MPF/SP recomenda à TV Globo que esclareça mães sobre período de amamentação
Quadro exibido no "Programa Mais Você" orientou o desmame a partir do momento em que a criança começa a andar.
Da Redação
sábado, 8 de dezembro de 2012
Atualizado às 08:37
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo recomendou à TV Globo que faça um esclarecimento em rede nacional para informar que o Ministério da Saúde, a Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam o aleitamento materno até "dois anos ou mais".
A veiculação servirá para corrigir um erro de informação transmitido no último dia 3 de dezembro pelo "Programa Mais Você", da apresentadora Ana Maria Braga. Num dos quadros do programa, chamado "Game Hipoglós Amêndoas", o educador Marcelo Bueno orientou as mães a promover o desmame de seus filhos a partir do momento em que começarem a andar.
A recomendação, endereçada ao diretor-geral da Rede Globo, Carlos Henrique Schroder, estabelece prazo de três dias para que a informação correta seja veiculada no programa "Mais Você" com o mesmo tempo de duração (9 minutos e 41 segundos) que durou o quadro.
O esclarecimento deve ser feito, de preferência, "com entrevista de profissional especializado em aleitamento materno ou com a retratação do educador Marcelo Bueno, que manifestou a informação prejudicial à saúde das crianças".
O documento determina, também, que as mães participantes do reality show sejam informadas sobre o equívoco e que tal esclarecimento seja veiculado no programa de Ana Maria Braga.
Segundo a recomendação, assinada pelo procurador regional dos direitos do cidadão Jefferson Aparecido Dias e pelas procuradoras da República Ana Previtalli e Luciana Costa Pinto, a publicação oficial do Ministério da Saúde "Dez passos para uma alimentação saudável - guia alimentar para crianças menores de dois anos" preconiza a amamentação "até dois anos ou mais". A mesma recomendação é feita pela OMS e pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
"O programa fez recomendações contrariando todas essas diretrizes, em detrimento da saúde e bem estar das crianças participantes do programa e de todos os telespectadores que receberam a informação", afirma o documento expedido nesta sexta-feira, 7 de dezembro.
Os procuradores lembraram que compete aos meios de comunicação, serviço público concedido pelo Estado, "esclarecer a população a respeito de assuntos de interesse público", além de "não contribuir para a formação de uma cultura prejudicial e errônea".
O documento reconhece a preocupação demonstrada pela TV Globo em promover "a difusão de conhecimento, a transmissão de mensagens socioeducativas e o incentivo ao debate e à mudança de comportamentos", conforme informações extraídas de sua página na internet.