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A nova era da inquisição digital

Somente assim poderemos construir uma sociedade digital mais justa, onde a verdade prevaleça, a liberdade seja respeitada e a dignidade de cada indivíduo seja protegida.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Atualizado às 08:38

Assim como a Inquisição Espanhola marcou um período obscuro da história, a era digital nos confronta com a "Inquisição Digital", onde a livre opinião e a exposição de pessoas na Internet sem controle adequado têm consequências devastadoras.

Assim como a verdade muitas vezes era subjugada durante a Inquisição Espanhola em meio a perseguições e desinformação, hoje testemunhamos a disseminação de informações falsas e difamatórias que podem queimar reputações e danificar a integridade das pessoas.

A disseminação de desinformação na Internet não apenas traz impactos sociais e éticos, mas também implica questões legais complexas. A falta de controle sobre o que é compartilhado online pode resultar em sérias consequências jurídicas para as vítimas de calúnias, difamações e violações de privacidade.

A Inquisição Espanhola foi caracterizada pela perseguição e tortura daqueles que desafiavam a narrativa oficial ou questionavam as crenças estabelecidas. Da mesma forma, a Internet proporciona uma liberdade de expressão sem precedentes, permitindo que qualquer indivíduo compartilhe opiniões e informações em questão de segundos. Contudo, essa liberdade sem controle adequado abre caminho para a propagação de notícias falsas e teorias da conspiração, prejudicando a busca pela verdade e comprometendo a integridade da informação.

Nessa "Inquisição Digital", plataformas de mídia social e sites de compartilhamento de conteúdo muitas vezes priorizam o engajamento e a viralidade em detrimento da veracidade das informações. Esse fenômeno resulta nas chamadas "bolhas de filtro", onde as pessoas são expostas apenas a conteúdos que reforçam suas crenças, aprofundando as divisões sociais e dificultando a formação de um consenso baseado na verdade.

Em paralelo à Inquisição Espanhola, em que os indivíduos eram perseguidos mesmo após a morte, a exposição negativa na era digital pode assombrar alguém indefinidamente, causando danos duradouros a sua reputação e memória. A disseminação irresponsável de informações pode levar a violações de privacidade e riscos à segurança, criando uma sensação de vulnerabilidade e desconfiança em relação à Internet.

O cenário digital, assim como o da Inquisição Espanhola, também tem implicações legais complexas. As vítimas de calúnias e difamações podem buscar reparação por danos à sua reputação, mas a abordagem legal enfrenta desafios quando se trata da Internet global e da natureza anônima de alguns usuários.

A disseminação de desinformação na Internet não apenas traz impactos sociais e éticos, mas também implica questões legais complexas. A falta de controle sobre o que é compartilhado online pode resultar em sérias consequências jurídicas para as vítimas de calúnias, difamações e violações de privacidade.

Para enfrentar essa "Inquisição Digital", é essencial que as plataformas digitais assumam uma maior responsabilidade na moderação do conteúdo compartilhado em suas redes. Algoritmos devem ser aprimorados para priorizar informações precisas e confiáveis, enquanto equipes humanas especializadas devem ser empregadas para revisar e verificar materiais potencialmente prejudiciais.

Além disso, os usuários também têm um papel crucial na busca pela verdade na era digital. É fundamental que todos sejam capacitados para identificar informações falsas e verificar a credibilidade das fontes antes de compartilhá-las. O incentivo ao pensamento crítico e à educação digital ajudará a construir uma sociedade digital mais consciente e ética.

A proteção dos direitos individuais e da democracia deve ser um objetivo comum. O fortalecimento das leis relacionadas à desinformação, a responsabilização por calúnias e difamações, a regulamentação inteligente das plataformas e um melhor conhecimento do caso do poder Judiciário que muitas das vezes mostrar total desconhecimento do caso são primordiais para inibir as práticas abusivas são peças fundamentais desse quebra-cabeça.

À medida que continuamos a evoluir na era digital, devemos aprender com os erros do passado e superar os desafios do presente.

Somente assim poderemos construir uma sociedade digital mais justa, onde a verdade prevaleça, a liberdade seja respeitada e a dignidade de cada indivíduo seja protegida.

Thiago Massicano

Thiago Massicano

Especialista em direito empresarial. Sócio-fundador do escritório Massicano Advogados & Associados.

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