Avanços da IA na advocacia
O avanço da IA no mercado de trabalho, inclusive no jurídico, gera incertezas. No entanto, a IA pode ser benéfica ao automatizar tarefas repetitivas, proporcionando praticidade e eficiência.
quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024
Atualizado às 09:40
O avanço da IA provoca mudanças e incertezas no mercado de trabalho. Há quem tenha receio de perder a profissão, ou ter diminuído seu campo de atuação, para a tecnologia. No mundo jurídico, esse pensamento parece ainda muito distante de nossa realidade, onde a maioria absoluta das funções depende da operação humana.
Mas como a IA pode ser encarada como benefício, executando funções auxiliares para a rotina de trabalho na profissão?
Em referência a diversas ferramentas já em uso, podemos vislumbrar como essa tecnologia pode ser benéfica ao trazer uma praticidade considerável ao trabalho manual e, algumas vezes, repetitivo. Dentre uma infinidade de softwares jurídicos, que nesse âmbito já são consideradas ferramentas tecnológicas, seja por compreenderem diversas funcionalidades em um só programa, seja por compilar múltiplos monitoramentos.
Na medida em que a tecnologia avança e se dissipa, mais dados são coletados e trabalhados para que ocorra o aperfeiçoamento da IA. De qualquer forma, a participação do usuário segue necessária para identificar as lacunas que o sistema não compreende, corrigir e tornar a ferramenta cada vez mais precisa.
Embora os softwares possam facilitar as operações, é crucial que os profissionais do direito saibam compreender e conduzir as ferramentas de maneira eficaz. A integração da IA pode proporcionar avanços significativos em termos de eficiência, precisão e licitude. Essa combinação promete um futuro empolgante para a prática dos operadores do direito.
Enquanto nos aventuramos pelo crescimento promissor da IA, não se pode ignorar a automação, a análise dos dados que os sistemas inteligentes prometem e a precisão com o campo legal. No entanto, cabe destacar, que embora seu crescimento seja revolucionário, os sistemas não estão isentos de falhas. Assim como os seres humanos, as IA's também estão sujeitas a cometer equívocos, sendo necessário seu uso consciente e uma colaboração entre a mente e a máquina.
Ademais, falando especificamente da rotina, é inevitável que haja uma evolução gradual das tecnologias em geral, principalmente as ligadas ao processamento de dados que auxiliem na tomada de decisões, o que contribui para a redução das possíveis falhas humanas.
Nesse contexto específico, podemos citar como exemplo ferramentas que estimem o êxito de uma demanda contenciosa, que permitam uma pesquisa jurídica mais avançada, que analisem documentos de maneira mais rápida, realizem atualização de valores, busquem jurisprudências, doutrinas e até mesmo elaborem peças processuais a partir de uma determinada discussão, automatizando tarefas repetitivas. A ideia é utilizar a tecnologia a nosso favor, considerando todas as cautelas de praxe.
As mudanças também impactam o Poder Público. Os avanços, já tangíveis em forma de digitalização de processos e sessões de julgamentos virtuais, devem ser ainda maiores com o uso da IA. Devidamente regulamentada, a ferramenta tem potencial de auxiliar na fiscalização, ou, ainda, na padronização de decisões conflitantes, uma rotina comum nos fóruns e tribunais do país.
É certo que a pandemia da covid-19 acelerou a transformação digital. Para a área jurídica, por exemplo, presenciamos a transição dos processos físicos para os eletrônicos, através de ambientes virtuais para peticionamento, distribuição de novas ações, consultas processuais, diversas solicitações e juntadas de documentos que antes eram feitas apenas de maneira presencial. Sem mencionar, neste momento, a questão ambiental onde a diminuição de utilização de papéis se torna notória.
Nesse sentido, sentimos que a tecnologia, quando utilizada a favor do usuário, é de grande valia.
Assim, a IA também tem seu papel fundamental, pois facilitará muitos serviços que demandam tempo e atenção de um ser humano que poderá realizar outra tarefa concomitantemente.
Em conclusão, observamos que a evolução tecnológica é uma aliada no âmbito jurídico, onde diversas funções exigem análises complexas e aplicação do conhecimento de forma contextualizada.
Portanto, ao utilizar a tecnologia, principalmente a IA, os profissionais de direito podem não apenas otimizar os processos produtivos, mas também contribuir para um ambiente mais sustentável e eficiente. O futuro já começou.
Bianca Calles
Advogada no Daudt, Castro e Gallotti Olinto Advogados.
Debora Carmo
Advogada do Daudt, Castro e Gallotti Olinto Advogados.
Leonardo Salvador
Advogado do Daudt, Castro e Gallotti Olinto Advogados.