Como o episódio depressivo grave afeta o indivíduo?
A ideação suicida, se existe, é considerada fator de risco entre indivíduos com quadro depressivo. Essa possibilidade, considerando o diagnóstico é muito maior que na população geral, especialmente quando houve tentativa anterior de autoextermínio, motivo pelo qual a adesão ao tratamento é fundamental.
segunda-feira, 17 de julho de 2023
Atualizado às 13:51
A Associação Americana de Psiquiatria em seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua 5ª edição, DSM-5 deixa claro sobre o Episódio Depressivo:
Critérios Diagnósticos |
A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. |
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas. |
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias |
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta |
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. |
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias. |
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. |
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias |
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias. |
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. |
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. |
C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. |
D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. |
E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco. |
Ao levantar o diagnóstico de Transtorno Depressivo maior, é necessário também definir a gravidade do quadro, ou seja, seu especificador, podendo ser leve, moderada ou grave.
Critérios Diagnósticos |
A gravidade está baseada no número de sintomas dos critérios, em sua gravidade e no grau de incapacitação funcional. |
Leve: Caso ocorram, são poucos os sintomas presentes além daqueles necessários para fazer o diagnóstico, a intensidade dos sintomas causa sofrimento, mas é manejável, e os sintomas resultam em pouco prejuízo no funcionamento social ou profissional. |
Moderada: O número de sintomas, sua intensidade e/ou o prejuízo funcional estão entre aqueles especificados para "leve" e "grave". |
Grave: O número de sintomas está substancialmente além do requerido para fazer o diagnóstico, sua intensidade causa grave sofrimento e não é manejável, e os sintomas interferem acentuadamente no funcionamento social e profissional. |
Ainda, no caso da depressão, é importante diferenciar da tristeza, que segundo o DSM-5:
[...] períodos de tristeza são aspectos inerentes à experiência humana. Esses períodos não devem ser diagnosticados como um episódio depressivo maior, a menos que sejam satisfeitos os critérios de gravidade (i.e., cinco dos nove sintomas), duração (i.e., na maior parte do dia, quase todos os dias, por pelo menos duas semanas) e sofrimento ou prejuízo clinicamente significativos.
O diagnóstico de outro transtorno depressivo especificado pode aplicar-se a apresentações de humor deprimido, com prejuízo clinicamente significativo que não satisfazem os critérios de duração ou gravidade.
A ideação suicida, se existe, é considerada fator de risco entre indivíduos com quadro depressivo. Essa possibilidade, considerando o diagnóstico é muito maior que na população geral, especialmente quando houve tentativa anterior de autoextermínio, motivo pelo qual a adesão ao tratamento é fundamental.
Elise Karam Trindade
Psicóloga inscrita no CRP sob nº 07/15.329; graduada em Psicologia (Universidade Luterana do Brasil - ULBRA); especializada em técnicas psicoterápicas psicanalíticas com crianças e adolescentes (NUSIAF - Universidade de Coimbra, Portugal); diplomada em Estudos Avançados (DEA - Universidade da Extremadura, Espanha); doutoranda na área de intervenção psicológica em saúde e educação (Instituto Superior Miguel Torga, Portugal); especialista em Psicologia Forense (IMED); Neuropsicóloga (Hospital Albert Einstein - São Paulo) e membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica (SBPJ), com atuação técnica indireta.