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Como a IA está tornando a advocacia mais estratégica

A IA pode automatizar até 25% das funções em um escritório de advocacia, permitindo que advogados foquem em tarefas estratégicas e analíticas.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Atualizado às 11:42

A inteligência artificial continua a se desenvolver e se expandir pelo mundo, inclusive no cotidiano das pessoas. Sua capacidade de processar informações é semelhante à dos humanos, mas muito mais rápida, com menos possibilidades de erros ou falhas. Enquanto ao ler um documento, podemos facilmente deixar passar um detalhe, essa tecnologia dificilmente deixará.

Esse potencial de pensar, executar e responder é extremamente útil na advocacia. Um levantamento da Thomson Reuters revela que mais de 60% dos advogados acreditam que a IA será essencial para a prática do Direito nos próximos cinco anos. O que isso nos mostra? Que, além de sua utilidade, ela também se tornará indispensável.

Isso porque o setor jurídico sempre lida com um grande volume de demandas, mas, com a inovação, é possível automatizar diversas etapas, consequentemente agilizando o trabalho. Essa vantagem beneficia tanto o defensor quanto o cliente.

Quais os benefícios da IA na advocacia?

Já parou para imaginar que um simples comando em um computador é capaz de realizar em minutos o trabalho que você levaria horas para concluir? Parece difícil de acreditar, mas graças à tecnologia, isso já é uma realidade. E como essa inovação se traduz em vantagens para o Direito?

Economia de tempo

O principal e mais evidente ganho no uso da inteligência artificial no Direito é a economia de tempo. Os sistemas conseguem analisar informações com muito mais precisão e em uma fração do tempo que um ser humano levaria.

Estudos da McKinsey indicam que a IA pode automatizar até 25% das funções de um escritório de advocacia, possibilitando que essas horas sejam usadas de outra forma pelo jurista.

Agora, imagine uma pessoa passando horas revisando um único documento. O cansaço vai se acumulando e, no final, algumas falhas podem passar despercebidas. Mas ao delegar essa tarefa a um software de IA, ele corrige todos os erros de modo eficiente, garantindo uma entrega mais minuciosa.

Além de otimizar a agenda, essa automação também gera diminuição de despesas, já que reduz o esforço operacional, permitindo que advogados e equipes foquem em funções mais estratégicas e relevantes.

Mais qualidade

Diferente de um humano, um software não se cansa, não se distrai e não perde o foco. Isso significa que o trabalho produzido é praticamente livre de erros. Estudos do World Economic Forum apontam que a IA jurídica pode reduzir em até 50% o tempo gasto na análise de documentos, tornando o processo mais ágil e funcional.

Isso porque, ferramentas especializadas aprimoram a organização de arquivos e proporcionam que essa estrutura permaneça consistente ao longo de todas as etapas, mantendo referências cruzadas sempre atualizadas. Além disso, esses sistemas asseguram que a linguagem seja aplicada de forma uniforme, independentemente do número de advogados envolvidos na redação.

Com a capacidade de comparar registros e aprender com padrões anteriores, sistemas avançados - como os voltados para a avaliação de contratos - identificam cláusulas ausentes, termos inconsistentes ou indefinidos, tanto em um único documento quanto em um conjunto de contratos similares. Como resultado, a qualidade do serviço legal é significativamente elevada.

Avaliação de risco

Os sistemas inteligentes também podem ser utilizados para revisar informações em tempo real, proporcionando que juristas detectem potenciais vulnerabilidades com antecedência. Dessa forma, possibilita um aconselhamento mais adequado aos clientes, ajudando a evitar problemas legais antes mesmo que eles aconteçam.

Quando uma ação judicial é iniciada - ou até mesmo apenas cogitada - essas tecnologias possibilitam que os escritórios localizem rapidamente dados relevantes e reconheçam quais conteúdos precisam ser preservados.

Com esse suporte, os advogados conseguem avaliar cenários com maior precisão, reduzindo custos, mitigando riscos e protegendo tanto a reputação de seus clientes quanto a do próprio escritório.

Argumentações mais estruturadas

Com a capacidade de comparar e estruturar automaticamente arquivos, advogados conseguem identificar possíveis lacunas tanto em contratos quanto em pareceres legais.

Por exemplo, softwares especializados, treinados por meio de múltiplas revisões, podem detectar termos ou definições ausentes em textos padronizados. Da mesma forma, ferramentas de análise documental são capazes de revelar conexões lógicas não totalmente desenvolvidas em um memorando jurídico, viabilizando que juristas revisitem e fortaleçam pontos fracos antes de finalizar um argumento.

