Joaquim Barbosa quer estudo para avaliar justificativa de existência da Justiça Militar
Ministro vai estudar a possibilidade de instituir um grupo de trabalho para o estudo.
Da Redação
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Atualizado às 16:45
O ministro Joaquim Barbosa, presidente do CNJ e do STF, disse nesta terça-feira, 27, que vai estudar a possibilidade de instituir um grupo de trabalho para avaliar se há justificativa para a existência da Justiça Militar. Se os estudos mostrarem que as atribuições dos tribunais militares podem ser absorvidas pelos TJs, o CNJ poderá sugerir a extinção desse ramo da Justiça.
Joaquim Barbosa fez essa declaração durante a 159ª Sessão Ordinária do colegiado, na apreciação do processo administrativo disciplinar nº 0002789-79.2012.2.00.0000, contra dois juízes do TJM/MG. O conselheiro José Roberto Neves Amorim, relator do processo, opinou pela improcedência da acusação de negligência dos magistrados, que teriam dado margem à prescrição de 270 processos.
"A culpa não é deles", afirmou Neves Amorim, que visitou o Tribunal Militar de Minas Gerais e constatou a falta de estrutura para que os magistrados possam trabalhar. "A estrutura é extremamente precária. É impossível fazer mais de uma audiência por dia", disse o conselheiro. Ele ressaltou que a prescrição é grave, mas a responsabilidade é do tribunal que não dá condições para o trabalho dos magistrados.
Além de considerar a acusação improcedente, o conselheiro Neves Amorim apresentou algumas sugestões, entre elas a proposta de sugerir ao Congresso Nacional a revisão da legislação sobre os crimes militares. O conselheiro Bruno Dantas acrescentou a proposta de extinguir a Justiça Militar, que julga pequeno número de processos.
Para o ministro Joaquim Barbosa, os processos da Justiça Militar poderiam ser repassados para a Justiça comum. "Não há qualquer necessidade de sua existência", afirmou o ministro, alertando que o Judiciário precisa de uma visão de conjunto.
O conselheiro Carlos Alberto Reis de Paula, ministro do TST, acrescentou que a "questão mais grave é a existência da Justiça Militar". Ele defendeu uma profunda reavaliação desse ramo da Justiça, que tem "um custo alto para a sociedade". Para Neves Amorim, o CNJ deve avaliar se o número de processos justifica a manutenção da Justiça Militar.