Quando o cliente paga mal, você paga mais: O custo oculto da tolerância financeira na advocacia
Aceitar clientes de baixa remuneração pode trazer custos ocultos. Aprender a precificar corretamente é crucial para o sucesso profissional.
sexta-feira, 3 de maio de 2024
Atualizado às 09:11
Em um mundo onde as relações comerciais são cruciais para o sucesso de qualquer empresa ou profissional independente, muitas vezes nos encontramos em um dilema complicado:
Devemos ou não aceitar clientes que pagam mal?
À primeira vista, pode parecer que um cliente é melhor do que nenhum cliente. No entanto, essa lógica nem sempre se mantém quando você considera o custo oculto da tolerância financeira.
Esse custo alto eu acabei pagando pela minha inexperiência, afinal quando me formei desde o início decidi que iria advogar, a questão é que em meados de 2014 pouco se falava sobre precificação de honorários, somente existia a tabela da OAB e pronto.
Imagine a combinação explosiva: Inexperiência em precificação e gestão combinados com a ansiedade e pressa de quem acabou de se formar e anseia sucesso profissional.
Acreditava fielmente que quanto mais clientes melhor, independente da qualidade e do valor dos honorários, isso me custou tempo, paciência e um bom tempo.
Mas tudo vem com aprendizado e experiência, por isso eu gostaria de trazer algumas dicas para você meu colega advogado:
Atração fatal: O cliente de baixo orçamento
É fácil entender por que muitos profissionais e empresas se sentem atraídos por clientes de baixo orçamento. Eles representam uma oportunidade de negócio, e a pressão para manter um fluxo constante de trabalho muitas vezes leva à aceitação de projetos que, em circunstâncias ideais, seriam evitados. No entanto, essa atração pode rapidamente se transformar em uma armadilha financeira.
O custo oculto da tolerância financeira
A tolerância financeira, ou seja, aceitar trabalhar com clientes que têm dificuldades em pagar seus serviços, pode se traduzir em custos substanciais para os profissionais e empresas. Aqui estão alguns dos custos ocultos que podem surgir:
- Tempo e recursos desperdiçados: Trabalhar com clientes que pagam mal muitas vezes exige mais tempo e esforço para lidar com a negociação de preços, revisões incessantes e atrasos no pagamento. Isso pode resultar em uma redução da produtividade e na alocação de recursos valiosos para situações menos lucrativas.
- Impacto na qualidade do trabalho: Pressões financeiras podem levar a cortes de custos, resultando em produtos ou serviços de qualidade inferior. A reputação e a credibilidade da empresa podem ser prejudicadas, afetando futuras oportunidades de negócios.
- Estresse e insatisfação profissional: Lidar com clientes que não pagam bem pode ser extremamente estressante e desgastante. O profissional ou equipe pode ficar desmotivado e insatisfeito com seu trabalho.
- Risco de inadimplência: Clientes de baixo orçamento têm maior probabilidade de não pagar integralmente ou a tempo, resultando em perdas financeiras significativas.
A estratégia inteligente: Avaliar e qualificar clientes
Uma estratégia inteligente é avaliar e qualificar clientes com base em critérios financeiros sólidos. Isso inclui:
- Estabelecer preços justos: Definir preços que reflitam o valor dos produtos ou serviços prestados, evitando concessões excessivas.
- Ter políticas de pagamento claras: Estabelecer prazos e condições de pagamento claros e cumprir essas políticas de maneira consistente.
- Identificar clientes lucrativos: Concentrar-se em clientes que ofereçam oportunidades estratégicas de crescimento e lucro, alinhados com a missão e objetivos da empresa.
Encontre o equilíbrio financeiro
Em última análise, a decisão de aceitar ou não clientes de baixo orçamento deve ser cuidadosamente ponderada.
Encontrar o equilíbrio financeiro entre atender às necessidades dos clientes e manter a saúde financeira do seu negócio é essencial.
Não se deixe levar pela ilusão de que qualquer cliente é melhor do que nenhum cliente; em vez disso, valorize a qualidade sobre a quantidade e proteja sua empresa contra os custos ocultos da tolerância financeira.
Manoel Pereira Machado Neto
Comendador da Ordem do Mérito Anhanguera. Advogado inscrito na OAB GO sob o número 42.382 e SP 477.203 Ex-assistente de Desembargador TJ GO Ex- Advogado Setorial da Secretaria de Assistência Social.