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Por onde anda o 'G' da sigla ESG?

É preciso que as lideranças e os executivos das empresas estejam realmente comprometidos com as boas práticas de governança.

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Atualizado às 15:16

A pauta ESG (da sigla em inglês de responsabilidade ambiental, social e de governança) tem se popularizado no Brasil e no mundo de forma crescente e se tornou mandatória no mundo corporativo. Mais do que boas práticas voltadas para sustentabilidade, a sigla ESG vem se consolidando como a mais relevante referência no negócio para a criação de valor no longo prazo. Contudo, há que se estabelecer mais equilíbrio entre as ações e programas que compõem a agenda ESG. O chamado para ações voltadas para uma agenda ambiental e social está devidamente pautado e responde pelas letras E (Environment) e S (Social), enquanto o "G" da sigla, isto é, a governança corporativa, não vem recebendo a devida atenção por parte do mercado.

Governança diz respeito à forma como uma empresa é administrada e monitorada, envolve o relacionamento da alta administração, sócios, comitês, órgãos de fiscalização e controle, demais partes interessadas e, sobretudo, os valores éticos e a transparência colocados em prática. 

Sabe-se que no Brasil 42% das empresas valorizam a agenda social e 26% aprovam as ações ambientais corporativas. Mas apenas 14% valorizam a métrica da governança corporativa, de acordo com uma pesquisa conduzida pela Manpower Group sobre práticas ESG no mundo corporativo. 

Percebe-se que as iniciativas de governança tendem a ser vistas como de baixo apelo para a sociedade por serem vistas como procedimentos meramente burocráticos. A governança corporativa não cabe na vitrine corporativa, ao contrário de iniciativas voltadas para as áreas social e ambiental.

Ao mesmo tempo, assistimos, recentemente, a escândalos envolvendo empresas que demonstraram falhas em critérios de governança, como o caso das Lojas Americanas. Outra pesquisa, conduzida pela ACE Cortez explica: 43% das empresas avaliadas enfrentam dificuldades em gerar resultados em projetos por falta de governança.

Ora, certo é que valorizar o pilar da governança é um fator que pode evitar problemas no sistema organizacional das companhias, tanto pela transparência que a prática propõe, quanto pelo monitoramento e pela gestão de controle de risco.

Vale lembrar que o G é transversal e integra todas as demais ações ESG da empresa. A transparência, considerada uma das bases da governança corporativa, é o alicerce para que ações voltadas para o meio ambiente e para o social aconteçam.  Sem governança a longevidade da empresa fica ameaçada.

Por fim, não se pode esquecer que somente o desenho da governança não é suficiente para dar conta de gerenciar os desafios. Ela precisa sair do papel e tomar corpo no dia a dia do negócio, por meio das decisões que são tomadas e dos modelos de comportamentos adotados. É preciso que as lideranças e os executivos das empresas estejam realmente comprometidos com as boas práticas de governança. O caminho precisa ser pavimentado para, então, ser trilhado.

Mauricio Bove

Mauricio Bove

Sócio responsável pelas áreas de Governança, Riscos e Compliance do LP LAW | Lopes Pinto Advogados Associados.

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