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O leão engordou às suas custas? Quando saber que está sendo bitributado

Você já se perguntou se sua empresa está pagando mais impostos do que deveria? No complexo sistema tributário brasileiro, muitos negócios acabam enfrentando a bitributação sem nem mesmo saber.

domingo, 21 de abril de 2024

Atualizado em 19 de abril de 2024 14:30

No intrincado labirinto do sistema tributário brasileiro, as empresas se deparam com uma complexidade que vai muito além de simples cálculos de débitos e créditos fiscais. A legislação, vasta e em constante mudança, constitui um campo minado onde até o mais cauteloso dos empresários pode se ver preso nas armadilhas da bitributação. Este fenômeno, embora não seja novidade, continua a desafiar a eficiência e a sustentabilidade financeira das empresas em um cenário econômico já de si desafiador.

A arquitetura do sistema tributário nacional é composta por uma multiplicidade de impostos, taxas e contribuições, administrados em diferentes esferas: federal, estadual e municipal. Essa divisão traz consigo o risco de bitributação, ou seja, a cobrança de dois ou mais tributos sobre um mesmo fato gerador, penalizando injustamente o contribuinte. Essa sobreposição não apenas eleva o custo tributário das empresas mas também gera uma insegurança jurídica significativa, impactando diretamente no planejamento e nas decisões de investimento.

O impacto financeiro dos tributos sobre as empresas não se limita ao pagamento indevido ou em duplicidade. A complexidade do sistema gera custos administrativos elevados, dedicados ao cumprimento das obrigações acessórias, e desvia recursos que poderiam ser empregados na expansão do negócio, inovação e desenvolvimento tecnológico. Além disso, a incerteza gerada pela complexidade e pela constante alteração das normas tributárias compromete a capacidade de planejamento a longo prazo, essencial para a saúde financeira e o crescimento sustentado das empresas.

Você está pagando impostos demais?

No universo empresarial brasileiro, a falta de um planejamento tributário estruturado não é apenas uma falha administrativa; é uma brecha aberta para a bitributação. O planejamento tributário vai além do simples cumprimento das obrigações fiscais. Ele envolve a análise estratégica das operações da empresa com o objetivo de minimizar a carga tributária, dentro dos limites da lei, maximizando assim a eficiência financeira.

Empresas sem um plano tributário robusto correm o risco não só de pagar mais impostos do que deveriam mas também de incidir na bitributação. Isso ocorre porque, sem um mapeamento preciso das atividades e sem a compreensão das implicações tributárias de cada ação, é fácil cair nas armadilhas de pagar o mesmo tributo mais de uma vez, seja por falta de conhecimento, seja por interpretar erroneamente a legislação.

O planejamento tributário deve ser visto como um investimento e não como um custo. Através dele, é possível identificar oportunidades de aproveitamento de incentivos fiscais, créditos tributários e estratégias de compensação que podem significar uma grande economia no longo prazo. Além disso, um planejamento eficaz pode evitar contingências fiscais, reduzindo o risco de autuações e penalidades por parte das autoridades tributárias.

Por exemplo, a escolha do regime tributário mais adequado - Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real - é uma decisão fundamental que deve ser revisada periodicamente no contexto do planejamento tributário. Cada regime tem suas particularidades, benefícios e desafios, e o que é vantajoso para uma empresa em um determinado ano pode não ser no seguinte, dependendo de mudanças na legislação, na estrutura da empresa ou em seu volume de negócios.

Desconhecimento das atualizações na legislação

O desconhecimento das atualizações na legislação tributária é um terreno fértil para a bitributação e pode resultar em custos desnecessários para a sua empresa. A legislação tributária brasileira é notoriamente complexa e sujeita a frequentes mudanças, que podem alterar significativamente as obrigações fiscais das empresas e as estratégias para cumprimento destas. Sem um acompanhamento constante e atento dessas mudanças, as empresas correm o risco de não se beneficiar de novas oportunidades de economia fiscal ou de incorrer em pagamentos tributários indevidos ou duplicados.

Por exemplo, alterações nas alíquotas, mudanças nas regras de crédito tributário, ou a introdução de novos incentivos fiscais podem ser oportunidades para as empresas reduzirem sua carga tributária. Por outro lado, falhar em adaptar-se às novas regras pode não apenas resultar em bitributação mas também em penalidades por não conformidade.

