A engenharia de produção na advocacia: rumo à eficiência máxima
A engenharia de produção instiga uma cultura de melhoria contínua. A eficiência na gestão, redução de custos, cumprimento de prazos e automação contribuem para uma maior produtividade, permitindo que os advogados direcionem seu foco tanto para atividades estratégicas quanto para a excelência no atendimento ao cliente.
terça-feira, 10 de outubro de 2023
Atualizado às 08:14
Ao buscar um escritório de advocacia, o cliente almeja mais do que apenas bons advogados. Ele espera um atendimento de alta qualidade, uma gestão eficiente da sua carteira de processos e resultados otimizados. Para isso, é essencial que o escritório possua uma equipe capacitada, multidisciplinar e atualizada, complementada por recursos tecnológicos que maximizem as demandas. Este é o padrão nos principais escritórios de advocacia do mundo e representa a filosofia de "Customer Centric", ou seja, colocar o cliente no centro das decisões.
Embora a aplicação dos princípios da engenharia de produção possa parecer complexa, quando adequadamente implementados, esses conceitos levam o escritório a uma gestão mais eficiente, reduzindo custos, melhorando a qualidade dos serviços jurídicos e economizando tempo. Isso permite realçar as competências, identificar pontos de melhoria e corrigir falhas, facilitando o alcance de resultados notáveis para os clientes.
Utilizando a engenharia de produção, é viável detectar e corrigir processos ineficientes no escritório, seja na gestão de documentos, agendamentos ou fluxos de trabalho. Esta eficiência se traduz em economia de tempo e recursos. A automação de tarefas cotidianas pode impulsionar a produtividade e minimizar falhas humanas. No entanto, é um erro acreditar que a tecnologia sozinha é a solução para todos os problemas. Na verdade, a tecnologia é apenas a superfície, enquanto os processos bem definidos formam a base sobre a qual ela atua.
Infelizmente, nas faculdades de Direito, não somos instruídos sobre as ferramentas ensinadas nas engenharias, criando um desequilíbrio em eficiência operacional. Estas ferramentas não são restritas apenas a grandes firmas, elas têm o potencial de transformar a rotina de todos os advogados. Algumas delas incluem: PDCA (Plan-Do-Check-Act), 5W2H (What, Why, Who, When, Where, How, How Much), Six Sigma, Kaizen (Melhoria Contínua), Diagrama de Ishikawa, Fluxograma, Diagrama de Gantt, Análise SWOT, e Kanban.
Uma perspectiva de engenharia pode descobrir formas de diminuir custos operacionais sem prejudicar a qualidade dos serviços. Ela também auxilia na criação de programas de treinamento contínuo para a equipe, garantindo sua atualização com as melhores práticas e inovações tecnológicas. Além disso, a engenharia de produção permite a implementação de padrões de qualidade, minimização de erros e uma alocação eficaz de recursos.
No começo de 2023, pude observar de perto como os principais escritórios de advocacia operam, durante minhas visitas à Legal Week em Nova Iorque e à Legal Geek em Londres. Nessas ocasiões, tive a oportunidade de conhecer escritórios renomados, como DLA Piper, Hogan Lovells e Allen & Overy. Esta experiência reforçou minha percepção de que a interdisciplinaridade é o caminho futuro para os escritórios. Muitos já contam com a figura do LPM (Legal Project Management), responsável pela gestão de projetos jurídicos.
Em resumo, a engenharia de produção instiga uma cultura de melhoria contínua. A eficiência na gestão, redução de custos, cumprimento de prazos e automação contribuem para uma maior produtividade, permitindo que os advogados direcionem seu foco tanto para atividades estratégicas quanto para a excelência no atendimento ao cliente.
Matheus Xavier Coelho
Advogado. Sócio da Jacó Coelho Advogados. Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Especialização em Propriedade Intelectual pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC RJ), Especialização em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é empreendedor e visionário. Tem experiência de mais de 10 anos em gestão, sendo responsável ainda pelo desenvolvimento de projetos e inovação. Além disso é co-fundador da empresa HeyHub e membro do Lide Goiás.