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Conservadorismo e o Eurasianismo : Qual o futuro das bases de pensamento?

Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin, conquanto critiquem o liberalismo ocidental e defendam valores tradicionais, divergem em ideologias, contextos, visões estatais e bases filosóficas, pois o brasileiro defende um conservadorismo liberal cristão anti-marxista cultural, ao passo que o russo advoga pelo eurasianismo nacionalista anti-ocidental.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Atualizado às 10:00

1. Introdução

O conservadorismo contemporâneo abrange uma ampla gama de perspectivas e correntes de pensamento. Nesse contexto, as visões de Olavo de Carvalho, filósofo brasileiro, e Aleksandr Dugin, teórico político russo, têm ganhado destaque e influência significativa em seus respectivos países. Embora compartilhem uma crítica ao liberalismo ocidental e uma defesa de valores tradicionais, suas abordagens apresentam distinções fundamentais.

Este artigo tem como objetivo analisar as semelhanças e diferenças entre as visões conservadoras de Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin, destacando os contrastes em suas ideologias centrais, contextos geopolíticos, visões sobre o Estado, bases filosóficas e abordagens ao globalismo. Ao explorar essas nuances, busca-se contribuir para uma melhor compreensão das diversas vertentes do pensamento conservador contemporâneo.

2. Similaridades

2.1. Crítica ao liberalismo

Tanto Olavo de Carvalho quanto Aleksandr Dugin criticam o liberalismo ocidental, vendo-o como decadente e corrosivo para os valores tradicionais. Ambos percebem o liberalismo como uma força que enfraquece as estruturas sociais e culturais estabelecidas, promovendo a erosão da identidade nacional e da coesão comunitária.

2.2. Apoio a valores tradicionais

Carvalho e Dugin compartilham a defesa da preservação de tradições culturais e religiosas contra o que percebem como forças destrutivas da modernidade. Eles advogam por uma maior ênfase na manutenção das heranças históricas, das crenças religiosas e dos costumes enraizados em suas respectivas sociedades.

2.3. Influência política

Tanto Olavo de Carvalho quanto Aleksandr Dugin têm exercido uma influência significativa em seus países, moldando o pensamento de muitos conservadores e impactando o discurso político. Suas ideias têm sido amplamente disseminadas e têm encontrado ressonância entre grupos conservadores e nacionalistas.

3. Diferenças

3.1. Ideologia central

3.1.1. Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho enfatiza a luta contra o marxismo cultural e o progressismo, defendendo uma visão conservadora liberal com forte base cristã. Sua crítica se concentra na proteção dos valores ocidentais tradicionais contra o que ele percebe como uma influência comunista na política e na cultura.

3.1.2. Aleksandr Dugin

Por outro lado, Aleksandr Dugin promove o eurasianismo, uma ideologia que mistura elementos de tradicionalismo, nacionalismo russo e uma rejeição tanto do liberalismo ocidental quanto do comunismo marxista. Ele advoga por uma civilização eurasiática distinta do Ocidente, com a Rússia como líder espiritual e cultural.

3.2. Contexto geopolítico

3.2.1. Olavo de Carvalho

O foco de Olavo de Carvalho é principalmente no Brasil e na América Latina, onde ele combate o que vê como influência comunista na política e na cultura da região.

3.2.2. Aleksandr Dugin

Por outro lado, Aleksandr Dugin concentra-se na Rússia e na Eurásia, advogando por uma civilização eurasiática distinta do Ocidente, com a Rússia como líder espiritual e cultural.

3.3. Visão sobre o Estado

3.3.1. Olavo de Carvalho

Carvalho defende a limitação do poder estatal e a liberdade individual, criticando o intervencionismo estatal e o que ele considera uma excessiva regulamentação da vida social.

3.3.2. Aleksandr Dugin

Em contraste, Dugin apoia um Estado forte que defenda a identidade cultural e espiritual contra a globalização ocidental. Ele vê o Estado como um pilar central na preservação da identidade nacional e na resistência às influências externas percebidas como ameaçadoras.

3.4. Bases filosóficas

3.4.1.  Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho é influenciado pelo cristianismo e pela filosofia ocidental clássica, com forte ênfase em pensadores como Aristóteles e Tomás de Aquino.

3.4.2.  Aleksandr Dugin

Por outro lado, Aleksandr Dugin baseia-se no tradicionalismo integral, incluindo pensadores como René Guénon e Julius Evola, bem como na geopolítica de Carl Schmitt.

3.5. Abordagem ao globalismo

3.5.1.  Olavo de Carvalho

A crítica de Olavo de Carvalho ao globalismo se concentra na proteção dos valores ocidentais tradicionais contra o marxismo e o progressismo, que ele vê como forças corrosivas para a identidade nacional e cultural.

3.5.2. Aleksandr Dugin

Dugin, por sua vez, rejeita o globalismo ocidental em favor de uma visão multipolar do mundo, onde diferentes civilizações coexistem com soberania e identidade própria. Ele se opõe à hegemonia ocidental e defende a autonomia das civilizações não-ocidentais.

4. Considerações

Embora Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin compartilhem uma crítica ao liberalismo e uma defesa de valores tradicionais, suas visões divergem em diversos aspectos fundamentais. Carvalho é um conservador liberal com foco na luta contra o marxismo cultural, enquanto Dugin promove o eurasianismo e uma visão multipolar contra a hegemonia ocidental. Essas diferenças refletem os contextos geopolíticos distintos em que esses pensadores estão inseridos, bem como suas bases filosóficas e ideológicas divergentes. Enquanto Carvalho baseia-se no cristianismo e na filosofia ocidental, Dugin se inspira no tradicionalismo integral e na geopolítica de Schmitt.

Compreender essas nuances é essencial para uma análise aprofundada das correntes conservadoras contemporâneas, em suas múltiplas manifestações e interpretações. O contraste entre o conservadorismo liberal de Carvalho e o eurasianismo de Dugin ilustra a complexidade e a diversidade dentro do espectro conservador, desafiando generalizações simplistas e destacando a importância de uma análise contextualizada e matizada.

Guilherme Fonseca Faro

VIP Guilherme Fonseca Faro

Advogado, escritor e empreendedor com foco em Direito, Educação e Negócios. Ativo nos Advogados de Direita e fundador do Movimento Nordeste Conservador. Especializado em Direito Público

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