TJ/AL - Ex-preso profere palestra durante ação do programa Começar de Novo
O educador carioca Ronaldo Antônio Monteiro, egresso do sistema prisional, proferiu palestra no último dia 22/10, no auditório da Escola Superior da Magistratura (Esmal) com o tema "Ressocialização de Egressos do Sistema Prisional". O auditório ficou lotado de magistrados, estudantes de Direito e servidores do Judiciário, todos curiosos para ouvir os relatos do ex-detento que, com a ajuda da Justiça, conseguiu deixar o mundo do crime e se reintegrar à sociedade.
Da Redação
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Atualizado às 11:37
Ressocialização
TJ/AL - Ex-preso profere palestra durante ação do programa Começar de Novo
O educador carioca Ronaldo Antônio Monteiro, egresso do sistema prisional, proferiu palestra no último dia 22/10, no auditório da Escola Superior da Magistratura (Esmal) com o tema "Ressocialização de Egressos do Sistema Prisional". O auditório ficou lotado de magistrados, estudantes de Direito e servidores do Judiciário, todos curiosos para ouvir os relatos do ex-detento que, com a ajuda da Justiça, conseguiu deixar o mundo do crime e se reintegrar à sociedade.
Ronaldo Monteiro veio a Maceió numa promoção do programa Começar de Novo, do CNJ, que tem a coordenação estadual do desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo. Precedendo a palestra de Monteiro, o desembargador Tutmés Airan foi empossado patrono do programa em Alagoas, dadas às suas ações e incansáveis lutas em prol da recuperação dos reeducandos. Uma comissão também foi nomeada para aplicar as políticas de ressocialização dos presos.
Também crente na capacidade regenerativa dos que se enveredam pelas trilhas da criminalidade, Monteiro citou na palestra o pensamento de Martin Luther King, que dizia que o grau de desenvolvimento de uma sociedade é medido a partir da forma como ela cuida das suas minorias.
Um novo homem
Ex-sequestrador, ex-traficante e ex-assaltante, Ronaldo Monteiro, hoje com 51 anos de idade e pai de cinco filhos, foi detido aos 32 anos por crime de extorsão mediante sequestro de um importante empresário do Rio de Janeiro. Após ser julgado e condenado por arquitetar o crime, Monteiro passou 13 anos preso em regime fechado. Na cadeia, recebeu uma visita inusitada : sua própria vítima, que foi oferecer ajuda para tirá-lo da criminalidade.
Na prisão, Monteiro aproveitou todas as oportunidades que a Justiça proporcionou à sua recuperação, cursou informática e foi capacitado como professor. Para beneficiar os demais colegas presos, criou uma oficina de reciclagem de papel que terminou por também favorecer as famílias dos detentos. Ainda ajudou na construção do projeto "Uma Chance", estabelecendo oficinas permanentes nos presídios com o objetivo de auxiliar na recuperação social dos presidiários.
Passados 13 anos, Ronaldo Monteiro saiu do cárcere e foi contratado pelo empresário sequestrado por ele há quase 20 anos, tornando-se a primeira pessoa a assinar a Carteira Profissional de Monteiro, reconhecendo seus direitos trabalhistas.
Um empreendedor
Hoje, comemorando seis anos de liberdade, o educador atribui todo o seu sucesso ao próprio sistema prisional, pois, segundo ele, o segredo foi descobrir lá dentro da prisão a oportunidade de mudar, de buscar uma vida melhor. "Ao contrário do que muitos pensam, o sistema prisional não só corrompe o homem. Lá na prisão, tive oportunidades. Para quem sabe aproveitar, é um celeiro para melhoria de vida", afirma.
Em 2002, Monteiro fundou o Centro de Integração Social e Cultural (Cisc) no bairro carioca de São Gonçalo. Lá, o educador leciona informática e prepara jovens da periferia para entrar na faculdade através de um curso pré-vestibular. Ajudado por outros egressos da prisão, fundou a Incubadora de Empreendimentos para Egressos (IEE), uma organização não-governamental que promove a reintegração social de ex-detentos por meio de capacitação profissional em diversos setores do comércio e da indústria. No IEE, os egressos são ainda capacitados no setor de serviços e como administradores de seus próprios negócios.
Com suas ações, Monteiro já ajudou mais de 5 mil pessoas egressas da prisão e também menores infratores no processo de ressocialização. "A nossa sociedade pode contribuir para a restauração de quem não sabe que ainda há uma esperança", finalizou.
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Fonte : TJ/AL
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