Uma estratégia para mitigar esse risco é a implementação de um sistema de gestão tributária que inclua o monitoramento regular da legislação, tanto em nível federal quanto estadual e municipal. Isso pode ser feito internamente, por uma equipe dedicada, ou por meio da contratação de serviços externos de consultoria tributária especializada. Esses profissionais ou equipes devem estar preparados para interpretar rapidamente as mudanças legislativas e avaliar seu impacto sobre as atividades empresariais específicas, oferecendo recomendações práticas para ajustes na estratégia tributária.

Além disso, a utilização de tecnologia na gestão tributária pode ser uma aliada importante. Ferramentas e softwares de planejamento tributário podem ajudar a automatizar o acompanhamento das mudanças legislativas e a avaliar seus efeitos sobre a empresa. Essas soluções podem, por exemplo, alertar sobre deadlines para aproveitamento de créditos fiscais ou mudanças nas obrigações acessórias, contribuindo para uma gestão tributária mais eficiente e segura.

Estrutura empresarial e regime tributário inadequados

Empresas que operam sob uma estrutura ou regime tributário que não reflete adequadamente suas operações correm o risco de pagar impostos em duplicidade ou de não se beneficiarem de abatimentos e créditos fiscais a que teriam direito. Por exemplo, uma empresa que opta pelo regime do Simples Nacional sem compreender completamente as restrições e limites deste regime pode acabar pagando mais impostos do que se estivesse sob o Lucro Presumido ou Lucro Real, dependendo da sua margem de lucro e da natureidade das suas operações.

A estrutura empresarial pode influenciar diretamente as obrigações fiscais da empresa. Empresas constituídas como sociedades limitadas, por exemplo, podem ter uma carga tributária diferente daquelas constituídas como sociedades anônimas, especialmente no que se refere à distribuição de lucros e dividendos. A escolha entre uma e outra forma jurídica deve levar em consideração a legislação tributária vigente, bem como os objetivos de longo prazo da empresa e a natureza de suas operações.

A revisão periódica da estrutura e do regime tributário é essencial, especialmente em um ambiente de negócios dinâmico e com uma legislação tributária que está constantemente em mudança. Esta revisão deve ser realizada por profissionais qualificados em contabilidade e direito tributário, que possam oferecer uma análise detalhada das operações da empresa e recomendar ajustes estratégicos para minimizar a carga tributária, evitando assim a bitributação.

Falhas no aproveitamento de créditos fiscais

A não utilização ou falha no aproveitamento de créditos fiscais representa uma das principais formas pelas quais as empresas acabam sendo bitributadas, comprometendo significativamente a saúde financeira do negócio. Os créditos fiscais são direitos que a legislação concede às empresas, permitindo abater parte dos impostos a pagar com base em tributos já incididos sobre insumos, produtos ou serviços. Quando não aproveitados corretamente, esses créditos se transformam em custos adicionais desnecessários, afetando a competitividade e a rentabilidade da empresa.

Um exemplo clássico da falha no aproveitamento de créditos fiscais é encontrado no ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Muitas empresas não realizam a correta gestão desse imposto, seja por desconhecimento, seja por falhas no sistema de contabilidade, e acabam não se creditando de valores que poderiam reduzir significativamente a carga tributária. Situações similares ocorrem com PIS/Cofins, em que créditos sobre despesas operacionais e de capital podem ser recuperados.

Outro ponto crítico é o desconhecimento sobre a legislação de incentivos fiscais. Diversos programas de incentivo oferecidos pelos governos federal, estaduais e municipais são subutilizados pelas empresas por pura falta de informação ou por receio de incorrer em irregularidades fiscais. Esses incentivos, quando aplicáveis, podem diminuir substancialmente o montante de tributos a serem pagos, mas requerem um conhecimento apurado e atualizado das legislações vigentes.

