Inteligência artificial e as modificações nas relações de trabalho
A IA transforma setores, incluindo o mercado de trabalho, gerando desafios e oportunidades. Funciona por meio de algoritmos treinados com dados, utilizando aprendizado de máquina e métodos contínuos.
terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
Atualizado em 26 de fevereiro de 2024 14:07
Como funciona a IA?
A IA funciona por meio de algoritmos que, ao serem treinados com conjuntos de dados, aprendem padrões e ajustam parâmetros para realizar tarefas específicas. Assim, em muitos casos, utiliza-se aprendizado de máquina, especialmente empregando métodos de aprendizado contínuo.
Qual o impacto da IA no mercado de trabalho?
A IA tem o potencial de automatizar muitas tarefas atualmente realizadas por humanos. Isso pode levar à perda de empregos em algumas áreas, como manufatura, serviços e atendimento ao cliente, conforme o relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023, do Fórum Econômico Mundial, organização sem fins lucrativos que realiza reuniões anuais em Davos, na Suíça. No entanto, a IA fomentará a criação de novos empregos, novas posições vão surgir, exigindo diferentes habilidades. Conforme o mesmo relatório, estima-se, conforme divulgado amplamente em meios de comunicação, que, até 97 milhões de novos empregos podem ser criados para atender à demanda por habilidades relacionadas à IA.
Qual a relação entre IA e emprego?
A relação entre IA e emprego é complexa. Em geral, a IA tende a substituir empregos que são repetitivos, previsíveis e não exigem muita criatividade ou pensamento crítico. Por outro lado, a IA pode criar empregos que exigem habilidades cognitivas mais complexas.
Os desafios e oportunidades da IA para o mercado de trabalho
Os principais desafios da IA para o mercado de trabalho são perda de empregos, desigualdade de habilidades e impacto social. As principais oportunidades da IA para o mercado de trabalho são criação de novos empregos, melhoria de produtividade e melhoria na qualidade de vida.
E qual a influência da IA na gestão de pessoas?
A inteligência artificial está transformando a Gestão de Pessoas de diversas formas. Dos processos de recrutamento, ao engajamento e desenvolvimento de lideranças, em todas as atividades relacionadas à Gestão de Pessoas, temos visto mudanças. Citamos algumas possíveis formas de utilização da IA na Gestão de Pessoas:
- automatizar tarefas administrativas: é possível automatizar tarefas como processamento de folha de pagamento, recrutamento e seleção de candidatos, otimizando o tempo de trabalho;
- analisar dados de desempenho: analisar informações de performance de empregados, padrões e tendências;
- personalizar treinamento e desenvolvimento: para atender às necessidades individuais dos empregados;
- gerenciar o capital humano: incluindo recrutamento, seleção, desenvolvimento, retenção e desligamento de empregados.
A IA tem o potencial de melhorar a eficiência e a eficácia da gestão de pessoas. No entanto, é importante usá-la de forma responsável e ética, sem que haja nenhum tipo de discriminação de empregados.
IA e Recursos Humanos: qual a ligação?
No que diz respeito aos Recursos Humanos, a IA pode ser empregada de várias maneiras, conforme exemplificado a seguir:
- recrutamento e seleção: para analisar currículos, realizar entrevistas por vídeo e até mesmo gerar recomendações de candidatos;
- desenvolvimento de pessoas: para estruturar planos de treinamento e desenvolvimento, fornecer feedback contínuo e até mesmo criar programas de aprendizagem automática;
- avaliação de desempenho: para interpretar dados de desempenho, fornecer feedback e até mesmo identificar empregados que precisem de treinamento;
- retenção de empregados: para analisar dados de satisfação dos empregados, identificar fatores de risco de rotatividade e até mesmo criar programas de retenção de talentos.
Quais habilidades serão valorizadas no futuro com o avanço da IA?
A evolução tecnológica está moldando o ambiente de trabalho, e o segredo é desenvolver habilidades complementares à IA. Assim, com maior ou menor ênfase, todos serão convidados a buscar: interpretação de dados; aprendizado de máquina e inteligência artificial; pensamento crítico e solução de problemas; criatividade e inovação; habilidades sociais e emocionais; adaptabilidade e flexibilidade; liderança e gestão de equipes; conhecimentos em ética e segurança da informação; aprendizado contínuo e curiosidade intelectual e habilidades de comunicação digital.
É incontestável que já estamos em uma nova fase, progressiva, por assim dizer, em que as habilidades cognitivas deverão ser desenvolvidas. Esse desenvolvimento virá da prática, por meio de atividades e cursos exigidos e promovidos pelas empresas.
A chegada da IA e da automação ao mercado de trabalho tem trazido desafios para diversas profissões. Com a capacidade de substituir trabalhadores de forma eficiente e com menor custo, essas tecnologias têm o potencial de impactar negativamente o emprego em alguns setores.
Porém, como mencionado anteriormente, algumas profissões não serão eliminadas, no entanto passarão por alterações que exigirão treinamento cognitivo. Em outras palavras, haverá máquinas para execução de determinadas atividades, mas elas necessitarão do raciocínio humano para validação do trabalho executado.
Em meio a todas essas mudanças como fica a intervenção dos sindicatos?
A era da tecnologia está revolucionando a maneira como os sindicatos se comunicam com os membros de suas categorias, seja para fiscalizar as atividades das empresas, seja para fornecer orientações e treinamentos para as categorias.
Os benefícios da aplicação da inteligência artificial nessa relação são diversos, mas podemos destacar alguns: personalização da comunicação; análise de dados inteligente; resposta rápida; análise de pautas nas redes sociais; personalização de conteúdo; percepção das mudanças no mercado em tempo real.
A IA está revolucionando a comunicação sindical, tornando-a mais eficaz, eficiente e orientada para as necessidades e os anseios dos empregados. À medida que a tecnologia continua a evoluir, é essencial que os sindicatos estejam atentos às possibilidades de melhorar o relacionamento com suas bases e avançar na busca por melhorias.
A IA possibilitará uma comunicação sindical mais inteligente, dinâmica e focada. Ela não apenas conecta sindicatos a seus filiados de maneira mais profunda, mas também os capacita a moldar o diálogo social de maneira mais eficaz, além de acompanhar de forma mais próxima toda mudança no perfil dos empregados
Juliana Cerullo
Advogada Sócia Líder da Área Trabalhista do escritório Ronaldo Martins & Advogados.