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Dai ao juiz de carreira o que é dele

O que se aspira é ratificar a confiança da sociedade nas instituições democráticas e assegurar aprimoramento do sistema judiciário brasileiro, a partir da garantia de decisões, pelo STF, que prezem pela proteção dos direitos, liberdades dos cidadão e, acima de tudo, pela Justiça.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Atualizado às 14:47

A aposentadoria de mais um ministro do STF - a segunda neste 2023 - nos acende a luz da aflição que há muitos anos assola a magistratura brasileira: a ausência de porcentagem que assegure aos juízes de carreira ocupar uma das vagas destinadas aos ministros da Suprema Corte. 

Não se deseja aqui apelar para a repetição enfadonha do tema a exemplo de como bem colocou Machado de Assis, ao afirmar que "a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas". Mas, como uma das representantes da magistratura, tenho o compromisso de, mais uma vez, chamar a atenção para esta que é uma das maiores falhas do nosso sistema de Justiça.

Tão certo como é legitimado ao professor o ofício de ensinar, é urgente e necessário reconhecer na forma da lei o direito do juiz de carreira de ocupar parte das 11 vagas dos ministros do STF, para que se possa, assim, preservar a independência, competência, credibilidade e integridade da mais alta Corte do Brasil, e "dar a Cezar o que é de Cezar"; ou seja, ao juiz de carreira a permissão de apropriar-se do posto que lhe é legítimo. 

É o juiz de carreira quem tem todo o preparo acadêmico, comprovado em diversas etapas para o ingresso na profissão; qualificação, experiência prática, compromisso com a Justiça, e detém o saber-fazer decidir sobre demandas que afetam diretamente a vida de milhares de pessoas. É ele o agente guardião da democracia, cumpridor das leis, capacitado a julgar e decidir sem vícios ou categorizações conceituais. 

Temos uma Corte que merece ter preservada a honrada história que carrega, e a garantia de ter em sua composição juízes de carreira contribui significativamente para a alta qualificação de seus quadros, manutenção da conduta ilibada de seus membros e a tão almejada inteira independência do Poder Judiciário. 

O que se aspira é ratificar a confiança da sociedade nas instituições democráticas e assegurar aprimoramento do sistema judiciário brasileiro, a partir da garantia de decisões, pelo Supremo Tribunal Federal, que prezem pela proteção dos direitos, liberdades dos cidadão e, acima de tudo, pela Justiça. 

Patrícia Carrijo

Patrícia Carrijo

Juíza, presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) e vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).

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