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Miguel Reale Júnior comenta crise entre a Faculdade de Direito e reitoria da USP

O jurista Miguel Reale Júnior, como decano da Faculdade de Direito da USP, divulgou carta acerca da crise entre a Faculdade de Direito e a Reitoria da USP.

Da Redação

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Atualizado às 09:28

USP

Miguel Reale Júnior comenta crise entre a Faculdade de Direito e reitoria da USP

O jurista Miguel Reale Júnior, como decano da Faculdade de Direito da USP, divulgou carta acerca da crise entre a Faculdade de Direito e a Reitoria da USP.

O documento foi lido na solenidade comemorativa aos 80 anos da Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP, pelo presidente de Honra, Flavio Bierrenbach, na última sexta-feira, 14/10.

Leia abaixo a íntegra da carta.

_____

MENSAGEM À ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS DA FACULDADE DE DIREITO DA USP

Presidente
JOSÉ CARLOS MADIA DE SOUZA
e
Presidente de Honra
FLÁVIO FLORES DA CUNHA BIERRENBACH

80 ANOS: A CORAGEM DA PRUDÊNCIA E DO DIÁLOGO

Como decano de nossa Faculdade não poderia deixar de estar presente à solenidade comemorativa dos 80 anos da Associação dos Antigos Alunos. Faço-o por meio desta mensagem. Primeiramente, cumprimento, na pessoa do decano que me antecedeu, Tércio Sampaio Ferraz Júnior, a todos os homenageados que realizaram com sucesso um destino acadêmico na nossa Escola.

Esta é uma festa de todos que freqüentamos as salas e o pátio da São Francisco, alimentados continuamente pelas tradições que rememoram os compromissos assumidos ao longo da História com a excelência acadêmica, a democracia, a justiça e a solidariedade social.

Estes valores apenas podem ser vividos no presente se houver disposição a ouvir o argumento do outro, a estar aberto às razões do interlocutor, a superar a fase de declarações de inimizade que inviabilizam o diálogo e instauram, com enganosa coragem, o monólogo improdutivo.

Firmeza e ousadia para a discussão devem presidir, tendo à frente o nosso Diretor, à resolução de discordâncias geradas pela ausência de conversação. Faço, então, em homenagem às nossas tradições e em vista do futuro, um apelo à razão, para que nossa inserção na Universidade venha a ser preservada e acrescida. Para tanto, o espírito de bem comum deve prevalecer nas relações entre a Reitoria e a São Francisco, estando ambas imbuídas da vontade de superação dos desencontros.

Só ao revelarmos respeito ao diálogo e à tolerância podemos reclamá-los do nosso interlocutor. E assim, iremos recolher o reconhecimento da comunidade científica, por mostrar que a coragem reside muitas vezes na prudência para abrir caminhos e não na temeridade de obstruí-los.

Para estes desafios haverá com certeza a contribuição relevante da Associação dos Antigos Alunos da nossa faculdade, não apenas guardiã do passado, mas cuidadora do futuro.

Saudações acadêmicas,

MIGUEL REALE JÚNIOR

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