Para evitar essas armadilhas e assegurar o máximo aproveitamento dos créditos fiscais disponíveis, as empresas devem investir em uma gestão tributária eficiente, que inclua:

  • Revisão contínua das operações e transações: Identificar todas as operações que possam gerar créditos fiscais e garantir sua correta classificação e registro contábil.
  • Capacitação e treinamento da equipe: Assegurar que a equipe responsável pela gestão fiscal e contábil esteja atualizada em relação às mudanças na legislação e apta a identificar oportunidades de crédito fiscal.
  • Uso de tecnologia: Adotar sistemas de gestão integrada (ERP) que facilitem o rastreamento e a documentação das operações tributáveis e dos créditos fiscais correspondentes.
  • Assessoria especializada: Contar com o suporte de consultorias tributárias que possam oferecer uma visão externa e especializada, identificando oportunidades de crédito não percebidas internamente.

A recuperação de créditos fiscais é um direito que, quando bem gerenciado, pode resultar em significativas economias tributárias, reduzindo o risco de bitributação e melhorando o fluxo de caixa das empresas. Portanto, uma abordagem proativa e bem informada é essencial para garantir que a empresa não pague mais impostos do que o estritamente necessário.

Mecanismos de defesa do contribuinte

No combate à bitributação e na busca por uma gestão tributária eficiente, as empresas dispõem de diversos mecanismos de defesa. Essas ferramentas são essenciais não apenas para a recuperação de créditos tributários indevidamente pagos, mas também como parte de uma estratégia proativa para evitar pagamentos excessivos de tributos. Explorar estes mecanismos requer um entendimento profundo do sistema tributário e uma vigilância constante sobre as práticas fiscais da empresa.

A auditoria fiscal interna é o ponto de partida para identificar potenciais problemas de bitributação. Este processo meticuloso de revisão das obrigações tributárias da empresa e de comparação com os tributos efetivamente pagos pode revelar pagamentos em duplicidade, créditos fiscais não aproveitados e possíveis erros na classificação fiscal de produtos ou serviços. A auditoria permite ainda avaliar a conformidade da empresa com as normas tributárias vigentes, minimizando o risco de penalidades por descumprimento.

O planejamento tributário vai além da simples adequação às normas fiscais; é uma ferramenta estratégica que busca otimizar a carga tributária da empresa. Por meio do planejamento tributário, as empresas podem estruturar suas operações de maneira a aproveitar incentivos fiscais, escolher o regime tributário mais vantajoso e realizar operações que maximizem os benefícios fiscais disponíveis. A análise estratégica das implicações tributárias de cada decisão de negócio é fundamental para evitar a incidência de bitributação e para assegurar que a empresa não esteja pagando mais impostos do que o necessário.

O suporte de consultores tributários especializados pode ser crucial, especialmente em casos complexos onde a legislação tributária é ambígua ou está sujeita a interpretações distintas. A consultoria especializada oferece um conhecimento profundo e atualizado da legislação tributária, bem como uma visão externa e objetiva sobre as práticas fiscais da empresa. Recorrer a consultores é particularmente útil na realização de auditorias fiscais, no desenvolvimento de estratégias de planejamento tributário e na condução de processos de recuperação de créditos tributários. Além disso, consultores especializados podem representar a empresa perante as autoridades fiscais, oferecendo suporte técnico em eventuais litígios tributários.

O emprego desses mecanismos de defesa deve ser parte integrante da gestão fiscal de qualquer empresa que deseja não apenas manter-se em conformidade com as obrigações tributárias, mas também assegurar uma posição fiscal otimizada. A vigilância constante, combinada com uma abordagem estratégica e proativa, é o melhor caminho para evitar a bitributação e maximizar a eficiência tributária.

Recuperando créditos tributários: Identificação dos créditos tributários

A identificação de créditos tributários representa o primeiro e fundamental passo no processo de recuperação de valores pagos a mais pelo contribuinte. Este procedimento exige uma análise detalhada das operações fiscais da empresa, com o objetivo de detectar pagamentos de impostos que podem ser recuperados, seja por bitributação, seja por pagamento indevido ou maior do que o devido. A eficácia deste processo depende de um conhecimento aprofundado da legislação tributária, bem como da capacidade de aplicá-la corretamente às circunstâncias específicas da empresa.

O escopo da identificação de créditos tributários abrange diversos tributos, tais como ICMS, PIS, Cofins, IPI, e ISS, entre outros. Empresas que operam em setores com cadeias de produção complexas ou que realizam uma grande quantidade de transações inter-estaduais estão particularmente expostas ao risco de bitributação e, portanto, podem se beneficiar significativamente da identificação de créditos tributários.

