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Estabilidade e segurança na construção civil: Como o setor securitário pode prosperar enquanto alavanca um setor que ainda restabelece seu crescimento após a pandemia

A construção civil enfrenta desafios em 2025, com crescimento de 2,3%, mas segue sendo promissora para seguradoras, especialmente no seguro garantia.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Atualizado em 19 de março de 2025 14:53

Após um ano de avanços, o setor de construção civil enfrenta uma perspectiva desafiadora para 2025. Analistas da CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção preveem um crescimento de 2,3%, um número que representa quase a metade do vigoroso aumento de 4,1% observado em 2024. De que forma, porém, isso impacta o mercado securitário?

A resposta mais direta está nas contratações de seguros típicos do segmento, como o seguro garantia e os seguros de riscos de engenharia, realizadas pelas empreiteiras e construtoras. Essa lógica repercute ao longo da cadeia, influenciando também os seguros relacionados ao financiamento imobiliário.

Por outro lado, devemos observar que, apesar das estatísticas da construção civil indicarem uma desaceleração, o setor ainda está em uma trajetória ascendente - já superando o nível em que estava imediatamente antes da pandemia. Em outras palavras, a construção civil permanece como um terreno fértil para oportunidades de negócios para as seguradoras. Trata-se de um setor essencial em um país que continua a expandir demograficamente, como mostraram os dados do último censo realizado pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, publicados em 2024. Houve um aumento de 4,68% no número de habitantes em comparação com o censo de 2022. É válido notar que mais de 30% da população brasileira reside em grandes cidades, com mais de 500 mil habitantes, o que sublinha a demanda contínua por infraestrutura e habitação.

As oportunidades se tornam ainda mais promissoras ao considerarmos a quantidade expressiva de obras inacabadas. Somente no âmbito público, são mais de 21 mil projetos paralisados. Nesse contexto, o seguro garantia serve como um instrumento de extrema utilidade pública e social, assegurando a conclusão dessas obras e, ao mesmo tempo, representando uma fonte significativa de receita para as seguradoras. Conforme dados divulgados pela FenSeg - Federação Nacional de Seguros Gerais, o mercado securitário detém hoje 26% da dívida pública nacional, envolvendo valores que superam a marca de R$ 2 trilhões.

Embora seja um setor com um alto potencial de lucratividade, os riscos associados à construção civil não apresentam a mesma volatilidade que outras modalidades de seguro. Prova disso é que, em 2023, o seguro garantia somou apenas 1,4% da parcela total de indenizações pagas pelas seguradoras. Em contrapartida, dados da Susep apontam que o seguro garantia cresceu 20% no volume de prêmios de 2023 para o ano passado, atingindo a marca de R$ 2,4 bilhões.

Apesar de um otimismo mais contido em relação ao crescimento da construção civil comparado ao ano passado, o setor segue como um nicho interessante para as seguradoras - estas, por sua vez, mantêm-se como pilares para a viabilidade econômica e ampliação das atividades do segmento construtivo. Mais do que compartilhar valores como estabilidade, segurança e construção de futuro, a sinergia entre os setores propicia crescimento mútuo e a consolidação de suas respectivas posições no mercado.

Sérgio Luiz Bernardelli Junior

Sérgio Luiz Bernardelli Junior

Advogado do escritório Ernesto Borges Advogados com ênfase em Direito Securitário. Formado em Administração de Empresas pela UFMS, Mestrando em Direito pelo IDP Brasília e Pós-graduado em Direito Constitucional.

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