A infâmia do dia 8 de janeiro de 2023
Um ano após os atos extremistas em Brasília, a democracia prevaleceu. O evento destacou a necessidade de vigilância contra autoritarismo e extremismo de direita. Os atos visavam atacar símbolos democráticos e o patrimônio público, não apenas causar tumulto.
terça-feira, 9 de janeiro de 2024
Atualizado às 14:35
No último dia 8 de janeiro desse ano, completou 01 ano dos lamentáveis atos de barbárie praticados em Brasília por delinquentes extremistas, que representaram atentados graves e inomináveis contra as instituições democráticas e republicanas , e contra o patrimônio público.
A democracia e a república saíram vitoriosas, mas deixaram o aprendizado de que devemos estar sempre alertas contra o autoritarismo e as manobras nefastas da extrema direita.
A turba de delinquentes que saquearam e destruíram as sedes dos três poderes da república não pretendiam apenas, como pensam , criminosamente, os extremistas, fazer baderna, mas sim perpetrarem crimes contra o patrimônio público e contra os símbolos da democracia e da república.
Cometeram sim crimes capitulados em nosso Código Penal e foram, acertada e severamente punidos, e ainda o serão, pelo STF, cujas penas não foram exorbitantes, seja devido à gravidade das condutas, seja devido ao somatório de crimes que lhes foram imputados.
Poder-se - ia até entender que de tentativa de golpe de estado não se cuidou, seja porque não houve uma mobilização popular a tanto necessária, seja porque alguns setores das Forças Armadas não encamparam esse intento, seja porque os governadores não aderiram como um todo a um possível golpe, seja porque a elites dominantes não aderiram a esse propósito, seja, finalmente, porque Bolsonaro fugiu, é um inepto e covarde, não sabendo promover , minimamente, a organização de que um golpe de estado precisa.
Todavia, se na cabeça de Bolsonaro isso não passou, a turba virulenta que assolou a sede dos três poderes ao menos contava com a adesão de alguns setores das Forças Armadas, mesmo porque estes permitiram as aglomerações em acampamentos em quarteis do Exército pelo país afora e podem ter despertado na mente desses bandidos o desiderato do golpe. A tudo isso se alia o que ocorreu nos quatro anos de governo Bolsonaro, onde se pretendeu, com diversas atitudes, destruir e desacreditar as instituições republicanas.
Por outro lado, se de tentativa de golpe de estado não se cuidou, ao menos não se pode afastar a imputação dos crimes de atentado violento ao estado democrático de direito, dano ao patrimônio público e organização criminosa.
É fato que as pessoas que compõem essa horda devem ser punidas exemplarmente em nome do respeito à república e à democracia.
Não se pode perder de vista que esses movimentos de extrema direita pululam no mundo a partir do limiar do século XXI, do que resulta a forçosa conclusão de que as forças democráticas devem ficar atentas contra o anarcocapitalismo, em que se prega a liberdade sem limites, até mesmo para atacar as instituições democráticas e cometer crimes de todas as naturezas, fazendo com que, mesmo que por outro viés, os ares do nazi-facismo tomem novamente assento.
Com efeito, a democracia nunca é um projeto pronto, acabado e definitivo, devendo ser , proativa e defensivamente, cultuada no tempo e no espaço. Se dormitar, pode ser colhida por revezes excruciantes.
Por fim, cabe assinalar, para os menos avisados, que configura , sem sobra de dúvidas, teoria da conspiração tentar imputar, como fazem alguns extremistas, aos esquerdistas supostamente infiltrados a prática dos malfadados atos anti - democráticos aqui repudiados. De fato, nem dos atos criminosos praticados a olhos vistos, nem dos processos que tramitam no STF contra esses desordeiros se pode depreender tal coisa.