A advocacia humanizada e o cuidado nas relações afetivas
O Direito de Família exige uma advocacia humanizada, onde o cuidado, o amor e a responsabilidade mútua são essenciais para lidar com conflitos familiares e promover a reconciliação.
segunda-feira, 24 de março de 2025
Atualizado em 21 de março de 2025 17:41
Nesses 25 anos de jornada profissional, onde as relações afetivas sempre fizeram parte de minha rotina de trabalho, ser diferente (e atuar de forma não convencional), foi fundamental para mostrar que tudo vale a pena, mesmo quando as coisas não correm como planejado, inicialmente.
Como disse Fernando Pessoa no seu poema Mar Português, "Tudo vale a pena se a alma não é pequena".
Nesse tempo convivendo com lágrimas, histórias e mais histórias de famílias com enlaces, rompimentos, reconciliações e desamor, fui obrigada a buscar mecanismos de blindagem e de autopreservação, caso contrário já teria sucumbido e desistido em permanecer na área do Direito de Família.
Dessa forma, o aprendizado "na marra" precisou fazer parte, necessariamente, da minha jornada profissional.
Nessa trajetória aprendi que:
Família = Amor
No entanto, família também pode significar desamor, tristeza, conflitos, mágoa, ressentimentos e profunda dor.
Tenho certeza de que muito dos rompimentos e separações, estão ligadas ao não cuidado.
Sendo assim, quando um novo caso bate às portas do escritório, necessariamente, essa pessoa é submetida a uma série de questionamentos.
Apesar dessa forma de atuação não ser a prática comum, mas com o intento de buscar exercer a Justiça Justa e mais humanizada, ser diferente e buscar exercer a advocacia mais amorosa, foi a forma vista pelo escritório como a ideal e mais benéfica para atuar onde as relações afetivas são a palavra de ordem.
A justiça humanizada faz a diferença do início ao fim.
O sentir, o olhar, o aconchego, a preocupação e o agir de forma diferenciada mudam a perspectiva de muitos casos e conflitos.
Dessa forma, sempre que possível, (às vezes isso não é viável) fazemos com os clientes uma anamnese.
Isso faz toda diferença!
Infelizmente, existem situações tão críticas, que essa fase inexiste, sendo impossível atuar assim.
Existem casos, em que o bombardeio já é intenso desde o início e não nos permite essa acolhida inicial.
Em casos assim, minimizar os sofrimentos e os impactos intensos dos conflitos na vida de todos os partícipes do ente familiar já é o grande remédio para o momento.
As relações, sejam elas quais forem, precisam de cuidado.
Quando digo que se faz necessário o cuidado, estou me referindo a algo (atitude) absolutamente recíproco!
Não se pode imputar culpa a um ou ao outro no fim de uma relação.
Ambos, numa relação, devem ser responsabilizados por atos e omissões.
Gestos e atitudes são atos que devem ser emanados pelas duas partes.
Sendo assim, digo-lhes:
Amar não é apenas sentir.
É compromisso.
É assumir responsabilidade.
Como você vem agindo no seu casamento?
O amor não se mede por palavras, mas pela entrega.
Qual a sua entrega?
Isso é tão verdadeiro.
Pense nisso.
Essa entrega deve ser de ambos!!
O verdadeiro amor não espera. Ele oferece.
O verdadeiro amor é uma decisão consciente de criar laços, comprometer-se e oferecer-se ao outro.
O amor se manifesta no sacrifício. Exatamente isso.
Você tem consciência disso?
O amor transformador não é aquele que recebe, mas aquele que se oferece sem nada em troca.
Amar é se doar, com muita conexão e entrega.
A individualidade, o egoísmo, o egocentrismo e a falta de aprender a se colocar no lugar do outro fez com que as relações se tornassem efêmeras, de pouca sustentação e sedimentação.
A ausência de conversas e conexão contribuiu de forma intensa para que os casais e as relações se perdessem e se tornassem descartáveis.
Dessa forma, não se esqueçam de parar, refletir e analisar.
E você, o que anda fazendo na sua relação?
Existe entrega?
Existe doação?
Existe conexão?
Existe sacrifício?
Como está a sua conexão? Há quanto tempo não sentam para tomar um drink juntos?
Há quanto tempo não dão risadas juntos?
Que tal parar de se vitimizar e agir?
Para isso, entenda que só você e a outra pessoa poderão encontrar as respostas que estão faltando.
As peças do quebra cabeça, na maioria das vezes, só foram desencaixadas.
Com boa vontade e querer de ambos, o jogo da vida será retomado.
Comece hoje..
Ana Carolina Akel
Advogada - Akel Advocacia e Consultoria