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Sobre o milho MON 863: Esclarecimentos da Empresa Monsanto do Brasil Ltda.

Sobre o milho MON 863, confira o esclarecimento

Da Redação

sexta-feira, 1 de julho de 2005

Atualizado às 10:01

 

Esclarecimento

 

Leia abaixo esclarecimento da Monsanto do Brasil Ltda., assinado pelo diretor jurídico da empresa, Alcides Antoninho Maroli, sobre o milho MON 863.

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Esclarecimentos da Empresa Monsanto do Brasil Ltda.

 

Omitindo a informação segundo a qual o milho MON 863 havia recebido três pareceres favoráveis da Autoridade de Segurança Alimentar da União Européia - EFSA (clique aqui), o jornal britânico "The Independent" publicou matéria sobre estudos realizados com uma variedade de milho geneticamente modificado produzida pela empresa Monsanto. Segundo esta notícia, reproduzida por vários periódicos no Brasil, referida variedade de milho transgênico causaria alterações anormais em ratos utilizados nos testes, tais como diminuição dos rins e variações na composição do sangue dos animais.

 

No esteio de tais publicações, um leitor do conceituado periódico eletrônico Migalhas, ao noticiar o fato, parece insinuar publicamente, com dizeres tais como "Deu para entender? O milho transgênico provoca redução normal nos rins e alterações normais na composição sanguínea. Então tudo bem ..." (clique aqui), não serem críveis os esclarecimentos prestados pelo Gerente de Biotecnologia e Sementes da empresa, o que ensejou o presente pedido de resposta da empresa.

 

Inicialmente, o comentário em questão, tal como foi publicado, parece fornecer mais desinformação do que esclarecimentos, eis que não levou ao leitor, com a seriedade que se espera, todo o contexto sobre o qual se desenrolou o experimento objeto do estudo publicado. Mas, antes de abordarmos o experimento propriamente dito, convém que sejam feitos alguns esclarecimentos sobre o vegetal objeto dos estudos.

 

Com efeito, o milho MON 863 foi desenvolvido pela empresa Monsanto nos Estados Unidos e aprovado para consumo nos EUA, Japão, Austrália/Nova Zelândia, Canadá, México, Coréia, Filipinas, Taiwan, e Rússia. Esse tipo de milho geneticamente modificado é comercializado sob a marca YieldGard corn root worm, que possui um gene oriundo da bactéria de solo Bacillus thuringiensis (Bt), ou seja, é uma espécie de biopesticida comumente utilizado em agricultura orgânica.

 

Tais inseticidas biológicos, ou biopesticidas, até o final dos anos 90 eram catalogados em cerca de 175 ingredientes ativos e mais de 700 produtos, sendo divididos em três classes principais, a saber: pesticidas microbiais, pesticidas vegetais e pesticidas bioquímicos.

 

É dentro do contexto dos biopesticidas "Bts" que se insere a produção do milho MON 863. Sabe-se que uma das pragas mais danosas para as culturas de milho, no mundo inteiro, consiste no ataque desse tipo de plantação por uma espécie de lagarta do solo, que se alimenta da raiz do milho. A conseqüência desse ataque predador é a redução da capacidade da planta de milho de se hidratar e de absorver nutrientes do solo. Portanto, o milho MON863 é protegido contra o ataque dessas pragas, da mesma forma que se pulverizasse o Bt sobre essas lagartas; porém, como essa praga ataca as raízes da planta, a utilização do Bt seria ineficiente.

 

Para testar essa tecnologia, a empresa Monsanto realizou um número infindável de testes, alguns envolvendo inclusive consumo do milho MON 863 por animais. Dentre esses estudos destaca-se aquele objeto da notícia do "The Independent", realizado por um laboratório de toxicologia independente e internacionalmente conhecido, com base na norma OECD 408 (que institui regras de prática laboratorial seguidas), com 400 camundongos que se alimentaram com ração contendo diferentes níveis do milho MON 863 por um período de 90 dias. Esses camundongos foram divididos em 10 grupos de 20 animais, entre machos e fêmeas, alimentados tanto com ração contendo o milho MON 863 quanto com ração de milho convencional, estes últimos chamados de grupo de controle.

