O bolo e a defesa criminal: Teoria e prática fazem toda a diferença
A advocacia criminal exige equilíbrio entre teoria e prática, como na confeitaria: Atenção, experiência e adaptação garantem o sucesso.
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Atualizado em 26 de novembro de 2024 14:12
Quantas vezes já aconteceu de uma pessoa pegar a receita de um bolo perfeito, seguir todos os passos e mesmo assim a receita "desandar" e o bolo não sair como o esperado, nem com a perfeição que se desejava? Com a receita, o bolo pode parecer simples, mas exige precisão das medidas e atenção aos detalhes. Precisa da habilidade, dedicação e experiência do confeiteiro, o que lhe garante o sucesso do seu produto.
Meu objetivo não é comparar as duas profissões, mas, numa analogia com a advocacia criminal, podemos destacar como a teoria (receita), que é essencial, é importante, mas a prática (experiência, dedicação, amor pelo que se faz, cuidado artesanal nos detalhes) de se fazer o bolo pelo confeiteiro, ou a defesa penal pelo advogado, faz toda a diferença entre o sucesso e o fracasso do produto final.
O Direito Penal, repleto de normas, regulamentos e processos bem delineados, assim como numa receita de bolo, com suas medidas, ingredientes e utensílios a serem utilizados, exige a capacidade de interpretar esses elementos com precisão, às vezes diante de situações complexas. A perfeita prática transforma a receita num bolo que irá satisfazer o objetivo para que foi feito e a defesa em uma defesa eficaz.
Um confeiteiro experiente saberá adaptar uma receita às circunstâncias, pelos ingredientes que tem em mãos, se fará um bolo de chocolate ou de laranja, qual a temperatura do forno, qual o tamanho da forma. Da mesma maneira, um criminalista precisa ser capaz de ajustar sua estratégia a cada caso concreto. Cada processo tem suas peculiaridades e a sua experiência, o conhecimento do tribunal e a análise estratégica para criar a melhor defesa. Essa escolha, fundamentada na prática e agilidade é o que permite que o advogado reaja rapidamente aos imprevistos. Numa confeitaria, para o cozinheiro, e no tribunal, para o advogado criminalista, cada detalhe importa. A capacidade de adaptação rápida é essencial para alcançar o objetivo com sucesso.
A prática constante e as vivências, tanto do confeiteiro, quanto do advogado criminalista, é que faz com que os clientes tenham a satisfação de saber, pelo resultado do produto, que o bolo e a defesa foram bem feitos.
Tenhamos sempre em mente que a experiência não está relacionada apenas ao tempo de profissão, mas à vivência ativa e aprendizado contínuo a cada bolo feito pelo confeiteiro e a cada caso defendido pelo advogado criminalista. Assim como um confeiteiro vai aprimorando suas receitas com o tempo, o advogado criminalista melhora suas estratégias e sua capacidade de adaptação a cada novo desafio.
Penso que, para obter sucesso na confecção de um bolo em que você tem a receita, ou para obter sucesso num caso criminal onde se tem a teoria, a prática e a análise estratégica da situação fazem toda a diferença.
Para o confeiteiro, como para o advogado criminalista, a experiência vem com o fazer, enfrentando novos desafios a cada receita de bolo feito, a cada defesa realizada, adaptando-se a cada situação única.
Para o mestre confeiteiro e para o mestre advogado criminalista é fundamental, ainda, entender que deve manter-se atualizado e estar sempre se aprimorando com novos conhecimentos, estando sempre pronto a atender a demanda de seus clientes com maestria.
Assim se desvenda o mistério do bom advogado criminalista.
Roberto Parentoni
Advogado criminalista desde 1991, fundador do escritório Parentoni Advogados. Pós-graduado pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, especialista em Direito Penal e Processual Penal. Presidente por duas gestões do IBRADD - Instituto Brasileiro do Direito de Defesa. É professor, autor de livros jurídicos e profere palestras pelo país.