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Como ser assertivo sem ser grosseiro na advocacia?

Comunicação assertiva na advocacia requer equilíbrio entre clareza, diplomacia e adaptação ao contexto específico de cada situação e interlocutor.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Atualizado às 14:18

Comunicação é poder. E na advocacia, isso é lei. Navegamos por mares turbulentos que exigem clareza, firmeza e uma pitada de diplomacia. Mas como ser assertivo sem parecer rude ou autoritário? É um jogo de equilíbrio, mas absolutamente essencial.

Assertividade não é ser agressivo. É a arte de expressar suas opiniões e necessidades de forma clara e respeitosa. No universo jurídico, isso é vital. Um advogado precisa defender os interesses dos seus clientes, colaborar eficazmente com a equipe, construir parcerias sólidas e manter boas relações com outros colegas de profissão, buscando criar pontes e não muros no caminho.

E para isso, o contexto é tudo!

Para ser assertivo de verdade, você precisa ler o ambiente. Cada situação é única. O que funciona em um caso pode ser um desastre em outro. O que funciona para resolver um conflito na equipe pode não funcionar em outro. Entender o contexto, as pessoas envolvidas e as nuances do momento é essencial para se comunicar assertivamente.

Negociando com um colega em uma disputa acirrada? Ajuste seu tom para manter o profissionalismo. Aconselhando um cliente emocionalmente abalado? Seja empático e calmo. Liderando uma equipe em um projeto desafiador? Seja claro e inspirador. Adaptar sua comunicação ao contexto mostra respeito e aumenta a eficácia da sua mensagem.

A Importância da Escolha de Palavras

Como disse Mark Twain, "A diferença entre a palavra certa e a quase certa é a diferença entre o relâmpago e o vagalume."

No mundo jurídico, a escolha das palavras é crucial. A precisão e a escolha cuidadosa das palavras podem transformar uma mensagem comum em algo extraordinário e impactante. 

As palavras certas têm o poder de esclarecer, persuadir e inspirar. As erradas? Podem confundir, alienar e até destruir. Ser assertivo é escolher suas palavras com a precisão de um cirurgião. 

Sua mensagem deve ser clara e impactante, como um relâmpago cortando o céu. Uma palavra "quase certa" é fraca e sem força como um vagalume.

Os 3 Aspectos da Comunicação Eficaz

Comunicação assertiva é uma arte. Para dominá-la, você precisa aperfeiçoar três aspectos principais: Tom, potência e ritmo.

  • Tom: Seja firme, mas amigável. Evite extremos. Um tom equilibrado transmite segurança e profissionalismo. Você não quer parecer agressivo, mas também não quer ser passivo. O tom certo mostra que você está no controle.
  • Potência: Fale com convicção. Mostre confiança sem ser intimidador. Uma entrega equilibrada demonstra que você está seguro de suas palavras.
  • Ritmo: Mantenha uma velocidade moderada. Falar rápido demais pode parecer nervosismo; devagar demais, entediante. Encontre um ritmo que mantenha a atenção. O ritmo certo mantém seu público engajado, nem apressado, nem sonolento. É o compasso perfeito que dá vida ao que você quer comunicar.

Comunicação Não Verbal

Comunicação assertiva vai além das palavras. Sua postura, expressões faciais e gestos são a essência da sua mensagem. Mantenha contato visual - olhos nos olhos. Isso transmite confiança. Tenha uma postura aberta, sem cruzar os braços, e use gestos naturais. Um rosto relaxado e um leve sorriso fazem toda a diferença.

Peter Drucker estava certo: "A coisa mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito." 

O corpo fala. Ele revela intenções, sentimentos e verdades não ditas. Saber se comunicar com o corpo, com o olhar, com gestos - isso é fundamental. É a linguagem silenciosa que completa sua mensagem, que dá vida às suas palavras.

Fatos e Opiniões

Para evitar conflitos, é simples: Separe fatos de opiniões. Primeiro, apresente fatos verificáveis. Depois, introduza suas opiniões baseadas neles.

Isso cria uma base sólida para a discussão e torna mais difícil para o ouvinte desconsiderar seus argumentos.

Manter opiniões fortes diante de evidências fracas é um sinal de que você não está pensando criticamente.

A convicção deve seguir os fatos, não precedê-los. O que você quer acreditar não deve ditar o que você acredita. Esse é o caminho para que suas opiniões sejam respeitadas e fundamentadas.

Imagine uma reunião com um cliente onde você precisa comunicar uma mudança de estratégia.

Comece com os fatos: "A recente jurisprudência sobre o tema X mostrou mudanças significativas que impactam nosso caso." Depois, apresente sua opinião: "Portanto, ajustar nossa estratégia para incorporar esses novos precedentes nos dará uma vantagem significativa."

Agora, imagine que você percebe que um membro da sua equipe está desmotivado. Em vez de abordar isso em uma reunião com todos, fale com ele em particular.

Comece com empatia e interesse genuíno: "Fulano, gostaria de conversar com você em particular sobre algo que notei. Percebi que você tem estado um pouco desmotivado nas últimas semanas. Isso está me preocupando, pois sei o quanto você é dedicado e comprometido. Quero entender como posso te ajudar. Existe algo específico que esteja te incomodando ou dificultando seu trabalho? Acredito que, se trabalharmos juntos para resolver isso, poderemos não só melhorar sua motivação, mas também fortalecer nossa equipe como um todo. O que você acha que podemos fazer neste sentido?"

Conclusão

Ser assertivo não é uma opção, é uma necessidade. Na advocacia, é a diferença entre ser ouvido ou ser ignorado, entre liderar ou apenas seguir. 

A clareza na comunicação e o respeito nas interações não são apenas habilidades, são armas poderosas.

Invista tempo em desenvolver essas habilidades. Aprenda a ler o ambiente, a escolher suas palavras como um artesão e a ouvir até o que não foi dito. Isso não só garantirá que você se afirme, mas também que inspire e lidere com autoridade e empatia. 

E lembre-se, o verdadeiro poder na advocacia está em comunicar com precisão e humanidade.

Maria Olívia Machado

VIP Maria Olívia Machado

Estrategista de carreira e negócios jurídicos com quase 15 anos de experiência. Autora de 5 livros, Professora da USP, Top Voice Linkedin, catalisadora da transformação de ideias em resultados.

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