Céus abertos? As perspectivas de crescimento à aviação em 2024

Relatório divulgado pela Associação Internacional de Transporte Aéreo - IATA - International Air Transport Association¹, aponta que o tráfego total (doméstico e internacional) aumentou 14,1% em janeiro de 2024 em relação ao mesmo mês de 2023, chegando a 99,5% do volume total registrado pré-pandemia². O volume de passageiros transportados (RPK³) chegou a 95,7% do visto em 2019.

Ainda segundo os dados divulgados pela IATA, o transporte de carga, que já vinha apresentando forte alta no último ano, segue impulsionando o setor. O volume de carga transportada por quilômetro voado (CTK) teve alta de 18,4% em janeiro deste ano em comparação com o tido em janeiro de 2023⁴. O transporte de cargas já ultrapassou o volume e valores envolvidos nas operações pré-pandemia.

A tendência de expansão do setor é corroborada pelos dados da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, que apontam mais de 2 milhões de passageiros internacionais transportados em fevereiro de 2024, o maior número da série histórica, representando uma alta de 28,7% em comparação com o mesmo período de 2023⁵.

No intuito de ampliar ainda mais estes números, os Ministérios de Portos e Aeroportos e do Turismo lançaram em março/24 o PATI - Programa de Aceleração do Turismo Internacional. O Programa, financiado com verba do FNAC - Fundo Nacional de Aviação Civil, prevê a realização de parcerias público-privadas com as companhias aéreas e aeroportos para a ampliação do número de assentos e voos internacionais com destino ao Brasil⁶.

Nesta esteira, a ANAC firmou acordo com sua homóloga Argentina para retirar a limitação de voos de passageiros e cargas entre os países, gerando maior flexibilidade e possibilidade de oferta de serviço às companhias aéreas⁷.

As transportadoras aéreas vêm também sinalizando a sua aposta na sequência desta alta das operações. Exemplo disto é o aquecimento da indústria aeronáutica. A Embraer, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, espera que suas vendas cresçam em 2024, com a entrega de cerca de 130 aeronaves para a aviação geral e até 80 aeronaves para a aviação comercial⁸.

Os sinais são não apenas de retomada, mas de efetivo crescimento da aviação civil nos próximos anos. Este incremento, entretanto, vem acompanhado de desafios a serem observados pelo setor.

Um primeiro desafio pode estar na questão da infraestrutura. No âmbito nacional há a necessidade de aperfeiçoamento da infraestrutura aeroportuária para a ampliação de rotas e oferta de voos. Nesse sentido, é fundamental caminhar com mais constância e vigor nos processos de licitação de aeroportos, bem como de instalação e reabertura de equipamentos, como se deu recentemente com o Aeroporto de São José dos Campos, que retomou sua operação de passageiros.

Outra questão que acompanha o crescimento do setor no Brasil é a judicialização. Sem apontar culpados, pode-se buscar uma abordagem que promova a aproximação entre os órgãos reguladores, as companhias aéreas, os consumidores e órgãos de proteção e a sociedade civil  para a construção de um cenário mais razoável e  economicamente viável para o desenvolvimento da aviação.

De outra banda, a questão ambiental também se faz presente no atual cenário. Os setores público e privado precisam cooperar e intensificar os esforços para avançar em direção a uma aviação civil sustentável, com ganho de eficiência, redução de emissões de poluentes e transição energética. Este esforço exige medidas urgentes, altos investimentos e sólida regulação. Inclusive, é essencial para assegurar a continuidade da atividade no futuro.

Por derradeiro, a consistência do crescimento econômico e do poder aquisitivo da população é crucial para manter a demanda do setor aquecida, evitar oscilações bruscas e sustentar a efetiva retomada do setor. Bem assim, nota-se que o setor caminha a céus mais abertos, porém com importantes desafios no horizonte para seguir em expansão e construir uma aviação civil sustentável.