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A importância do "Whistleblower" - Denúncia de irresponsabilidades

Whistleblowers expõem práticas antiéticas e enfrentam riscos como represálias. Leis em muitos países protegem esses denunciantes, garantindo segurança e anonimato, e suas revelações previnem corrupção e abusos.

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Atualizado às 08:03

No cenário corporativo e governamental, os whistleblowers desempenham um papel crucial ao expor práticas antiéticas, ilegais ou prejudiciais.

Na verdade, ser um whistleblower envolve coragem, ética e responsabilidade social, pois esses indivíduos têm a iniciativa de denunciar e trazer à luz questões que podem ser prejudiciais para a sociedade, empresas ou outras entidades.

Legalidade e proteção dos denunciantes

A denúncia de irregularidades nem sempre é bem acolhida.

Muitas vezes os whistleblowers enfrentam represálias, tais como demissão, perseguição ou ostracismo, devido à atitude corajosa.

Para incentivar a prática da whistleblowing, muitos países têm implementado leis que protegem os denunciantes, garantindo sua segurança e oferecendo anonimato em muitos casos.

Impacto e consequências

As revelações feitas por whistleblowers podem ter um impacto significativo na sociedade, ajudando a prevenir casos de corrupção, fraudes, abusos de poder e outras atividades prejudiciais.

Empresas e governos podem se beneficiar dessas denúncias, corrigindo problemas internos e melhorando sua transparência e responsabilidade.

Ética e responsabilidade

Embora a denúncia de irregularidades seja essencial para o bem-estar de uma sociedade, é importante que os whistleblowers ajam de forma ética, apresentando informações verdadeiras e relevantes.

A responsabilidade de trazer à tona questões importantes deve ser equilibrada e prudente, aliada à ética profissional, para evitar denúncias infundadas ou mesmo sensacionalistas.

Em um mundo onde a transparência e a responsabilidade são cada vez mais valorizadas, os whistleblowers desempenham um papel fundamental ao revelar práticas prejudiciais e antiéticas.

Essencial, porém, que esses indivíduos sejam protegidos e encorajados a fazer denúncias, contribuindo para uma sociedade mais justa e íntegra.

A coragem de um whistleblower pode desencadear mudanças positivas, e promover uma cultura de responsabilidade e ética em todos os setores da sociedade.

Exemplos de casos de denúncias feitas por Whistleblower:

1. Edward Snowden

  • Um ex-analista da NSA que expôs programas secretos de vigilância em massa dos Estados Unidos, a revelar práticas de monitoramento de comunicações em larga escala.

2. Chelsea Manning

  • Antiga analista de inteligência do exército dos EUA que vazou documentos classificados ao Wikileaks, incluindo registros de práticas de guerra questionáveis.

3. Mark Felt

  • Conhecido como "Garganta Profunda", Felt era um informante chave no escândalo Watergate que ajudou a expor as atividades ilegais da administração do presidente Nixon.

4. Cynthia Cooper

  • Ex-auditora da WorldCom que denunciou a fraude corporativa que levou à maior falência até aquela época nos EUA, expondo práticas contábeis questionáveis.

Sherron Watkins

  • Executiva da Enron que alertou os altos executivos sobre irregularidades contábeis que acabaram por levar ao colapso da empresa e a uma das maiores fraudes corporativas da história.

Esses casos destacam a importância e o impacto que os whistleblowers podem ter ao revelar informações cruciais e promover mudanças significativas em diversas esferas da sociedade.

Há várias leis e regulamentos em diferentes países que visam proteger os denunciantes, garantindo que possam expor irregularidades sem temer represálias.

Alguns exemplos notáveis incluem:

1. Estados Unidos

  • A lei de proteção ao denunciante (Whistleblower Protection Act) de 1989 protege os funcionários federais que denunciam atividades ilegais, fraudulentas ou antiéticas no governo dos Estados Unidos.

2. União Europeia

  • A diretiva de proteção aos denunciantes, em vigor desde 2019, estabelece padrões mínimos para a proteção de denunciantes em setores como serviços financeiros, segurança alimentar, proteção ambiental e saúde pública em todos os países membros da UE.

3. Reino Unido

  • O Ato de Denunciantes/98 (Public Interest Disclosure Act) protege os denunciantes que revelam informações sobre práticas ilegais, condutas impróprias ou abusos no local de trabalho, impedindo a retaliação por parte dos empregadores.

