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O valor e as possibilidades da IA humanizada

A IA humanizada transforma setores ao integrar compreensão e empatia, melhorando o acesso a serviços, como assistência jurídica e saúde. Facilita interações naturais e reduz erros, beneficiando a inclusão e precisão.

terça-feira, 30 de julho de 2024

Atualizado às 08:29

A IA tem se tornado uma parte integral de nossa vida cotidiana, transformando diversos setores e segmentos. No entanto, para que essa transformação seja efetiva e positiva, é crucial que a IA seja humanizada, ou seja, que as tecnologias de IA sejam desenvolvidas e implementadas com uma ênfase na compreensão, empatia e interação natural com os seres humanos.

A IA humanizada pode democratizar o acesso a serviços essenciais, como por exemplo, no setor jurídico, no qual ferramentas de IA podem fornecer assistência jurídica a pessoas que de outra forma não teriam acesso a advogados devido a barreiras financeiras ou geográficas, melhorando não apenas a inclusão social, mas também garantindo que mais pessoas possam exercer seus direitos legais de maneira justa e equitativa.

Também, a IA humanizada pode melhorar significativamente a experiência do usuário ao interagir com sistemas automatizados, com interfaces mais naturais e intuitivas tornando o uso da tecnologia mais fácil e agradável. Um setor importante, é o de saúde, onde a interação humana é essencial para fornecer suporte emocional e psicológico.

Em campos como medicina e direito, os sistemas de IA humanizados podem processar grandes volumes de dados com precisão e rapidez, reduzindo a carga de trabalho repetitiva para profissionais e minimizando erros, podendo trazer diagnósticos mais rápidos e precisos e análises jurídicas mais robustas.

A título de ilustração, seguem alguns exemplos:

  1. O Babylon Health, empresa britânica, é um exemplo de IA humanizada no setor de saúde. Utilizando IA para oferecer consultas médicas virtuais, o sistema pode analisar sintomas e fornecer diagnósticos preliminares, aumentando o acesso a cuidados médicos, especialmente em áreas remotas ou para indivíduos com mobilidade limitada;
  2. A ROSS, empresa americana, é uma ferramenta de IA que utiliza processamento de linguagem natural para ajudar advogados a realizar pesquisas jurídicas mais rapidamente e com maior precisão, reduzindo significativamente o tempo gasto em tarefas repetitivas e permitindo que advogados se concentrem em aspectos mais estratégicos e criativos do trabalho;
  3. A Knewton, empresa americana, utiliza IA para criar experiências de aprendizado personalizadas, ajustando o conteúdo com base no desempenho e nas necessidades individuais de cada aluno, ajudando estudantes a aprenderem no seu próprio ritmo e de maneira mais eficiente.

E mais do que os casos acima descritos, há potencialidade de uso e crescimento em diversos setores. Por exemplo, com a IA humanizada, assistentes virtuais e sistemas de diagnóstico podem proporcionar suporte médico 24 horas, monitorar pacientes de maneira contínua e oferecer conselhos personalizados, trazendo mudanças na forma como os cuidados de saúde são prestados, especialmente para populações vulneráveis ou de difícil acesso.

No que se refere à atendimento ao cliente, a IA humanizada pode melhorar consideravelmente o atendimento, oferecendo respostas rápidas e precisas, compreensão do contexto e empatia nas interações, gerando mais satisfação do cliente e reduzindo significativamente os custos operacionais para as organizações.

No que tange à área jurídica, a IA pode processar vastas quantidades de dados legais, precedentes e regulamentações, oferecendo suporte para decisões jurídicas mais informadas e eficientes, podendo reduzir os custos de litígios, melhorando a acessibilidade à justiça e tornando os processos mais rápidos e justos.

No entanto, por mais atrativo e prático que pareça, o uso de qualquer IA precisa se feito com cautela, considerando a ética e alguns pontos importantes, conforme abaixo:

  • Privacidade e proteção de dados pessoais: O tratamento de dados pessoais exige medidas de segurança rigorosas para garantir a privacidade e a segurança das informações. Focar em privacidade e proteção de dados pessoais protege os direitos dos indivíduos e aumenta a confiança no uso de tecnologias de IA;
  • Transparência e responsabilidade: Os sistemas de IA devem ser transparentes em suas operações e decisões, e os operadores devem ser responsabilizados por suas ações, a fim de garantir justiça e equidade na aplicação da IA evitando discriminações e decisões injustas;
  • Consentimento informado: Os usuários devem ser plenamente informados sobre como a IA está sendo utilizada e devem dar consentimento informado (a não ser que haja um contexto em que outra base legal supra o consentimento) para a coleta e uso de seus dados, assegurando que os usuários tenham controle sobre suas informações pessoais e entendam os benefícios e riscos associados à IA.

A IA tem facilitado nossas vidas, no entanto, o uso excessivo pode ser prejudicial, principalmente no que tange à possível invasão de privacidade, desigualdade econômica, discriminação e desinformação. Dessa forma, é imperioso que a implementação da IA seja acompanhada de regulamentações e políticas robustas para garantir que seus benefícios sejam equitativos e seus riscos minimizados.

Logo, fica claro que a IA humanizada tem o potencial de transformar positivamente diversos setores, proporcionando benefícios significativos em termos de eficiência, acessibilidade e personalização. Todavia, para garantir que esses benefícios sejam realizados de maneira ética e justa, é fundamental adotar práticas rigorosas de segurança, fazendo da IA uma poderosa aliada na construção de um futuro mais justo e próspero para todos.

Mariana Sbaite Gonçalves

Mariana Sbaite Gonçalves

Advogada especialista em privacidade, CIPM/IAPP, CDPO/IAPP, DPO/EXIN, AI governance Manager, Coautora dos livros "LGPD e Cartórios" e "Mulheres na Tecnologia" e mestranda em Science in Legal Studies.

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