Samba do crioulo doido
A situação brasileira atual é a coisa mais difícil de explicar para quem quer que seja. Eu não pretendo explicá-la neste artigo, mas tão somente, fazer alguns comentários para reflexão e eventual discussão.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Atualizado em 2 de abril de 2009 15:56
Samba do crioulo doido
P. Xisto*
A situação brasileira atual é a coisa mais difícil de explicar para quem quer que seja. Eu não pretendo explicá-la neste artigo, mas tão somente, fazer alguns comentários para reflexão e eventual discussão.
Há alguns anos atrás alguém decidiu construir o maior aeroporto da América Latina, no estado de São Paulo, e escolheram um lugar que não ficasse nem longe nem perto da capital do estado. Naquela época já havia o Aeroporto de Viracopos, que ficava, e fica, a uns 80 km da capital. Mas esse aeroporto ficava fechado pelo mal tempo só um ou dois dias por ano. Então, escolheram um outro lugar, chamado pelos índios, de Cumbica, que significa "local de neblina".
Mais ou menos na mesma época, decidiram que o país precisava da energia atômica para gerar eletricidade. Só os grandes rios não eram suficientes, era preciso diversificar. Assim escolheram uma praia entre o Rio de Janeiro e São Paulo (a mais bonita da região, por sinal) para instalar a tal usina de Angra I. Ninguém atentou para o nome da praia: Itaorna, que pela linguagem indígena significa "pedra mole". É possível imaginar uma usina atômica sobre pedra mole?
Convém ser lembrado, também, que este é o país da mulher bonita. Nos orgulhamos de dizer isso a todos. O que não gostamos de dizer é que um dia um homem foi o símbolo sexual do país: Roberta Close! Ou será que ninguém se lembra?
Agora, mais recentemente, aquilo que os mais velhos costumavam chamar de "caixa 2" passou a ter outra denominação, "dinheiro não contabilizado". "Caixa 2" era crime, "dinheiro não contabilizado" parece que não é. Essa é a conclusão que podemos tirar do 'mensalão'. Se uma grande construtora tem "caixa 2", o que eu duvido, é só explicar que é "dinheiro não contabilizado" e fica tudo por isso mesmo.
O que é de pasmar é que um Presidente da República que se orgulha de ser analfabeto, que mal sabe falar a língua do seu país, tenha promulgado a lei de reforma ortográfica. Mais um paradoxo deste país. Mas não é só esse! Segundo um repórter estrangeiro, esse mesmo indivíduo gosta de uma 'branquinha' e promulgou a lei seca! Não é interessante?
Eu acredito em coincidências! Ou será que não foi coincidência a explosão da corrupção no Senado Federal e, na mesma a época, prenderem o pessoal de uma grande construtora e a dona daquela boutique de luxo? Tenho para mim que foi pura coincidência! Coitadinha da velhinha de Taubaté! Ninguém mais fala nos 180 diretores do Senado. E aquele que criou os cargos, não mais se lembra de coisa alguma. Já ouvi essa desculpa uma outra vez.
Aliás, alguém já disse que teria sido melhor a dona dessa boutique de luxo ter matado a sangue frio três fiscais da receita, porque nesse caso a pena máxima seria de 90 anos (30 para cada fiscal, desde que não fosse considerado crime continuado). No caso, a juíza decretou a prisão dessa senhora por 94 anos.
Antigamente imposto devido e não pago era registrado em dívida ativa da União e depois cobrado via ação de execução. Agora, a Polícia Federal também tem a incumbência de cobrar impostos, mas com juros e multas. Deve ser falta de oficial de justiça para fazer as intimações!
Vivemos a era do medo! Com tanta liberdade, somos presos pelo medo! Medo de fazer alguma coisa e sermos presos por 150 policiais armados "até o dente", helicópteros, carros blindados e outras "coisinhas" mais. É que antes, o repórter policial ficava acantonado nas delegacias para saber em primeira mão de algum crime cometido. Agora, a polícia chama a Rede Globo quando tem uma ação espetacular!
É um paradoxo! É o samba do crioulo doido! Será que serei preso por racismo por falar em crioulo doido? Ou será que tudo é culpa dos loirinhos de olhos azuis?
_____________
*Advogado em São Paulo
_____________