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Precatórios em São Paulo: Uma espera que não acaba nunca

São Paulo ainda paga precatórios de 2009. E o credor? Espera, sofre - ou vende.

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Atualizado às 14:19

Quem acompanha o cenário dos precatórios em São Paulo já entendeu: o tempo não é um aliado do credor. O Estado e o município acumulam dívidas bilionárias, com filas de pagamento que se estendem por mais de uma década em alguns casos. Enquanto isso, cidadãos - muitos deles idosos, aposentados, ou empresas com fluxo de caixa comprometido - seguem esperando o que é deles por direito.

Um retrato da dívida pública

O Estado de São Paulo deve hoje mais de R$ 33 bilhões em precatórios. São mais de 273 mil credores, segundo dados recentes. O número impressiona, mas não tanto quanto a realidade: o Estado ainda paga precatórios de mais de dez anos atrás. Não há uma previsão concreta para quitação total da dívida, e a fila só aumenta, refletindo uma clara inviabilidade orçamentária e política de priorização.

No caso da prefeitura de São Paulo, a situação beira o caricato. Estão sendo pagos, agora em 2025, precatórios que deveriam ter sido quitados em 2009. Quando o processo foi iniciado, os filhos do credor ainda estavam no colégio. Hoje, esses filhos já têm filhos - e o pagamento segue pendente.

Por que esse atraso existe?

A resposta é um combinado de fatores estruturais e convenientes:

  1. Orçamento público insuficiente e mal gerido: Precatórios competem com outras despesas, e geralmente perdem.
  2. Falta de responsabilidade política: Pagar o que se deve não é exatamente popular nas urnas.
  3. Alta judicialização contra o Estado: A máquina pública perde - muito - e vai empurrando a conta pra frente.
  4. Mecanismos de postergação legais: Apesar do prazo constitucional, há sempre um novo argumento, PEC, ou manobra para adiar.

Tudo isso cria um ambiente onde o credor vira refém de um sistema que não tem pressa nenhuma.

Existe alternativa? Sim, existe.

A única alternativa prática - que não depende de orçamentos, política, ou boa vontade do poder público - é a venda do precatório no mercado.

Esse tipo de operação permite que o credor negocie seu precatório com empresas privadas, recebendo à vista um valor menor (o famoso deságio), mas evitando o pesadelo da fila estatal. É uma decisão estratégica, muitas vezes necessária - especialmente para quem precisa do recurso agora.

É fundamental, claro, contar com assessoria especializada, tanto para avaliar a viabilidade quanto para garantir que a negociação seja segura e vantajosa.

Conclusão

Enquanto o Estado e o município de São Paulo mantêm milhares de cidadãos numa fila desumana, o mercado tenta preencher o vazio deixado pela omissão pública. A venda de precatórios não é a solução ideal - é a solução possível. Porque quem tem um precatório, infelizmente, ainda precisa decidir entre esperar para talvez receber... ou vender para finalmente respirar.

Natalia de Andrade Dias Pereira

VIP Natalia de Andrade Dias Pereira

Natália é presidente do Grupo D.Andrade, referência em precatórios e indenizações do INSS. Com 17 anos de experiência, atua com foco em soluções jurídicas rápidas, seguras e justas.

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