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Transtorno bipolar e aposentadoria: Saiba se é possível garantir o benefício

O transtorno bipolar pode dificultar a estabilidade no trabalho, permitindo a aposentadoria por invalidez se a incapacidade for comprovada por laudos médicos.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Atualizado às 09:32

O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica grave que afeta milhões de pessoas, comprometendo, muitas vezes, a capacidade de manter um emprego estável. Quem vive com essa doença pode enfrentar dificuldades constantes no trabalho, alternando entre períodos de euforia extrema e depressão profunda. Diante disso, surge a dúvida: será que quem tem transtorno bipolar pode conseguir a aposentadoria por invalidez?

O que é o transtorno bipolar e como ele afeta o cotidiano

O transtorno bipolar é uma doença caracterizada por mudanças extremas no estado emocional, alternando entre episódios de mania e depressão. Na fase maníaca, a pessoa pode apresentar comportamentos impulsivos, pensamentos acelerados e um sentimento de grandiosidade. Já durante os períodos de depressão, o indivíduo pode se sentir desmotivado, com perda de interesse por atividades, além de uma tristeza intensa.

Essas flutuações de humor afetam a vida cotidiana de forma significativa, especialmente no ambiente de trabalho. Em muitos casos, a pessoa com transtorno bipolar tem dificuldade de manter um ritmo constante, o que prejudica a sua produtividade e, consequentemente, o seu desempenho profissional.

Como o transtorno bipolar interfere no trabalho

Para aqueles que sofrem com o transtorno bipolar, manter uma rotina de trabalho pode ser um grande desafio. Durante os episódios de mania, o indivíduo pode agir de forma imprudente, tomando decisões impulsivas que colocam em risco seu desempenho e o ambiente de trabalho. Por outro lado, nos momentos de depressão, a pessoa pode não ter energia suficiente para realizar suas tarefas diárias, o que muitas vezes resulta em faltas ou baixo rendimento.

Essa instabilidade no comportamento pode levar ao afastamento temporário ou até mesmo permanente do trabalho, dependendo da gravidade da doença e da resposta ao tratamento. O apoio no ambiente de trabalho, como flexibilidade de horário e acompanhamento psicológico, pode ser essencial, mas nem sempre está disponível.

Aposentadoria por invalidez para quem tem transtorno bipolar

A aposentadoria por invalidez é destinada a trabalhadores que, por motivo de doença ou acidente, ficam incapacitados permanentemente de realizar qualquer atividade remunerada. No caso do transtorno bipolar, o INSS pode conceder esse benefício se for comprovado que a condição impossibilita o indivíduo de retornar ao trabalho de maneira definitiva.

Para conseguir a aposentadoria por invalidez, é preciso passar por uma perícia médica realizada pelo INSS. Durante a perícia, o médico avaliará os laudos e exames apresentados, a fim de comprovar que a doença impede o segurado de exercer suas funções laborais.

Documentação necessária para solicitar a aposentadoria

Quem deseja solicitar a aposentadoria por invalidez devido ao transtorno bipolar precisa reunir documentos que atestem a gravidade da doença e a incapacidade de trabalhar. Os documentos mais importantes são:

  • Laudos médicos emitidos por especialistas, como psiquiatras, detalhando o diagnóstico de transtorno bipolar e suas consequências
  • Relatórios de tratamentos realizados, incluindo medicações, internações e psicoterapias
  • Atestados que comprovem que o paciente está incapacitado de forma permanente para o trabalho
  • Declarações do empregador, se houver afastamentos anteriores por causa da doença

Todos esses documentos serão analisados pelo perito médico do INSS, que decidirá se o segurado tem direito à aposentadoria.

A importância do laudo médico detalhado

O laudo médico é peça-chave no processo de concessão da aposentadoria por invalidez. Esse documento deve conter um relato completo do histórico do paciente, incluindo os sintomas da doença, o tratamento já realizado e como o transtorno bipolar afeta a capacidade de trabalho.

Além disso, o laudo deve demonstrar que a condição de saúde do paciente é crônica e que, mesmo com o uso de medicamentos e terapias, ele não consegue manter uma rotina profissional estável. Laudos médicos mais completos e detalhados aumentam as chances de aprovação do benefício.

Benefícios alternativos: auxílio-doença e auxílio-acidente

Se o transtorno bipolar não for considerado uma incapacidade permanente, o segurado pode solicitar o auxílio-doença. Esse benefício é voltado para aqueles que ficam temporariamente impossibilitados de trabalhar por mais de 15 dias consecutivos. O auxílio-doença exige a mesma documentação que a aposentadoria por invalidez, além de uma perícia médica para comprovar a incapacidade temporária.

Outra opção é o auxílio-acidente, que é concedido a trabalhadores que, após doença ou acidente, ficam com sequelas que reduzem a capacidade laboral, mas que ainda conseguem trabalhar em condições limitadas. Esse benefício serve como uma compensação pela diminuição da capacidade de trabalho, e pode ser acumulado com o salário.

Perícia médica: Etapa fundamental

A perícia médica do INSS é a fase mais importante para a concessão de benefícios como a aposentadoria por invalidez ou o auxílio-doença. Durante a avaliação, o médico perito analisa todos os documentos apresentados e investiga o estado de saúde do segurado, para determinar se ele realmente está incapacitado de voltar ao trabalho.

No caso do transtorno bipolar, o perito irá avaliar a frequência e a gravidade dos episódios de mania e depressão, além de considerar o impacto da doença na vida profissional do segurado. Dependendo do resultado da perícia, o trabalhador pode ser considerado apto ou inapto para continuar no mercado de trabalho.

O que fazer se o benefício for negado

Caso o INSS negue a solicitação de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, o segurado tem o direito de recorrer da decisão. Esse recurso pode ser feito diretamente no portal "Meu INSS" ou em uma agência da previdência social.

Se o recurso administrativo não for aceito, o segurado também pode ingressar com uma ação judicial para contestar a decisão. Nessa fase, contar com o auxílio de um advogado especializado em direito previdenciário pode fazer a diferença, pois ele pode orientar o segurado sobre os melhores argumentos e provas a serem apresentados.

Considerações finais

O transtorno bipolar pode ser uma doença extremamente debilitante, afetando de forma severa a capacidade de trabalho do indivíduo. Para aqueles que sofrem com a condição e têm dificuldades para manter uma vida profissional estável, o INSS oferece opções de benefícios, como a aposentadoria por invalidez, o auxílio-doença e o auxílio-acidente.

A preparação adequada, com laudos médicos detalhados e documentação que comprove a gravidade da doença, é essencial para garantir os direitos previdenciários. Caso o benefício seja negado, o segurado pode recorrer e, se necessário, buscar apoio judicial para que seu direito seja reconhecido.

Rodrigo Gonzalez

VIP Rodrigo Gonzalez

Sou especialista em direito de trânsito, cofundador da Doutor Multas, investidor e colunista, escrevo sobre temas relacionados ao trânsito, à mobilidade e à sustentabilidade.

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