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Um Brasil sem ética, e covarde!

Quando comecei a escrever este artigo, assustei-me com o título escolhido para o mesmo. Achei-o um pouco forte demais. Porém, no atual cenário em que estamos vivendo, não se pode dizer outra coisa.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Atualizado em 22 de maio de 2009 08:57


Um Brasil sem ética, e covarde!

Dalmar Pimenta*

Quando comecei a escrever este artigo, assustei-me com o título escolhido para o mesmo. Achei-o um pouco forte demais. Porém, no atual cenário em que estamos vivendo, não se pode dizer outra coisa.

No momento em que vemos os representantes do povo e dos estados, fazendo farra com o nosso dinheiro na compra de passagens e custeio de viagens nababescas, devidamente acompanhados de suas parceiras; no momento em que estamos vendo estados totalmente destruídos pelas chuvas por falta de estrutura e saneamento básico, enquanto seus governantes se esbaldam em ilhas particulares; no momento em que vemos a fome grassar sobre os menos favorecidos; no momento em que eu, operador do direito assisto a dois Juízes da nossa Suprema Corte, último baluarte de nossa democracia se digladiando em público e a cores; no momento em que assistimos pela televisão invasores de terras particulares com proteção financeira do Governo Federal nos proporcionarem a "volta do velho oeste americano"; no momento em que vejo um Governo eleito pelo povo brasileiro com a proposta de mudar e hoje vemos este mesmo governo de quatro perante nossos próprios congressistas e até de governantes de países vizinhos; no momento em que vejo nosso Congresso Nacional prestes a votar uma Emenda Constitucional que irá proporcionar o maior calote mundial a seus governados, chego à conclusão de que o título desse artigo está até ameno, pois retrata tão somente a realidade em que estamos vivendo.

De fato, nossos poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário) estão a nos demonstrar o que é ferir de morte um principio básico que nos foi ensinado desde pequenos, qual seja, a moral e a ética.

E o povo brasileiro, onde estão os nossos símbolos de seriedade? Onde estão os caras-pintadas? Onde estão as nossas instituições de classe que sempre se levantaram contra deslizes e imposições sem sentido? Simplesmente nos acovardamos. Preferimos fingir que nada está acontecendo e que tudo está como dantes no quartel de Abrantes. Que saudades de nosso valente Sobral Pinto!

Estamos nos acomodando e esquecendo-nos de um direito básico do cidadão: a legalidade dos atos políticos. Todos sabem o quanto é tênue uma democracia onde o povo, independentemente de classe social, religião, cor, estado civil e idade, age como se nada estivesse acontecendo frente a tantos abusos, desmandos, corrupção, violência e, principalmente falta de amor ao próximo e, porque não dizer, falta de amor ao Brasil.

Tive um amigo que sempre dizia "democracia tem limites" e hoje vejo que ele tinha razão, pois, a nossa democracia está chegando a seu limite. Até falar em terceiro mandato está se tornando coisa normal. Porque não copiarmos o Chavez, o Evo, o Rafael Correa, pois, afinal de contas lá tudo está caminhando como eles querem. Porque não implantar o mesmo desplante aqui no Brasil no momento em que o povo está tão feliz, descrente, covarde e passivo diante de tudo?

Este é o momento de tentarmos moralizar o nosso Brasil e por isso, não podemos nos dar ao luxo de nos acovardarmos, de nos entregarmos a esta farra de Sodoma e Gomorra. As eleições estão chegando, temos de levantar a cabeça, temos que curar esse câncer que vem a cada dia corroendo o nosso discernimento e a nossa capacidade de julgar entre o certo e o errado. A nossa arma é mortal contra todos estes desmandos e falta de compostura.

A nossa arma é o voto. Enquanto permanecermos como estamos, cegos, omissos, irresponsáveis e covardes, aqueles que sabem desta nossa condição continuarão nos fazendo de trouxas até. E, no final, nos aparece um deputado tabagista a dizer, afirmar e reafirmar publicamente que "está pouco se lixando para a opinião pública".

E ele tem toda razão, pois, na hora de escolhermos os nossos governantes e parlamentares, nós brasileiros mais uma vez demonstramos nossa covardia, demonstramos que somos todos amnésicos. O Brasil não tem memória! No Brasil de hoje, sequer temos ética!

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*Sócio do escritório Dalmar Pimenta Advogados.

Conselheiro editorial da Editora Del Rey







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