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Entenda a lógica do split payment

Descubra como o split payment promete revolucionar a arrecadação no Brasil, garantindo mais transparência e eficiência, mas exigindo tecnologia e adaptação das empresas.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Atualizado às 14:21

A reforma tributária no Brasil trouxe diversas mudanças, e um dos conceitos centrais que ganhou destaque é o split payment. Essa nova lógica visa melhorar a arrecadação e garantir que os tributos sejam pagos de forma mais transparente e eficiente.

Neste artigo, vamos explorar o que é o split payment, como ele funciona e suas implicações para empresas e contribuintes.

O que é split payment?

O split payment é um modelo de pagamento de tributos que separa o valor devido entre a receita líquida da operação e os impostos incidentes sobre essa receita. No lugar de realizar um único pagamento que englobe o valor total, o contribuinte paga a parte correspondente aos tributos diretamente ao fisco. Essa prática tem como objetivo aumentar a transparência e reduzir a sonegação fiscal.

Com o split payment, a responsabilidade pela retenção e pagamento dos tributos é compartilhada entre a empresa prestadora do serviço ou comercial e a Administração Tributária. Isso cria um ambiente mais seguro para o fisco, pois a arrecadação se torna mais eficiente e menos suscetível a fraudes. Essa abordagem já é utilizada em vários países, e sua implementação no Brasil representa um grande desafio em termos de gerenciamento de créditos e recolhimento de tributos.

Como funciona o split payment?

Para entender melhor como o split payment opera, é fundamental analisar os passos envolvidos nesse processo. Quando uma empresa presta um serviço ou vende um produto, o valor total da transação é dividido. A parte correspondente ao tributo é, então, retida e paga diretamente ao governo, enquanto a empresa fica com o restante.

Por exemplo, considere uma empresa que presta serviços de consultoria no valor de R$ 1.000,00. Se a alíquota de IBS/CSB for de 28,5%, a empresa precisaria pagar R$ 285,00 ao fisco. Com o split payment, esse valor seria automaticamente retido e enviado ao governo, enquanto a empresa receberia os R$ 750,00 restantes. Este valor recolhido de R$ 285,00 vira crédito automaticamente para o tomador.

Desafios da implementação do split payment

Apesar das vantagens, a implementação do split payment no Brasil enfrenta alguns desafios. Um dos principais obstáculos é a resistência das empresas em adotar esse novo modelo. Muitas organizações ainda estão adaptando suas práticas contábeis e fiscais, o que pode levar tempo e exigir investimentos em tecnologia.

Além disso, a educação sobre como o split payment funcionará na prática é crucial. As empresas precisam entender claramente suas obrigações e como isso afetará suas operações diárias. Portanto, campanhas educativas e treinamentos são fundamentais para garantir que todos os envolvidos compreendam o novo sistema.

O papel da tecnologia no split payment

A tecnologia desempenha um papel vital na implementação bem-sucedida do split payment. Softwares de gestão empresarial que integram as funcionalidades de faturamento e contabilidade podem facilitar o acompanhamento e conferência com o sistema do fisco.

De toda forma, com o split payment, as empresas enfrentarão desafios no fluxo de caixa e na gestão dos tributos. A retenção automática dos impostos no momento da transação reduz a flexibilidade financeira, pois impede o adiamento do pagamento de tributos e impede que o valor circule pela conta do fornecedor, afetando diretamente seu capital de giro.

Além disso, o crédito tributário dependerá da comprovação de que o tributo foi efetivamente recolhido, exigindo sistemas contábeis e financeiros integrados com intermediários, como bancos, para garantir que o repasse ao governo foi feito corretamente. Esse novo modelo pode exigir custos de adaptação e altera a dinâmica comercial, impactando o planejamento tributário e a margem de lucro das empresas.

Considerações finais

O split payment é uma mudança significativa na forma como os tributos são pagos no Brasil. Embora enfrente desafios, suas vantagens em termos de transparência, eficiência e combate à sonegação o tornam uma proposta relevante na reforma tributária. Empresas e contribuintes devem estar preparados para essa nova realidade, investindo em tecnologia e educação fiscal. O sucesso dessa implementação dependerá da colaboração entre o governo e o setor privado, que devem trabalhar juntos para garantir que o split payment beneficie a todos.

Ao entender a lógica do split payment, os contribuintes poderão se adaptar mais facilmente a essas mudanças e aproveitar os benefícios desse novo modelo tributário.

Marcílio de Souza Vieira

VIP Marcílio de Souza Vieira

Advogado com mais de 12 anos de experiência, pós graduado em direito tributário pela Milton Campos, especialista em gestão fiscal pela PUC/BH e mestrando em Contabilidade pela FUCAPE Business School.

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