiva no centro de São Paulo que transcorre ao longo da terceira sexta-feira de outubro (neste ano, a data cai no dia 21/10, hoje) e consiste em três etapas: concentração, passeata no centro com trio elétrico e, por fim, retorno ao local de concentração inicial.

A origem desta festividade remonta ao início do século passado, quando a libertação dos calouros (dia 13/5) ocorria de maneira festiva no centro da cidade. Os novatos eram obrigados a desfilar nas ruas com os paletós ao contrário na cabeça (lembrando perus). Este evento renovou-se em 1948, quando um grupo de jovens acadêmicos "furtou" do Parque da Água Branca um lote de perus premiados pertencentes a um professor da Casa, organizando em seguida um desfile com os ditos perus, contando com a participação dos estudantes do Largo, artistas circenses e populares, pelas ruas centrais de São Paulo.

De lá pra cá, este ritual vem sendo reiterado, guardando suas conotações folclóricas e satíricas, e, principalmente, seu caráter político de contestação. Neste ano, em que a sociedade tem vastos motivos para protestar, a pauta escolhida pelos acadêmicos é a grave crise política, tendo sido eleito o seguinte tema: "De cueca e mala preta, meu peru não é picareta". Vale dizer que esta frase, muito além de estampar a faixa que puxará o desfile ao longo do percurso, norteará a "Peruada".

Segundo o presidente do Centro Acadêmico, Fernando José Ramos Borges Filho, a "Peruada" continuará sendo um acontecimento voltado não só aos acadêmicos, mas a todo o público do centro da cidade, que, muito além de observar a manifestação político-circense, com ela interage, o que a transforma em um evento da sociedade paulistana, e não uma mera comemoração restrita aos acadêmicos. Acreditamos que a irreverência e a manifestação de maneira jocosa sempre foi uma forma inteligente de chamar a atenção para os problemas que afligem a sociedade e de formar opiniões.

  • Clique aqui e veja o panfleto que será distribuído durante a passeata.

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Programação

A "Peruada" deste ano começa na manhã de hoje e adotará o seguinte cronograma:

10h30 - concentração, para a qual os alunos vêm fantasiados, uma vez que não há aula

13h - desfile, acompanhado de trio-elétrico, carro-bar, carro alegórico (nada menos que um peru temático de cinco metros de altura, vestindo uma cueca cheia de dólares e com uma mala preta), escola de samba, artistas circenses, percorrendo um tradicional trajeto pelo Centro de São Paulo (Largo do Paissandu, Cons. Crispiniano, São João, Ipiranga, São Luís, Maria Paula, Viaduto D. Paulina e Riachuelo) que, com a colaboração dos órgãos municipais e da Polícia Militar, tem todas as suas ruas interditadas.
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Hino da Peruada

Destes anos de manifestações surgiu o hino, de autoria do migalheiro Eduardo Calvert, entoado pelos estudantes pelas ruas da capital paulistana. Veja abaixo:


A Peruada

Vai vai vai começar a brincadeira,
tem cerveja de graça a tarde inteira,
vem soltar a lascívia acumulada,
vai vai vai começar a PERUADA.
Bebe bebe, vagabundo,
é melhor não estar desperto,
prá se a velha chegar junto,
enfrentar de peito aberto,
pois no meio da folia,
meio dia céu aberto,
uma neta que protesta,
vitupera sua nona,
que veio só dar carona
e resolveu ficar na festa.

(estribilho)

Quem se esquiva do dentista,

ou vê sangue e dá um salto,

tem chilique em lugar alto,

teme sapo de brinquedo,

em outubro vai ter medo,

no dia da PERUADA,

pois o centro e infestado,

de canhão de bruxa e draga,

tem até mulher barbada,

neste circo disfarçado.

(estribilho)

Os vapores de cachaça,

fazem mudar todo mundo,

o careta é maconheiro,

o nerd é vagabundo,

o juiz é sem juízo,

o alegre é moribundo,

mas não vale este brocardo,

prá quem joga do outro lado,

o Vitão lançou o grito

e não deixou de ser viado.

(estribilho)

De terno, gravata e meia,

franciscano quer a morte,

ouve a turba, titubeia,

o instinto é mais forte,

bem na hora do batente

o estagiário some,

seu chefe fica valente,

mas por dentro se consome,

noutro tempo inconseqüente,

fora em ébrio de renome.

(estribilho)

Foi beijada a velha nona,

foi beijada a bailarina,

é beijada toda hora

a safada da Marina,

todo mundo se devora,

Pierrô e Colombina,

quem zerou até agora,

mesmo assim não desanima,

porque a festa só termina,

quando o dia for embora.

Vai vai vai terminar a brincadeira,

que a cerveja rolou a tarde inteira,

morre o sol faz-se sombra nas arcadas,

vai vai vai terminar a Peruada

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