Advogado 4.0 - um updating para advogados, com os mesmos propósitos
Acontece uma revolução no exercício da advocacia. Mas, e na sua ética? Lawtech, jurimetria, taxtech... Como surfar nas ondas da tecnologia e quais os impactos nas relações jurídicas e humanas.
quarta-feira, 21 de junho de 2023
Atualizado às 13:45
Não existe mais a possibilidade da existência de um advogado que desconheça as ferramentas técnicas, que otimizem o seu trabalho. Novas técnicas estão presentes no dia a dia do advogado, que vão muito além do processo eletrônico, gestão de processos e a automação de documentos.
O termo "4.0" trata do quarto período de transformação social e econômica advindos da Revolução Industrial, iniciado no Século 18. Claro que não é exclusividade do direito. Mas, em nosso universo jurídico, o advogado 4.0 traz como característica a mudança de mentalidade dos profissionais de nossa área, com a adoção tecnológica e inovação.
Não somos mais como os profissionais das décadas passadas, que lidavam com pesquisa em livros e documentos de papel. Temos de estar dispostos a renovar, a atualizar nossas competências e utilizar soluções tecnológicas para agregar valor às tarefas intelectuais. Nossa contribuição humana continuará a ser essencial. Nossa criatividade deverá estar alinhada à essas tecnologias.
Algumas atualizações são indispensáveis para a continuidade do exercício profissional. Updatings necessários para qualquer advogado, pois já fazem parte da nossa realidade e que, também, ampliam as possibilidades profissionais para os bacharéis em direito.
As lawtechs - empresas tecnológicas voltadas para o universo jurídico - que já tratamos anteriormente, nos apresentam diversas ferramentas, utilizadas para automatizar processos e elaborar documentos. Oferecem uma excepcional experiência para coleta de dados, entrevistas guiadas, formulários de perguntas e respostas para qualificação de partes, armazenadas e estruturadas para uso.
A automação permite ações como peticionamento eletrônico, leitura de prazos, habilitação processual, informações sobre intimações. Todas essas tarefas sem que o advogado precise se preocupar com o acesso às plataformas do judiciário.
São inúmeros os modelos de serviços prestados pelas lawtechs e muitos ainda estão por vir. Se você ainda não ouviu falar delas, preste muita atenção nestas categorias:
- Analytics e Jurimetria: O serviço recolhe informações e por métodos estatísticos buscam entender o processo e antever prováveis resultados. A Associação Brasileira de Jurimetria - ABJ explica sua finalidade:
Quando se faz jurimetria, busca-se dar concretude às normas e instituições, situando no tempo e no espaço os processos, os juízes, as decisões, as sentenças, os tribunais, as partes etc. Quando se faz jurimetria, enxerga-se o Judiciário como um grande gerador de dados que descrevem o funcionamento completo do sistema. Quando se faz jurimetria, estuda-se o Direito através das marcas que ele deixa na sociedade.
- Compliance: as empresas oferecem uma forma automatizada para gestão de risco e prevenção de perdas e fraudes. Um conjunto de disciplinas para o cumprimento de normas legais e políticas estabelecidas para as atividades da instituição.
- Conteúdo jurídico, educacional e consultoria: Serviços digitais de informações especializada. Portais de informação, legislação, notícias, que trazem insumo técnico e consultivo para o trabalho.
- Resolução de conflitos Online: Plataformas dedicadas à mediação e conciliação, como forma alternativa ao processo judicial.
- Real Estate Tech: Dedicadas ao mercado imobiliário e cartórios. Estas plataformas têm o objetivo de agilizar transferências e diminuir a burocracia.
- Civil Tech: pretendem melhorar o relacionamento entre os serviços do Governo e os cidadãos, pela internet. Buscam dar mais eficiência e facilitam o acesso da população aos serviços públicos.
- Taxtech: Essas plataformas buscam simplificar os sistemas complexos da tributação. E também permitem resolver os desafios da eventual recuperação de impostos pagos indevidamente.
- Redes Profissionais: Plataformas que permitem a conexão entre profissionais do direito ou, ainda, conectam clientes e advogados em todo o Brasil.
O advogado preparado, com conhecimento jurídico e domínio do mundo digital, terá maior potencial de crescimento. O conhecimento em tecnologia será um grande diferencial competitivo, mas a multidisciplinariedade é a chave do sucesso para o advogado 4.0.
Mas, nada disso muda a condução humana no exercício da profissão. Todos os avanços tecnológicos não substituirão ética e dignidade. No ciberespaço espera-se a consciência individual e coletiva, que permita um ambiente saudável e protegido.
O comportamento esperado pelo profissional do direito, desde os primórdios do exercício da advocacia, é resguardado pelo Código de Ética. E nosso código é tido como exemplo para diversas outras categorias profissionais.
Profissionalismo, confiança, conduta ilibada, cordialidade, transparência ... continuam sendo valores que demonstram responsabilidade ao compromisso que assumimos como advogados. A ética e o comprometimento com o cliente continuará sendo o diferencial humano do advogado 4.0.