Para iniciar o processo, é crucial realizar um mapeamento completo das atividades fiscais da empresa. Isso envolve revisar declarações de impostos anteriores, notas fiscais de entrada e saída, registros contábeis e outros documentos fiscais relevantes. A utilização de tecnologias de gestão fiscal e contábil, como sistemas ERP integrados, pode facilitar significativamente este processo, permitindo uma coleta de dados mais ágil e precisa.

A identificação efetiva de créditos tributários também depende da capacidade da empresa em estar atualizada com a legislação tributária. Mudanças nas leis podem abrir novas oportunidades para a recuperação de créditos ou exigir ajustes nas estratégias de recuperação já em curso. Portanto, a educação contínua e o acompanhamento das atualizações legais são componentes indispensáveis deste processo.

Após a identificação preliminar de potenciais créditos tributários, é essencial realizar uma análise crítica para determinar a validade e a exequibilidade da reivindicação desses créditos. Esse processo deve considerar o prazo de prescrição para a reivindicação de créditos tributários, que, em geral, é de 5 anos a partir da data do pagamento indevido, bem como a documentação necessária para embasar a reivindicação.

Recuperando créditos tributários:  Processo de comprovação e reivindicação

A comprovação dos créditos tributários exige um rigoroso trabalho de coleta e análise de documentos fiscais, tais como notas fiscais de entrada e saída, comprovantes de pagamento de impostos, declarações fiscais anteriores e registros contábeis que evidenciem a ocorrência do pagamento indevido ou em duplicidade. É fundamental que toda a documentação esteja organizada e que as informações sejam claras e precisas, para demonstrar inequivocamente ao fisco a existência do crédito a ser reivindicado.

Uma vez reunida a documentação necessária, o próximo passo é a formalização do pedido de restituição ou compensação junto à autoridade tributária competente. Dependendo do tributo e da jurisdição, o pedido pode ser realizado por meio de procedimentos administrativos específicos, que geralmente são detalhados na legislação tributária. É importante estar atento às normas e aos prazos estabelecidos pela legislação para a realização desses procedimentos, evitando assim a perda do direito à restituição ou compensação por questões de decurso de prazo.

Durante o processo administrativo, a empresa poderá ser solicitada a fornecer informações adicionais ou esclarecimentos sobre a documentação apresentada. Por isso, a manutenção de um diálogo claro e aberto com as autoridades fiscais, preferencialmente conduzido por profissionais com expertise em direito tributário, pode facilitar o andamento do processo e aumentar as chances de uma resolução favorável para a empresa.

Em casos em que o pedido administrativo não resulte na recuperação dos créditos tributários, a empresa pode recorrer ao Poder Judiciário. A ação judicial deve ser considerada como última instância, após esgotadas todas as possibilidades de solução no âmbito administrativo. A decisão de ingressar com uma ação judicial deve levar em consideração uma análise criteriosa dos custos, dos riscos e do potencial benefício envolvido, bem como da solidez da documentação que suporta o crédito reivindicado.

Recuperando créditos tributários: Pedido administrativo vs. ação judicial

O caminho para a recuperação de créditos tributários pode se desdobrar por duas vias principais: a administrativa e a judicial. Cada uma dessas rotas tem suas peculiaridades, vantagens e desafios, sendo crucial compreender suas dinâmicas para tomar a decisão mais adequada à situação específica da empresa.

Pedido administrativo: A via administrativa é frequentemente a primeira opção explorada pelas empresas na tentativa de recuperar créditos tributários. Esse processo envolve a apresentação de um pedido formal de restituição ou compensação junto à autoridade fiscal competente, fundamentado na legislação tributária aplicável e apoiado por documentação comprobatória robusta. Uma das vantagens desse caminho é a possibilidade de resolução do pleito sem a necessidade de envolvimento do Poder Judiciário, o que pode significar uma solução mais ágil e menos onerosa. Entretanto, o sucesso do pedido administrativo depende largamente da capacidade da empresa em apresentar argumentos sólidos e documentação incontestável que comprove o direito aos créditos reivindicados. Além disso, é preciso estar preparado para possíveis solicitações de informações adicionais por parte da autoridade fiscal, o que demanda um acompanhamento ativo e diligente do processo.

