O consumidor verde
Os anos 80 marcaram novo estilo de vida para o consumidor brasileiro. Há substancial valorização do marketing, certo descuido na apreciação do produto adquirido, mas inicia-se maior conscientização sobre o meio ambiente; são os novos tempos com a massificação do consumo e com o respeito à natureza.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Atualizado em 23 de outubro de 2008 11:25
O consumidor verde
Antonio Pessoa Cardoso*
Desponta a era digital, que substitui os meios físicos por processos eletrônicos; os avanços tecnológicos sofisticam as máquinas e aparecem o notebook, o laptop, o celular, o smartfone, etc.
A tecnologia que chega, facilita a vida do empresário e, de certa forma, contribui para desigualar a competição, pois o consumidor torna-se indefeso diante das estratégias de marketing utilizadas pelo fornecedor. A persuasão das mensagens manipula a vontade do hipossuficiente. As empresas, que já eram mais organizadas, conquistam maiores vantagens na era digital, com a obtenção e transmissão rápida de informações, fazendo-as chegar a pontos inusitados, onde estão os potenciais clientes para seus produtos e serviços.
A globalização, no mercado internacional, no final do século XX, acirra o desnivelamento entre fornecedor e consumidor, prestando, entretanto, para despertar a consciência política do brasileiro. A conscientização não se restringe à busca de preços baixos para este ou aquele produto, mas passa pela repercussão que o bem causa ao meio ambiente.
A Constituição (clique aqui) assegura educação ambiental "em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente", inc. VI, art. 225.
Sabe-se que a produção é conseqüência do consumo, daí porque os dois juntos, produção e consumo, formam a origem de toda a degradação do meio ambiente.
O consumidor verde "é o individuo que busca para consumo apenas produtos que causam menor ou nenhum prejuízo ao meio ambiente"; a aquisição ou a utilização de um bem vincula diretamente com ajuda à natureza; o consumidor verde não adquire produto que provoca risco à saúde, que contém excesso de embalagens; faz separação do lixo, não desperdiça a água nem o papel, passa a exigir das empresas não somente a criação e venda de produtos, mas profícua integração com o meio social, ultrapassando o simples relacionamento comercial.
O consumidor verde é tido por algumas empresas como risco de negócio, a exemplo dos custos corporativos, de mudanças na legislação, etc.
Por outro lado, produtos verdes são aqueles ambientalmente corretos e que reduzem a agressão ao meio ambiente e à saúde humana. Evidente que qualquer produto reduz os recursos naturais além de causar emissões para o ar, para a água e para o solo. Todavia, uns causam maiores danos que outros. Setores como petróleo, energia, automobilismo têm fortes riscos ambientais a serem gerenciados.
O automóvel tem contribuído sobremaneira para a degradação do ambiente e, na Franca, desde o ano de 1997, comemora-se o dia mundial sem carro, 22 de setembro; neste dia todo o mundo passou a evita o uso do carro.
No Brasil, o carro particular é responsável por 60% das vias públicas e transporta apenas 20% de pessoas, enquanto os ônibus, com 25% transportam 70% dos passageiros. Sabe-se que os carros são responsáveis por 80% da poluição sonora das grandes cidades, além da poluição atmosférica, dos acidentes que provoca, etc.
Exatamente por causa desses malefícios, fala-se que, a continuar prejudicando o ambiente, o automóvel terá destino semelhante ao do cigarro.
Junto com o consumidor e o produto verde, aportou também o marketing verde ou ecológico, focado na afirmação de que materiais degradáveis e biodegradáveis são bons para o meio ambiente. Os doutrinadores preocupam-se com tal publicidade, porque apontam diferenças entre degradável e biodegradável; enquanto os materiais degradáveis são gerados de fontes não renováveis, a exemplo do petróleo, os biodegradáveis são feitos de matérias-primas renováveis, a exemplo de madeira, milho, leguminosas; neste caso, há aumento de bactérias em busca de oxigênio que pode interferir no ecossistema.
Assim, torna-se necessária a implementação de práticas de gestão sustentável, a exemplo da identificação de produtos e serviços que não agridem o meio ambiente; isto já acontece em países como Alemanha, Canadá, Japão e outros, onde os consumidores verdes preferem adquirir produtos que não causam poluição, detergentes biodegradáveis, enlatados com embalagens recicláveis. As grandes empresas tornam-se responsáveis pela colocação no mercado de produtos que não prejudicam o meio ambiente.
A partir do século XX, a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável tornaram-se objetivos buscados pelas empresas; traçam-se estratégias de produção e marketing, na construção de uma boa imagem, facilidade para obtenção de recursos, além da conquista de maior número de consumidores.