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Debate : violência e consumo

O Projeto Criança e Consumo entrevista seis especialistas para levantar debate sobre o tema "violência".

Da Redação

segunda-feira, 8 de março de 2010

Atualizado em 5 de março de 2010 09:38


Instituto Alana

Eduardo Bittar aborda tema da violência para o Projeto Criança e Consumo

Violência. Este é o tema da entrevista concedida por Eduardo Bittar para a newsletter do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana (clique aqui). Criado em 1994, o órgão tem por objetivo promover a valorização do ser humano, com atividades que contribuam para o bom desenvolvimento de crianças e adolescentes.

No debate da vez, o professor de Direito da USP discute como uma sociedade estritamente voltada ao mercado gera violência.

  • Confira a seguir os destaques da entrevista.

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Eduardo Bittar - Presidente da Associação Nacional de Direitos Humanos, professor associado da Faculdade de Direito da USP, membro titular da Cátedra Unesco para a Democracia, Paz, Tolerância e Direitos Humanos do IEA-USP e pesquisador sênior do Núcleo de Estudos de Violência da USP (NEV).

Conceituando a nossa sociedade de "pós-moderna", Bittar aponta a hiper-valorização do indivíduo e do consumismo como algumas de suas principais características. Assim, a sociedade se divide entre os que têm e os que não têm bens de consumo. E quanto mais se aprofunda a desigualdade entre os grupos, maior é a violência. Não se trata apenas de violência física, mas simbólica especialmente, explica Bittar. É o caso, por exemplo das telenovelas : "imagine a situação de uma pessoa que mora em habitação precária assistindo à novela da Globo. Certamente, ela vai desejar o que as pessoas estão usando. E todo o cenário de novela é um showroom de grandes empresas, desde o vaso até o que se consome - o carro, a casa, tudo é estratégia de marketing. Uma novela por si mesma já é uma grande violência."

Bittar aponta ainda um aspecto bastante interessante no que diz respeito à desigualdade: "o que é grave para a legalidade, para o espírito do direito, é que, nessa realidade, a aplicação da lei também será diferenciada". Algumas pessoas pensam estar acima da lei por serem mais abastadas. Por outro lado, os que estão na base da pirâmide social não se sentem assistidos pela lei : "muitas vezes, quando a lei existe na vida social das periferias, ela é apenas o braço armado do Estado, apenas a força de repressão. A lei não visita essas pessoas porque elas não existem como consumidoras, são desconsideradas pela sociedade, e, por consequência, até mesmo pelo aparato burocrático do próprio Estado".

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