Ação judicial: Quando o pedido administrativo não alcança o resultado esperado, seja por negativa da autoridade fiscal ou por demora excessiva na análise do pedido, a empresa pode optar por levar a questão ao Poder Judiciário. A via judicial permite que a disputa seja avaliada por um juiz ou tribunal, que determinará a legalidade da reivindicação dos créditos tributários com base na legislação e nos princípios jurídicos aplicáveis. A decisão de ingressar com uma ação judicial deve ser tomada após uma análise criteriosa dos custos, do tempo envolvido e das chances de sucesso, considerando a complexidade do caso e a jurisprudência existente sobre a matéria. Embora a via judicial possa resultar na recuperação dos créditos tributários, é uma opção que geralmente envolve um processo mais longo e custos legais significativos.

A escolha entre o pedido administrativo e a ação judicial não é excludente, e muitas vezes a estratégia mais eficaz envolve a utilização sequencial ou combinada dessas vias. Importante destacar que, independentemente da escolha, a preparação cuidadosa do caso e a apresentação de uma argumentação e documentação convincentes são fundamentais para o sucesso na recuperação dos créditos tributários.

Impacto da reforma tributária nas empresas: Algo muda para as empresas bitributadas?

A proposta central da reforma tributária é simplificar o sistema tributário brasileiro, um dos mais complexos do mundo. Atualmente, empresas enfrentam um emaranhado de impostos federais, estaduais e municipais, que muitas vezes resultam em bitributação ou em uma carga tributária excessivamente pesada. Com a reforma, espera-se a consolidação de vários impostos em um ou poucos tributos, o que poderia mitigar significativamente o problema da bitributação.

Um dos principais componentes da reforma tributária é a introdução de um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituiria tributos como ICMS, IPI, PIS e Cofins. Este novo imposto teria uma base de incidência ampla com alíquotas uniformes, o que poderia facilitar a gestão tributária das empresas e reduzir os casos de bitributação decorrentes da atual fragmentação do sistema tributário.

Além disso, a reforma prevê a simplificação das obrigações acessórias, reduzindo a burocracia e os custos associados ao cumprimento das normas fiscais. Este aspecto é particularmente relevante para pequenas e médias empresas, que muitas vezes são desproporcionalmente afetadas pela complexidade tributária.

Contudo, as empresas devem estar atentas às transições previstas na reforma tributária. A mudança de um sistema tributário para outro pode trazer desafios, especialmente no que tange à adequação dos sistemas de gestão fiscal e à reavaliação das estratégias de planejamento tributário. Nesse contexto, a preparação e a adaptação serão cruciais para aproveitar os benefícios da reforma sem incorrer em novos problemas fiscais.

Importante também é considerar o impacto da reforma tributária sobre os incentivos fiscais atualmente em vigor. A reestruturação do sistema tributário pode levar à revisão ou à eliminação de alguns desses incentivos, o que exigiria uma análise cuidadosa por parte das empresas para reavaliar suas estratégias fiscais.

Construindo uma cultura de conformidade e eficiência tributária

Construir uma cultura de conformidade e eficiência tributária é essencial para qualquer empresa que deseja se manter competitiva e sustentável no mercado atual. A complexidade do sistema tributário brasileiro exige que as equipes responsáveis pela gestão fiscal das empresas estejam constantemente atualizadas sobre as mudanças na legislação, novas práticas de mercado e tendências tecnológicas. A educação e o treinamento contínuos desses profissionais são fundamentais para garantir que a empresa não apenas cumpra com suas obrigações fiscais mas também se beneficie das oportunidades de otimização tributária. Programas de treinamento internos, participação em cursos externos, workshops e seminários são formas eficazes de manter a equipe informada e preparada para lidar com os desafios tributários.

A conformidade com as regras fiscais, conhecida como compliance tributário, é um dos pilares para a sustentabilidade financeira e a integridade empresarial. Uma cultura forte de compliance reduz significativamente os riscos de autuações fiscais e penalidades, que podem comprometer financeiramente a empresa e sua reputação no mercado. Implementar políticas claras de compliance, acompanhadas de processos internos de verificação e auditoria, são práticas que ajudam a assegurar a aderência às normas tributárias e a demonstrar a transparência e seriedade da empresa perante as autoridades fiscais e a sociedade.