Além disso, esses sistemas mantêm a organização interna dos arquivos, oferecendo aos profissionais a flexibilidade de navegar entre diferentes seções e visões estruturadas de forma rápida e intuitiva. O resultado? Uma argumentação mais coesa, bem estruturada e sem inconsistências.

Mais criatividade

Com a automação na revisão de documentos, pesquisa e controle de qualidade, a inteligência artificial libera o tempo e a energia mental dos profissionais para atividades que exigem mais envolvimento humano. Em vez de gastar horas em tarefas repetitivas, eles podem se dedicar a um trabalho mais analítico e estratégico, agregando valor de maneiras que a tecnologia ainda não consegue replicar.

Além disso, a maior precisão e confiabilidade nos resultados permitem que advogados explorem novas abordagens e assumam riscos calculados com mais segurança. Com o suporte de softwares, é possível testar variadas interpretações de fatos ou análises legais para encontrar a abordagem mais ideal para cada caso.

A comparação entre jurisprudências de vários estados ou entre tribunais estaduais e Federais, que antes exigia dias de avaliação meticulosa, agora é realizada em questão de minutos.

Com essa agilidade, os especialistas ganham mais espaço para a criatividade, testar diferentes cenários, simular possíveis desfechos e, assim, alcançar maior previsibilidade e assertividade nos resultados.

Quais os principais desafios no uso da inteligência artificial?

A inteligência artificial vem revolucionando o Direito, mas até que ponto é possível confiar nela? Se, por um lado, a automação jurídica proporciona eficiência e economia de tempo, por outro, surgem questionamentos sobre ética, justiça e possíveis erros.

Certamente, um computador não pode ser acusado por uma falha, e nesse caso, quem deveria assumir a culpa? Diversos agentes estão envolvidos no uso da tecnologia - desde os desenvolvedores até os profissionais que a utilizam no dia a dia. Essa lacuna ainda é uma incógnita no Direito, pois as diretrizes sobre a atribuição de responsabilidades estão em fase de construção.

Além disso, a IA aprende com registros históricos, que podem conter desde boas soluções até equívocos, preconceitos e decisões equivocadas. O que isso significa na prática? Existe o perigo de que esses vieses sejam perpetuados, resultando em conclusões distorcidas e injustiças graves.

A privacidade das informações também deve ser levada em consideração, pois qualquer pessoa deve estar ciente de como seus dados serão usados em um sistema. Falhas nesse aspecto podem violar legislações como a LGPD, gerando riscos jurídicos e éticos para advogados e empresas que implementam essas inovações.

Nesse sentido, é necessário que a computação cognitiva seja aplicada com equilíbrio, permitindo que seus benefícios sejam aproveitados de forma consciente e responsável. O ser humano deve sempre ser o decisor final, analisando como a tecnologia chegou a determinada conclusão e quais dados foram utilizados no processo. Empatia, interpretação e julgamento ético são competências humanas - e insubstituíveis.

Como garantir mais qualidade e segurança no uso da IA?

A atuação legal deve sempre estar respaldado pela segurança e confiabilidade, e isso inclui a adoção de tecnologias na área. Para certificar um uso seguro da inteligência artificial, é necessário contar com sistemas confiáveis, cujo treinamento seja baseado em fontes verificadas e complementado pela revisão de um especialista.

Toda essa otimização se traduz diretamente em benefícios para o setor, criando uma cadeia interligada de vantagens, como mais horas disponíveis, redução de erros e custos, planejamento mais assertivo, maior qualidade nas entregas e melhoria na satisfação do cliente.

No entanto, os softwares não têm como objetivo substituir o advogado, mas auxiliá-lo. Isso porque eles atuam como ferramentas de suporte, mas questões judiciais exigem interpretação, visão analítica e sensibilidade - habilidades que só um profissional pode oferecer. 

Advogados e inteligência artificial

Se os algoritmos de inteligência artificial já são altamente avançados e seguem evoluindo exponencialmente, imagine o impacto que terão daqui a 10, 20 ou até 50 anos. 

Independentemente de você ser um advogado com vasta experiência e inúmeros casos bem-sucedidos ou um recém-formado buscando incorporar as tecnologias mais inovadoras desde o início da carreira, o momento de explorar o potencial da IA é agora. 

Desde que utilizada de forma ética e responsável, as oportunidades que essa revolução oferece são imensas. Quem souber aproveitá-las estará sempre preparado para o futuro e pronto para o próximo avanço.

Eduardo Koetz

VIP Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, sócio-fundador da Koetz Advocacia e CEO do software jurídico ADVBOX . Especialista em tecnologia e gestão, ele também se destaca como palestrante em eventos jurídicos.

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