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Mateus, Marcos e Lucas Nogueira Garcez

Recentemente, deixou o nosso convívio o querido padre Matheus Nogueira Garcez, homem de Deus, exemplo de Homem e cultor exímio da língua latina. No exercício do sacerdócio deixou a marca eterna de semear na terra a Boa Nova, como um Mateus redivivo e apóstolo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Atualizado às 08:13


Mateus, Marcos e Lucas Nogueira Garcez

Ovídio Rocha Barros Sandoval*

Recentemente, deixou o nosso convívio o querido padre Matheus Nogueira Garcez, homem de Deus, exemplo de Homem e cultor exímio da língua latina. No exercício do sacerdócio deixou a marca eterna de semear na terra a Boa Nova, como um Mateus redivivo e apóstolo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Antes dele, para igual empobrecimento da Humanidade, partiram os três outros irmãos: Lucas, Marcos e Isaac e que formavam, ao lado de suas queridas irmãs, uma fantástica família.

Seus pais quiseram que, nos nomes de seus quatro filhos, estivesse presente a Boa Nova do Redentor da Humanidade: no nome Isaac o símbolo da Velha Aliança e em Lucas, Marcos e Mateus a presença testemunhada do Salvador.

O professor Lucas Nogueira Garcez, com apenas 38 anos de idade, foi eleito Governador do Estado de São Paulo. Deixou o cargo com 42 anos e não mais se candidatou a qualquer cargo político. Preferiu voltar à sua cátedra de professor universitário e se dedicar ao desenvolvimento do sistema hidroelétrico de São Paulo, que havia planificado em seu Governo, com a sua execução por intermédio das usinas da CESP no Paraná, Paranapanema e Tietê. Marcou sua vida como o exemplo do verdadeiro político preocupado com o bem comum. O jornalista Reali Júnior, em seu recente livro "Às Margens do Sena", relata um fato que bem demonstra a sua beleza de alma. O professor Lucas foi amigo de infância e depois colega de Faculdade de Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo, como era conhecido pelos órgãos de inteligência do Governo Federal. Seguiram caminhos diferentes, enquanto Garcez teve uma carreira política dentro da normalidade constitucional, Toledo tornou-se militante do Partido Comunista e depois de 1964 passou a integrar a luta armada contra a Ditadura Militar. Foi preso, torturado e morto na prisão. Ninguém sabia onde Toledo estava sepultado, mas Dr. Lucas, depois de longa pesquisa, descobriu o seu túmulo no Cemitério da Consolação. Desde esse momento e até o fim de sua vida no ano de 1982, havia flores de um desconhecido no Cemitério da Consolação junto ao túmulo de Joaquim Câmara Ferreira. Exemplo de um homem de coragem tranqüila e que ousou na prática de gestos e atitudes de um grande Homem.

Ao desembargador Marcos Nogueira Garcez coube a tarefa de mensageiro da Justiça a todos os homens.

Tive a honra de ser seu Amigo e seu assessor na presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Suas qualidades de Homem e de Juiz se projetam na história da Magistratura brasileira, havendo escrito uma das mais belas páginas da gente paulista. Na humildade de sua vida, o exemplo maior de que a humildade é virtude dos fortes. Na delicadeza de sua alma, a força inquebrantável da fraternidade. Em sua primorosa educação, o encontro amável com o próximo. Na beleza de sua fé cristã, o testemunho da presença de Deus entre nós. Na sua fantástica inteligência e formação cultural, a certeza de aplicá-las em benefício de seus semelhantes. Na encantadora vida familiar, ao lado de dona Antonieta, a presença de uma vida dedicada à ternura.

Homem com tantas qualidades, só poderia ter sido um Juiz magnífico. Suas sentenças, seus votos e seus acórdãos, repletos em nossos repositórios de Jurisprudência, são peças marcantes do bom Direito e da incessante busca de se fazer Justiça.

O desembargador Marcos Nogueira Garcez, em sua vida de Juiz, desde os tempos de seu ingresso na Magistratura, bem como no coroamento de toda a sua carreira, tendo exercido todos os mais elevados cargos de nosso Poder Judiciário: Corregedor-Geral de Justiça, Vice-Presidente e Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, sempre teve presentes as seguintes palavras de Rui Barbosa: "uns plantam a semente da couve para o prato do amanhã, outros a semente do carvalho para o abrigo do futuro. Aqueles cavam para si mesmos. Estes lavram para a felicidade dos seus descendentes, para o benefício do gênero humano". Dr. Marcos, em toda a sua vida, foi um semeador de carvalhos, tendo tido a oportunidade de dizer, no dia em que assumiu o elevado cargo de Desembargador de nosso Tribunal de Justiça: "Eu sonho com um mundo melhor, no qual, respeitadas as leis de Deus e os princípios da fraternidade humana, haja para todos, razoável e equânime participação nos bens da vida e nos benefícios da civilização".

Se a humanidade, bem como todos os Juízes dignos deste nome, vierem a se espelhar no exemplo do saudoso e querido Desembargador Marcos Nogueira Garcez, o sonho se fará realidade.

Em um momento de dor pela perda do saudoso padre Mateus Nogueira Garcez, é possível sentir-se como a sua perda e de seus irmãos, tão queridos, empobreceram, tanto, a Humanidade. Foram verdadeiros apóstolos de Cristo.

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*Advogado do escritório Advocacia Rocha Barros Sandoval & Ronaldo Marzagão














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