MIGALHAS DE PESO

  1. Home >
  2. De Peso >
  3. DREX - Rumo à revolução financeira digital no Brasil

DREX - Rumo à revolução financeira digital no Brasil

Kamila Pereira da Silva Olmedo

O DREX é a nova CBDC do Banco Central do Brasil, visando inclusão financeira e redução de custos nas transações, impulsionando a inovação no setor financeiro.

terça-feira, 19 de março de 2024

Atualizado às 07:19

O pix é um sistema de pagamento criado pelo Banco Central do Brasil, sendo um grande sucesso desde a sua implementação, impulsionando a bancarização e a inclusão financeira no país. 

Agora, você conhece o DREX? 

Com o objetivo de alavancar a democratização de serviços financeiros, o Banco Central do Brasil criou o DREX, uma Central Bank Digital Currency. A CBDC é uma moeda digital emitida por um Banco Central, o qual lhe confere confiabilidade, estabilidade e previsibilidade, como ocorre com a moeda física. 

Assim, com o DREX, a pessoa irá transacionar com a própria moeda soberana, regulada pelo Bacen. Um dos objetivos do Bacen com a implementação desse novo sistema, além da inclusão financeira através de novos recursos tecnológicos, tornando os serviços financeiros mais acessíveis à população, é reduzir os custos das transações nas ofertas de crédito e investimentos, que hoje possuem custos elevados. 

Daí conferir acessibilidade para os serviços financeiros oferecidos, haja vista a possibilidade das instituições financeiras, fintechs e IP's construírem novos modelos de produtos e serviços financeiros com custos mais baixos, tudo com a utilização da plataforma do Drex que está sendo desenvolvida pelo Bacen em conjunto com o mercado, utilizando a tecnologia DLT. 

A DLT é uma sigla para "tecnologia de registro distribuído". Como o próprio nome sugere, é uma rede de registros de informações distribuídas por uma rede de computadores. Um banco de dados com informações compartilhadas e sincronizadas, atualizados de forma independente pelos nós participantes da rede, com registro temporal e uma assinatura criptografada exclusiva, garantindo a veracidade da informação. 

O grande desafio está sendo garantir em primeiro lugar a privacidade dos usuários, com vistas ao cumprimento integral da LGPD atendendo ao arcabouço legal, bem como, a criação de uma infraestrutura adequada para esta plataforma de ativos digitais. 

Você pode estar se perguntando, "se podemos transacionar já com o valor contido em uma conta digital da instituição de pagamento ou IF, por exemplo, para que precisar de uma moeda digital"? Que o Pix é eficiente para a solução dos pagamentos, isto não se discute.

Agora, o Drex vem como uma plataforma para solução de serviços financeiros, com registro de ativos, construindo operações de crédito com base nestes ativos, trazendo flexibilidade, segurança e um custo menor nas transações.

 Vejamos um exemplo da utilização da plataforma: aqui o indivíduo "A" está vendendo um automóvel no qual o indivíduo "B" está interessado, todavia, o indivíduo "A" não possui confiança em realizar o pagamento antes de que haja a transferência e, por sua vez, o indivíduo "B" se recusa a transferir este bem sem o recebimento do valor. 

A solução para este impasse é que, registrando a propriedade do bem na plataforma, através de um Smart Contract, a transferência da propriedade e o recebimento do valor ocorrem de forma simultânea, sendo que qualquer irregularidade neste processo impede a transação, não havendo prejuízo para nenhuma das partes. 

Conforme podemos observar do exemplo acima, reduziu-se um agente nesta negociação, o intermediador, atuando como intermediador o próprio Smart Contract, todavia, a um custo quase zero. 

Agora, ampliando para o cenário de serviços financeiros, poderíamos imaginar que um indivíduo possui uma poupança no tesouro direto e precisa de liquidez, todavia, não é melhor momento para fazer a liquidação do título. Assim, ele pode fazer um empréstimo de curto prazo oferecendo esta poupança em garantia e, assim que realizar o pagamento, pega novamente sua poupança do tesouro. Tudo isso à um custo baixo, sem a necessidade de intermediação de corretora, haja vista que o título estaria registrado na DLT, simplificando estes tipos de transações que hoje são complexas e custosas. 

Em conclusão, no Drex os reais que já estão em uma conta estarão sob um novo formato tecnológico, permitindo que os ativos que estejam dentro deste formato sejam transacionados de forma eficiente e segura. De acordo com o cronograma, a disponibilização do serviço estará disponível apenas a partir de 2025. 

Assim como o pix revolucionou os serviços de pagamentos, o Banco Central prevê que o real digital vem redesenhar o cenário dos serviços financeiros e, ainda, possibilitar a prevenção à lavagem de dinheiro e outros crimes contra o sistema financeiro.

-------------------------

Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/drex. Acessado em 10 de março de 2024.

Disponível em: https://descompliqi.com.br/dlt-distributed-ledger-technology/. Acessado em: 10 de março de 2024.

Kamila Pereira da Silva Olmedo

Kamila Pereira da Silva Olmedo

Advogada na Mascarenhas Barbosa Advogados.

AUTORES MIGALHAS

Busque pelo nome ou parte do nome do autor para encontrar publicações no Portal Migalhas.

Busca