O futuro da gestão tributária nas empresas está intrinsecamente ligado à tecnologia e à inovação. O uso de sistemas integrados de gestão empresarial (ERPs), inteligência artificial e análise de dados são tendências que estão remodelando a forma como as empresas administram seus tributos. Estas ferramentas não apenas automatizam e otimizam processos, reduzindo erros e aumentando a eficiência, como também proporcionam insights valiosos para a tomada de decisão estratégica na gestão tributária. Assim, as empresas que investirem na digitalização de seus processos fiscais estarão à frente, não só em termos de conformidade, mas também na capacidade de adaptação às constantes mudanças no ambiente tributário.

Análise final

Navegar pelo complexo sistema tributário brasileiro, com suas constantes mudanças e intricadas regulamentações, requer vigilância, conhecimento e estratégia. Ao longo desta discussão, identificamos várias áreas críticas onde as empresas podem estar inadvertidamente pagando mais impostos do que o necessário, muitas vezes resultando em bitributação. Essa dinâmica não apenas impõe um ônus financeiro desnecessário mas também desvia recursos que poderiam ser investidos no crescimento e inovação dos negócios.

A importância do planejamento tributário estratégico, o conhecimento contínuo das atualizações legislativas, a escolha da estrutura empresarial e do regime tributário mais adequados, bem como o aproveitamento correto de créditos fiscais, são fundamentais para evitar a sobrecarga tributária. Ademais, a implementação de mecanismos de defesa, como auditorias fiscais, e a possibilidade de recorrer tanto a vias administrativas quanto judiciais para a recuperação de créditos tributários são estratégias essenciais para manter a conformidade fiscal e otimizar a carga tributária.

A iminente reforma tributária, que promete simplificar o sistema tributário e, potencialmente, mitigar os desafios da bitributação, traz consigo tanto oportunidades quanto desafios. As empresas devem permanecer atentas às mudanças propostas, avaliando cuidadosamente como estas afetarão suas operações e estratégias fiscais. Adaptar-se proativamente às novas regras será crucial para maximizar os benefícios da reforma e garantir uma transição suave para o novo regime tributário.

A construção de uma cultura de conformidade e eficiência tributária, sustentada por uma educação contínua e pelo investimento em tecnologias de gestão fiscal, posiciona as empresas não apenas para navegar com sucesso pelo presente cenário tributário, mas também para se adaptarem às futuras mudanças legislativas e tecnológicas.

Portanto, o caminho rumo à eficiência e justiça tributária é contínuo e multifacetado. Envolve uma combinação de estratégias proativas de planejamento tributário, uma gestão fiscal diligente e o aproveitamento das tecnologias disponíveis. Assim, as empresas podem não apenas minimizar o risco de bitributação, mas também fortalecer sua posição competitiva no mercado, garantindo a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo.

Lidar com o sistema tributário brasileiro é complexo e exige habilidade, conhecimento da legislação vigente e um planejamento tributário eficaz. Com a reforma tributária, há expectativas de simplificação das normas, o que é essencial para a gestão eficiente dos negócios. A competência do empresário e a eficiência da equipe fiscal são fundamentais para tomar decisões estratégicas que influenciem positivamente os resultados financeiros da empresa.

Cada escolha estratégica, como a definição de políticas fiscais e o aproveitamento de incentivos, é crucial para evitar problemas como a bitributação e para aproveitar ao máximo as oportunidades de redução de custos tributários. O fisco está sempre atento para identificar qualquer inconsistência que possa resultar em maiores arrecadações.

Por isso, é importante que as empresas invistam em educação fiscal e em tecnologia para melhorar o gerenciamento tributário. Consultores especializados podem ser essenciais nesse processo, ajudando a navegar por este complexo sistema com mais segurança e eficácia. A gestão tributária não deve ser vista apenas como um objetivo a ser alcançado, mas como um processo contínuo de adaptação e melhoria, visando a prosperidade e a justiça fiscal.

Gilmara Nagurnhak

VIP Gilmara Nagurnhak

Pós Graduada em Direito Civil e Direito Processual Civil Pós Graduanda em Direito Tributário Uma advogada apaixonada pelo mundo empresarial!

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