O valor das mulheres no meio jurídico
O respeito ao trabalho de homens e mulheres tem se mostrado igualitário dentro da área do Direito. Porém, as profissionais do sexo feminino ainda enfrentam desafios e necessitam de maior representatividade
terça-feira, 7 de maio de 2024
Atualizado às 14:41
O mês de maio é repleto de datas significativas para as mulheres. A começar pelo Dia do Trabalhador (1º. de maio), seguido pelo Dia das Mães (comemorado no segundo domingo do mês) até o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher (28 de maio). Por isso, é forte e necessário lembrar também da trajetória das mulheres dentro da área do Direito.
A primeira mulher a se formar advogada no Brasil foi a carioca Myrthes Gomes de Campos, em 1898. De lá para cá, em meio a uma série de batalhas por reconhecimento e valorização, a presença das mulheres no meio jurídico não para de crescer. Atualmente, elas são maioria nas faculdades e também em número de registros na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo a entidade, atualmente são cerca de 700 mil advogadas contra 663 mil advogados.
Porém, apesar dos números positivos, a representatividade feminina nos meios jurídicos ainda não pode ser considerada satisfatória. Como prova disso, é possível considerar um estudo recente promovido pela plataforma Projuris, que indica que as profissionais do sexo feminino compõem apenas 40,8% dos quadros de profissionais presentes dentro dos escritórios de advocacia. Segundo a mesma pesquisa, dentro dos departamentos jurídicos elas são 49%.
Na prática, também percebemos que nos mais diferentes meios jurídicos - Direito processual civil, tecnologia no Direito, inovação, seguros, contratos, entre outros - as mulheres são minoria. Infelizmente, é uma realidade o fato de elas ainda se manifestarem menos durante palestras, em reuniões de grupos, eventos e até mesmo por escrito. Atualmente, temos muitas mulheres em cargos representativos, que envolvem gestão e liderança. Elas são exemplos e inspirações, mas não maioria.
O respeito ao trabalho jurídico realizado por homens e mulheres tem se mostrado igualitário nos últimos anos. Esta conquista se deve, em muito, ao fato de profissionais de ambos os sexos entenderem e fazerem um esforço real em prol da igualdade. Entretanto, as mulheres costumam enfrentar um desafio maior para dedicar a mesma quantidade de tempo que os homens ao meio jurídico, principalmente quando são mães. Esta é uma realidade percebida na grande maioria das profissões e que exige uma mudança cultural e de postura da sociedade como um todo.
Em qualquer área do Direito, as mulheres são tão capacitadas quanto os homens para exercerem suas atividades, contribuindo para a construção de um ambiente mais diverso e plural. Há muito tempo já não existem mais dúvidas quanto a esta questão. Em situações de conflito no meio jurídico, tanto homens quanto mulheres buscam resoluções pacíficas. O sucesso independe do sexo do profissional que está à frente do caso, mas da capacidade individual de cada um de buscar conhecimento na área, fazer a mediação e chegar à conciliação.
Izabela Rücker Curi
Advogada e sócia fundadora do escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica e da Smart Law, uma startup focada em soluções jurídicas personalizadas para o cliente corporativo, que mesclam inteligência humana e artificial. É board member certificada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC-São Paulo, mediadora ad hoc e consultora da Global Chambers na região Sul. É mestre em Direito pela PUC-SP e negociadora especializada pela Harvard Law School.