 

Ao final do período, com mais de 900 comparações estatísticas realizadas, verificou-se que, dentre os parâmetros toxicológicos avaliados, tais como sobrevivência, sintomatologia clínica, peso corporal, diferença de peso corporal ao longo do experimento, dieta consumida, patologia clínica, peso de órgãos, além de patologia macro e microscópica, a incidência e a gravidade das lesões observadas no experimento, e noticiadas de forma sensacionalista, foram similares àquelas constadas nos grupos de controle. O que, infelizmente, foi omitido pela notícia geradora da desinformação, o que ocasionou a publicação de informações truncadas e incompletas, inclusive aqui no Brasil. Em outras palavras, o que se deve deixar claro é que, do ponto de vista estritamente científico, os resultados demonstraram que a dieta a base do milho MON 863 aplicada aos roedores por ocasião do experimento é tão segura quanto aquela dieta contendo milho convencional, dieta esta a qual foram submetidos os camundongos do grupo de controle. O que o já mencionado leitor de Migalhas demonstra desconhecer é que os resultados demonstram que as poucas alterações nos rins e ligeira alteração da composição sanguínea ocorreram tanto nos grupos que ingeriram milho MON 863 quanto naqueles controlados com dieta a base de milho convencional. E mais, que essas alterações não responderam ao efeito de dose; ou seja, as doses mais altas obtiveram menores alterações; efeito este, contrário a qualquer efeito toxicológico.

 

Ao contrário do que foi noticiado, a empresa, em nenhum momento, manteve em segrego o resultado de tais estudos. Apenas tornou-os público dentro da comunidade científica, pois os membros desta é que seriam os únicos capazes de avaliar a extensão e as conseqüências dos experimentos. E porque não facilitar, desde o início, o acesso da imprensa em geral a tais estudos? Para evitar-se conclusões infundadas, fruto de um total desconhecimento técnico a respeito do assunto. Mesmo porque a arena de uma discussão científica séria, com a profundidade requerida pelo tema, sempre foi, e deverá continuar a sê-lo, as academias de ciências e os órgãos regulatórios competentes, e nunca as páginas dos tablóides cotidianos. E tudo isso sem falar no caráter confidencial que deve reger toda informação e/ou dado técnico, oriundo de estudos, investigações, experimentos ou testes, passíveis de uso comercial, e cuja tutela está prevista nas legislações de diversos países, inclusive o Brasil (Lei nº 10.603, de 17 de dezembro de 2002).

 

E, considerando o estudo em questão, a empresa Monsanto fez registrar o milho MON 863 em agências de regulamentação de vários países, dentre os quais o Japão, a Coréia, Austrália, Nova Zelândia, Filipinas, Taiwan, China, Rússia e México. Quanto a União Européia, o milho MON 863 já recebeu três pareceres favoráveis da parte da Autoridade de Segurança Alimentar, EFSA (clique aqui), pareceres estes atestando a equivalência do milho MON 863 em relação ao milho convencional no quesito de segurança alimentar. E isso, repita-se, mesmo levando-se em conta o estudo sub-crônico feito com camundongos por 90 dias.

 

Por fim, como é de conhecimento público, a associação Greenpeace teve acesso ao documento (obteve liminar na Alemanha), mas não o divulgou. Assim, demonstrando que nada tem a esconder, a Monsanto está disponibilizando o referido estudo desde 24 de junho, no próprio site da empresa, a saber (clique aqui). Estas são as considerações que a empresa Monsanto do Brasil Ltda. pretendeu fazer, em face do comentário desinformado feito por determinado leitor deste já conceituado periódico virtual.

 

Monsanto do Brasil Ltda.

 

 

 

 

 

 

Alcides Antoninho Maroli

Diretor jurídico

 

 

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