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Aumento de carga tributária não é reforma

É do conhecimento de todos que aumento de carga tributária gera além da fuga de investimentos, queda nos índices econômicos. E o Brasil não precisa seguir o exemplo dos seus vizinhos.

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Atualizado às 13:53

A reforma tributária, nos moldes da PEC 45, não fará a economia crescer. A crença de que a reforma irá beneficiar a maioria dos Estados e Municípios brasileiros, é feita com base no princípio centralizador e distributivo da reforma tributária, além dos aumentos contidos na proposta.

Centralizador, pois o objetivo é tirar a gestão da arrecadação dos municípios que é onde as pessoas vivem e dos Estados, levando tudo para a União, fortalecendo o poder político.

A prefeitura é e continuará responsável pelas praças, calçadas, creches e escolas básicas. No entanto deixará de ser responsável pela gestão dos recursos que arrecada, que passará para o comitê gestor em Brasília.

Distributivo, pois este comitê gestor pretende distribuir os impostos arrecadados pelos municípios e Estados que mais arrecadam com os municípios e Estados que menos arrecadam.

Tirar de A e passar para B, não faz a economia crescer, apenas troca de lugar, permanecendo o total inalterado. Acreditar que a redistribuição de tributos fará justiça social e propiciará o crescimento da economia é um equívoco, pois não é trocando a riqueza de lugar que se resolverá o problema da pobreza.  Se resolve a pobreza criando riqueza, ou seja emprego, oportunidade e renda.

Outro aspecto da Reforma é a previsão nela contida de aumento de carga tributária. O Artigo 20 da PEC 45, dá autonomia aos Estados para criar um imposto a incidir sobre o setor agropecuário, mineração e petróleo, que duraria até 2043, em substituição ao fundo de participação que será extinto. 

O nivelamento de alíquotas igualando serviços que hoje ficam em média em 5% de ISS para até 25 ou 30% do IVA trará aumento de carga para o setor responsável por 70% dos empregos no Brasil.

Não podemos esquecer que é a economia em alta que gera tributos, quanto maior o faturamento de uma empresa mais empregos e tributos ela gera. Uma reforma tributária, só conseguirá fazer justiça social se conseguir fazer a economia crescer.

Aumento de carga tributária é inibidor de investimentos. Com a carga tributária do setor de serviços passando de 5% para 25%, temos o risco de desemprego. Desemprego gera reação em cadeia, já estamos vendo grandes redes varejistas fechando suas portas e o índice de empresas com pedido de Recuperação Judicial aumentando nos quatro cantos do país. Não é hora de aumentar a carga tributária. 

Fonte de renda é a economia crescendo, pois é ela e o faturamento das empresas que gera o tributo. Tributo é portando mera consequência do sucesso econômico de uma nação. Quanto maior o número de empresas e seu faturamento, maior a arrecadação tributária.  

Portanto o foco para a economia crescer não é arrecadação de tributos em si. A arrecadação de tributos é apenas uma consequência, um reflexo da economia. O foco deve ser o crescimento da economia.

O problema da Reforma Tributária é que está ela está focada em aumentar e distribuir a arrecadação, enquanto deveria se preocupar na verdade com a fonte que gera a arrecadação que é o crescimento da economia.

É do conhecimento de todos que aumento de carga tributária gera além da fuga de investimentos, queda nos índices econômicos. E o Brasil não precisa seguir o exemplo dos seus vizinhos.

Ivo Ricardo Lozekam

VIP Ivo Ricardo Lozekam

Tributarista. Diretor do Grupo Lz Fiscal. Articulista da IOB, Thomson Reuters entre outras. Membro da Associação Paulista de Estudos Tributários e do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.

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