Na imprensa, o 'óbvio ululante' é o que mais rende boas matérias
O "óbvio ululante" é a chave para conquistar visibilidade na mídia. Advogados devem simplificar termos e abordar o óbvio para engajar leitores e construir autoridade.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Atualizado em 17 de fevereiro de 2025 15:03
Imortalizado pelo finado jornalista e cronista Nelson Rodrigues, o "óbvio ululante" é, na maioria das vezes, despercebido por parte dos advogados e profissionais em geral, quando decidem construir sua autoridade na imprensa.
Isso acontece porque há uma crença natural de que as boas pautas em grandes veículos de imprensa surgem, necessariamente, de teses inovadoras e dissertações técnicas da lei.
Porém, muitos profissionais do Direito ainda não perceberam que emplacar no Tier 1 (veículos da grande mídia nacional) requer um tom didático e uma certa dose de obviedade.
O caso mais emblemático e recente do óbvio ululante é a demissão do jornalista Rodrigo Bocardi, após 25 anos na TV Globo. Sua demissão foi anunciada pela emissora carioca como descumprimento de código de ética, e outros detalhes da decisão, não foram comentados por envolver compliance.
O que aconteceu depois disso? A imprensa brasileira (exceto a Globo, evidentemente) pautou o óbvio escancarado: "Entenda que é compliance, termo citado na decisão de Bocardi".
Um prato cheio para advogados especializados no tema, não é mesmo?
Há diversos exemplos que renderam e aumentaram a visibilidade e autoridade de nossos assessorados. Um deles ganhou as manchetes dos principais veículos, especialmente on-line, pautando a Recuperação Extrajudicial da Casas Bahia. A Recuperação Judicial já era um termo familiar, especialmente após o caso de esquema de fraude da Americanas em 2023. Dessa forma, criamos a headline: "O que é recuperação extrajudicial? Entenda o caso da Casas Bahia".
Esse é um exercício constante que tanto advogados quanto os próprios assessores devem fazer em conjunto para produzir sugestões de conteúdo, num jornalismo cada vez mais imediato e sedento por informações que esclareçam o leitor. Leitor esse, que parte das vezes, acessa as notícias de seu smartphone a caminho do trabalho e de outros afazeres.
Vivemos, sim, numa era do jornalismo de busca (quando o "o que", "como", entenda" e "saiba" funcionam). Mas é óbvio - com o perdão da licença poética - que também recomendamos uma análise aprofundada em momentos mais que oportunos.
Natasha Guerrize
Jornalista e assessora de imprensa da M2 Comunicação Jurídica.