A urgência em flexibilizar o ambiente de negócios para microempresas no Brasil
O PLP 74/24 propõe flexibilizar investimentos em MPEs, permitindo sócios pessoas jurídicas sem perder benefícios do Simples Nacional. Juntamente com a lei das startups, isso pode fomentar um ambiente mais inovador. Uma sugestão é permitir que MPEs investidas optem por se transformar em S.A.
terça-feira, 20 de agosto de 2024
Atualizado em 19 de agosto de 2024 14:38
O PLP 74/24, direcionado a flexibilizar as condições de investimento para MPEs - microempresas e empresas de pequeno porte, representa um avanço significativo para o ecossistema empreendedor brasileiro. Ao permitir a entrada de sócios pessoas jurídicas por um período determinado, sem a perda dos benefícios do Simples Nacional, essa proposta demonstra um entendimento das necessidades das MPEs e um compromisso com o fomento do crescimento empresarial.
Ao analisarmos essa iniciativa em conjunto com as disposições do Marco Legal das Startups (LC 182/21), percebemos um cenário promissor para o desenvolvimento de um ambiente de negócios mais dinâmico e inovador. A lei 182/21, ao introduzir mecanismos de flexibilização e incentivos para startups, já havia demonstrado um compromisso com a criação de um ambiente mais favorável à inovação.
No entanto, ainda há espaço para aprimorar esse cenário. Uma possibilidade seria permitir que as MPEs que recebam investimentos de pessoas jurídicas possam optar pela transformação em S.A. - sociedades anônimas, mantendo-se enquadradas no Simples Nacional. Essa conversão para S.A. ofereceria aos sócios fundadores dessas empresas uma ferramenta mais eficaz para controlar a diluição de suas participações acionárias, um ponto crucial em processos de captação de investimentos.
A introdução dessa opção alinharia o Brasil às melhores práticas internacionais e permitiria uma maior flexibilidade na gestão societária. Os empresários teriam a possibilidade de escolher o tipo societário que melhor se adapta às necessidades de crescimento e captação de recursos de suas empresas, sem renunciar ao controle necessário sobre o futuro do negócio.
Em resumo, o projeto representa um passo importante, mas a possibilidade de transformação em S.A. para MPEs que recebam investimentos seria um complemento crucial. Essa medida permitiria que as MPEs aproveitassem plenamente as oportunidades de crescimento, mantendo a governança necessária para um desenvolvimento sustentável e competitivo.
Ao adotar essa medida, o Brasil demonstraria um compromisso ainda maior com o fomento do empreendedorismo inovador, proporcionando um ambiente mais atrativo para investimentos e contribuindo para o fortalecimento da economia nacional.
Hermes de Assis
Especialista em direito empresarial do Urbano Vitalino Advogados.