4. Austrália

  • A lei de proteção ao denunciante/13 (Public Interest Disclosure Act) oferece proteção legal aos denunciantes que divulgam informações de interesse público sobre corrupção, má conduta ou negligência no setor público.

5. Brasil

  • No Brasil, a lei anticorrupção/13 prevê a proteção dos denunciantes que relatam atos ilícitos relacionados à corrupção e outras práticas prejudiciais no ambiente corporativo.

Essas são apenas algumas das leis e regulamentações que visam proteger os denunciantes em diferentes partes do mundo, tudo para reconhecer a importância de incentivar e de salvaguardar aqueles que têm a coragem de denunciar irregularidades e contribuir para a transparência e a responsabilidade nas organizações e governos.

As consequências para um empregador que proceda com retaliação um denunciante podem variar dependendo das leis e regulamentos em vigor no país específico.

Geralmente, as retaliações contra whistleblowers são ilegais e podem resultar em penalidades tanto legais quanto financeiras para a empresa.

Algumas das consequências possíveis para um empregador que vier a retaliar um denunciante incluem:

1. Processo legal:

O denunciante pode processar o empregador por retaliação, podendo resultar em ações legais e possíveis compensações financeiras para o denunciante.

2. Indenização:

O empregador pode ser obrigado a pagar indenizações ao denunciante por danos causados, tanto materiais quanto morais, em decorrência da retaliação.

3. Danos à reputação:

A reputação da empresa pode ser prejudicada publicamente se ficar reconhecido e comprovado que ela retaliou um whistleblower, o que pode resultar em impacto negativo nas relações com clientes, investidores e na imagem corporativa.

4. Sanções regulatórias:

Em alguns casos, o empregador pode enfrentar sanções regulatórias e multas de órgãos reguladores por violar leis de proteção aos denunciantes.

5. Perda de confiança e credibilidade:

A retaliação contra um denunciante pode levar à perda de confiança dos funcionários na empresa, afetando o moral e a cultura organizacional.

Nesse sentido, a retaliação contra whistleblowers geralmente é vista como antiética e ilegal, e os empregadores que adotam tal postura enfrentam consequências legais, financeiras e de reputação bastante significativas.

É do interesse das empresas promover uma cultura de transparência e ética, incentivando a denúncia de irregularidades e garantindo a proteção dos denunciantes contra qualquer forma de retaliação.

No Brasil, os denunciantes contam com leis específicas que visam proteger e incentivar a prática do whistleblowing. Algumas das principais leis e regulamentos que protegem denunciantes no país são:

1. Lei anticorrupção (lei 12.846/13):

Este texto prevê a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública nacional ou estrangeira. A lei estabelece a proteção dos denunciantes que relatem atos ilícitos de corrupção, fornecendo medidas para garantir sua segurança e evitando qualquer forma de retaliação.

2. Lei de acesso à informação (lei 12.527/11):

Essa legislação regulamenta o direito de acesso a informações públicas, possibilitando que denúncias sobre irregularidades no setor público sejam feitas com transparência e segurança.

Isso fortalece a proteção de whistleblowers que desejam denunciar práticas incorretas no governo e nas entidades públicas.

3. Lei de proteção do denunciante (lei 13.608/18):

Esta lei dispõe sobre a proteção aos participantes do processo de investigação e julgamento de crimes previstos em legislação específica, bem como aos denunciantes de práticas ilícitas. Ela estabelece medidas para resguardar a identidade do denunciante, preservando sua segurança e garantindo a confidencialidade.

Essas leis destacam o compromisso do Brasil em promover a transparência, a ética e a integridade nas esferas pública e empresarial, ao mesmo tempo em que protegem aqueles que têm a coragem de denunciar irregularidades.

É fundamental que os órgãos competentes e as empresas atuem em conformidade com essas normas, garantindo um ambiente seguro e propício para whistleblowers contribuírem para a justiça e a probidade no país.

Gilda Figueiredo Ferraz de Andrade

Gilda Figueiredo Ferraz de Andrade

Advogada, sócia fundadora do escritório Figueiredo Ferraz Advocacia. Graduação USP, Largo de São Francisco, em 1.981. Mestrado em direito do trabalho - USP. ExConselheira da OAB/SP.

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