Estudo do NIC.br propõe novos parâmetros de inclusão digital
O estudo do NIC.br sobre desigualdade no acesso à internet e a necessidade de políticas que promovam inclusão digital significativa no Brasil.
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
Atualizado às 14:23
Levantamento escancara a desigualdade brasileira dos excluídos digitalmente
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), apresentou o estudo "Conectividade Significativa: Propostas para Medição e o Retrato da População no Brasil". O documento analisa profundamente as desigualdades de acesso à internet e aponta direções para a inclusão digital no país, destacando a necessidade de políticas públicas que garantam uma conectividade significativa e universal.
O conceito de "conectividade significativa" vai além do simples acesso à internet. Segundo o estudo, é essencial assegurar qualidade na conexão, disponibilidade de dispositivos adequados e habilidades digitais para que indivíduos e organizações possam aproveitar ao máximo os benefícios da internet. Segundo Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br., o acesso à internet não pode ser medido apenas pela presença de uma conexão. É preciso garantir que a população esteja conectada de maneira significativa, com qualidade e regularidade, para realmente usufruir das oportunidades que a rede oferece.
O levantamento destaca que, apesar de 84% dos domicílios brasileiros possuírem acesso à internet, há disparidades marcantes no tipo de dispositivo utilizado para essa conexão. A maioria dos usuários (58%) acessa a internet exclusivamente por meio de celulares, o que limita a realização de atividades mais complexas, como aprendizado remoto e transações financeiras. De acordo com Renata Vicentini Mielli, coordenadora do CGI.br, essas diferenças no tipo de acesso refletem desigualdades socioeconômicas e regionais. Nas áreas rurais, 77% dos usuários acessam a internet apenas via celular, comparado a 56% em áreas urbanas.
O estudo sugere que o Brasil precisa de iniciativas que combinem a expansão da infraestrutura de rede com a promoção de habilidades digitais. Entre as propostas, destacam-se o incentivo às redes comunitárias, que podem garantir conectividade em áreas remotas, e a renovação de dispositivos utilizados pela população.
O lançamento do estudo ocorre em um momento em que o Brasil se aproxima da universalização do acesso à internet, mas ainda enfrenta desafios para garantir que esse acesso seja efetivamente significativo e inclusivo. A publicação está disponível gratuitamente no site do NIC.br.
Neste contexto, a manutenção das bulas impressas de medicamentos torna-se ainda mais relevante. Recente pesquisa do Instituto Datafolha revelou a importância desse formato para grande parte da população brasileira (84%), conforme também confirmado na Consulta Pública realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Enquanto a digitalização avança, os dados apontam que muitos brasileiros só conseguem acessar informações sobre medicamentos por meio de bulas físicas, destacando a necessidade de manter esse recurso acessível, especialmente para aqueles que não têm familiaridade com tecnologias digitais ou enfrentam dificuldade de acesso. Um contingente de quase 30 milhões de pessoas no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.