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O compliance e as políticas empresariais ESG

Globalização exige transparência e coerência nas negociações corporativas, indo além da conformidade legal. Empresas agora valorizam ética e princípios ESG como parte fundamental da governança corporativa.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Atualizado às 14:07

A partir da globalização e de um mercado cada vez mais exigente quanto às práticas e políticas ESG (ambientais, sociais e de governança), é imprescindível que as negociações entre empresas que integram o cenário corporativo  sejam cada dia mais transparentes e coerentes com os valores sociais modernos.

As empresas estão indiscutivelmente transpondo a mera conformidade com as leis e regulamentos intrínsecos e extrínsecos à organização - agora, não basta simplesmente atender as normas, mas também aderir a valores e princípios como ética, moral e transparência. Isso vale não apenas para conduzir os negócios, mas na dinâmica subjetiva individual dos que compõem uma organização, um importante vértice de governança corporativa e um vetor de condução coletiva para a melhoria social.  

Estar em compliance, portanto, passou a significar o conhecimento das normas ordenadas e coerentes com a fundamental ética e idoneidade das decisões da corporação, integrando de forma sistêmica e visceral o ideal das práticas ESG.

Nessa visão, trata-se de um investimento claro em pessoas, processos e conscientização dentro da organização, o que implica num compromisso individual de cada membro da empresa e se relaciona com as metas definidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, previstos pela ONU em 2015 e que compõem a agenda global para orientar o futuro da humanidade até 2030.

Entre seus principais objetivos está o engajamento da alta liderança como exemplo de padrões de honestidade e integridade para os demais membros da sociedade, pois o trabalho com transparência, na qual todos os envolvidos agem com ética e idoneidade nas suas funções, fomenta a disseminação da cultura de cristalinidade, atendendo ao fim social da empresa.

Aliado a isso e à observância das ODS, promove-se o fortalecimento da cultura da sustentabilidade ambiental e social no universo corporativo, tornando os negócios mais eficientes, responsáveis, lucrativos e competitivos. Isso ocorre porque a adoção de uma metodologia para cumprimento dos ODS vem acompanhado do compromisso empresarial de mitigação dos riscos impostos ao ambiente interno e externo, fortalecendo as relações do negócio com o mercado.

Em outras palavras, os valores éticos assumidos, ao mesmo tempo que materializam a equidade e o respeito à diversidade e inclusão de pessoas, transmitem aos consumidores o ideal de que o suprimento de produtos ou serviços atenderá aos padrões de qualidade e razoabilidade esperados.

Os benefícios da adoção das práticas de compliance e ESG são incontáveis. Dentre eles, destaque para a reputação sustentável baseada na ideia de que a empresa está focada em valores e comprometida com a minimização de impactos no meio ambiente e maximização de impactos positivos na vida em sociedade.

As oportunidades de negócios, por meio do redirecionamento dos investimentos públicos e privados, é outra vertente que alia o interesse empresarial com a melhora da vida em sociedade, abrindo novos mercados para aqueles que estão comprometidos com compliance e ODS, maximizando a lucratividade e ampliando as possibilidades de entrega de soluções inovadoras para mercados em ascensão.

A sustentabilidade corporativa, igualmente, auxilia as empresas em tomadas de decisões mais conscientes e, por vezes, mais econômicas, reforçando o compromisso com os interessados, em especial empregados, fornecedores e agentes públicos, pois estão menos expostos aos riscos decorrentes da ilegalidade - principalmente aqueles de origem reputacional. 

É importante ter em mente, porém, que compliance, ESG e ODS não são sinônimos de um único objetivo, mas práticas, caminhos e alternativas conectadas que fomentam a função social da empresa na sua mais ampla concepção. 

Logo, ao explorar os conceitos de cada vértice debatido, entende-se que eles vão além das barreiras legais e regulamentares, pois incorporam princípios de integridade e conduta ética que extrapolam o microcosmo empresarial e atingem a coletividade, justificando, pois, sua essencialidade.

Fundamentadas na transparência, as práticas discutidas, se correta e seriamente aplicadas, geram impactos positivos na imagem da empresa perante a sociedade, reduzindo sensivelmente exposições reputacionais e o ostracismo, na medida em que garantem a consolidação das condutas da organização com base em valores reais e tangíveis.

Priscila Novis Kirchhoff

Priscila Novis Kirchhoff

Sócia da prática Trabalhista do Trench Rossi Watanabe.

Carlos Eduardo Corrêa de Morais

Carlos Eduardo Corrêa de Morais

Advogado sênior da prática Trabalhista do Trench Rossi Watanabe.

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