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Literatura

Novela em Migalhas adaptou para os leitores o clássico Amor de Perdição

Conheça a história dramática do autor lusitano Camilo Castelo Branco.

Da Redação

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Atualizado em 19 de dezembro de 2012 11:19

A fim de preservar o desfecho e reservar surpresa para os leitores, Migalhas tomou a liberdade de trocar os nomes dos personagens e situá-los em terras tupiniquins. Tiradas essas licenças, a novela que acabamos de acompanhar é adaptação do romance Amor de Perdição, de autoria do escritor português Camilo Castelo Branco, publicada pela primeira vez no ano de 1862.

Tendo nascido em Lisboa no ano de 1825, é no norte de Portugal, contudo, que o escritor lança-se às letras pelas portas do jornalismo, por ocasião do levante popular conhecido como "Revolta da Maria da Fonte", deflagrado na primavera de 1846.

No ano seguinte estreia na ficção com a peça teatral de fundo histórico Agostinho de Ceuta, e já em 1848 inicia a publicação de sucessivos romances sob a forma de folhetins, em que os recorrentes tópicos da época - amores contrariados, sedução e abandono, morte prematura, o macabro e o tétrico - seriam tecidos sob uma ótica pessoal, um talento natural para a observação arguta, para a crítica.

A publicação de Amor de Perdição trouxe popularidade imediata ao autor, e até hoje o texto é republicado, lido, estudado e adaptado em Portugal. Alcançaram grande sucesso de público e crítica a minissérie televisiva Todo amor é amor de perdição, de 1991, do dramaturgo Luiz Francisco Rebello e o filme O dia do desespero, dirigido em 1992 pelo célebre e longevo Manoel de Oliveira.

Vida de Camilo Castelo Branco

Camilo teve uma vida dramática. Nasceu em 16 de março de 1825, filho de Manuel Correia Botelho Castelo Branco, "de linha varonil não nobre, mas a partir de certa época afidalgada" e Jacinta Rosa, mulher do povo, a quem o marido abandonou depois de certa época. Conviveu muito pouco com a mãe, que morreu antes que ele completasse dois anos. Pouco se sabe de sua vida em Lisboa, onde viveu até completar dez anos, idade em que foi mandado a viver em Vila Real, na casa de uma tia. Os críticos e estudiosos de sua obra costumam apontar como significativo esse retorno à "terra ancestral", local de origem de seus antepassados paternos, encontro que teria servido de inspiração e estímulo para sua criação.

A formação escolar de Camilo foi irregular, confiada a um padre amigo da família. Casou-se cedo, aos dezesseis anos, com moça ainda mais jovem; abandonou a esposa com uma filha logo em seguida, uniu-se a outra jovem que morre tísica em pouco tempo. Em 1843 matricula-se na Faculdade de Medicina no Porto, mas não prossegue nos estudos; em 1845 tenta ainda a carreira jurídica em Coimbra, mas ali também os estudos não são suficientes para mantê-lo por muito tempo. Com a deflagração das revoltas populares nas províncias do norte, alista-se e volta para a região de onde não mais sairia.

Em 1858 começa a relacionar-se com uma mulher casada, Ana Plácido, cujo marido processa-os por adultério. Em virtude desse processo os amantes são recolhidos à Cadeia da Relação, no Porto, onde passam mais de um ano aguardando julgamento.

O julgamento acontece na mesma cidade do Porto, aos 16 de outubro de 1861. São enfim absolvidos e vivem juntos até a morte de Ana, em 1885, mas os registros não são de uma vida feliz.

Cinco anos depois da morte da esposa, amargurado pelas dificuldades da vida - em razão das quais teve de vender em leilão sua riquíssima biblioteca, em 1833 - e pela convivência com uma cegueira progressiva, Camilo, tal qual um de seus trágicos personagens, opta pelo extremo ato de desespero, suicidando-se com um tiro na cabeça no dia 1° de junho de 1890.

Camilo nunca saiu de Portugal, e fora algumas poucas idas a Lisboa e Coimbra, passou toda sua vida produtiva nas províncias do Norte do país.

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