Tudo o que você precisar sobre o golpe do pix
Apesar de ser uma excelente ferramenta de pagamento, o Pix abriu espaço para a realização de diversas fraudes. Assim, é muito importante que você saiba se prevenir.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
Atualizado às 13:48
Desde a sua criação, o Pix vem sendo utilizado cotidianamente pelos brasileiros. Seja por sua praticidade ou rapidez, a ferramenta caiu tanto nas graças do povo, que grande parte das pessoas hoje sequer anda com dinheiro físico.
No entanto, nem tudo são flores. Da mesma maneira que o Pix facilitou muito a vida do cidadão de bem, também abriu espaço para que criminosos o utilizassem para a aplicação de fraudes. E essa prática, infelizmente, vem se tornando cada vez mais comum.
Para que você não passe por isso, é importantíssimo que saiba reconhecer os principais sinais desse golpe, já que os bandidos se aproveitam do desconhecimento da vítima.
Leia esse artigo atentamente para se prevenir!
1. Como funciona o Pix?
O Pix é uma ferramenta de pagamentos instantânea criada, em novembro de 2020, pelo Banco Central. Seu principal objetivo é substituir o TED e o DOC, e agilizar a transferência de dinheiro entre contas bancárias.
A principal vantagem do Pix, em comparação às antigas - mas ainda existentes - ferramentas de pagamento, é a sua instantaneidade. Há algum tempo atrás, muitas vezes era necessário aguardar o próximo dia para que o dinheiro efetivamente chegasse à conta - isso quando a transferência não era realizada na sexta-feira, em que era necessário esperar até segunda-feira.
Além disso, atualmente, é possível transferir dinheiro 24 horas por dia, 365 dias por ano. Esse fator facilita muito as operações financeiras e, consequentemente, a circulação de dinheiro.
Outra vantagem que vale ser mencionada é a sua gratuidade, já que para realização de TED e DOC entre bancos distintos, era necessário o pagamento de uma taxa.
Como é possível perceber, o Pix representou uma verdadeira revolução no sistema bancário brasileiro, sendo considerado um grande passo em direção à economia digital.
O grande problema é que as vantagens mencionadas também são vistas com bons olhos pelos criminosos, que se aproveitam justamente da velocidade e da praticidade da ferramenta para aplicar golpes das mais diversas espécies.
Como Advogado Especialista em Direito do Consumidor, meu dever é evitar que você seja vítima de qualquer fraude. E para isso, vamos analisar a seguir os principais meios que os golpistas utilizam para arrancar o seu dinheiro.
2. Como é o golpe do Pix?
Os golpistas se utilizam de uma série de métodos para levar suas vítimas a erro e, posteriormente, roubar seu dinheiro. Aqui, falaremos das sete modalidades mais comuns e mais difíceis de serem percebidas pelo cidadão comum. Vamos a elas:
2.1. Clonagem do Whatsapp
O criminoso entra em contato com a vítima se passando por alguma instituição em que ela possui cadastro. Logo depois, informa que ela deve enviar um código que receberá por SMS, para confirmar, atualizar ou autenticar algum dado cadastral.
Depois que você envia o código, seu Whatsapp é clonado e, a partir disso, o golpista passa a enviar mensagens para os seus contatos pedindo transferências de dinheiro, se passando por você.
Assim, muitas vezes não só você sai prejudicado, mas também seus amigos e parentes.
2.2. Falso atendimento bancário
Um golpe que também é muito comum é quando o criminoso entra em contato com você se passando por um atendente do banco.
Nesse caso, o golpista pede que a vítima informe alguns dados bancários, se aproveitando de sua vulnerabilidade.
Com as informações em mãos, ele clona seus dados e os utiliza para realizar operações financeiras fraudulentas.
2.3. Golpe do Pix errado
Já nessa hipótese, o criminoso envia um falso comprovante de Pix, por e-mail ou Whatsapp.
Quando você observa o envio, entra imediatamente em contato para saber do que se trata.
Nessa oportunidade, o golpista informa que realizou a transferência por engano e pede que você reembolse o valor.
2.4. Venda falsa
Nesse golpe, o criminoso oferta algum produto, geralmente por meio da internet, e convence a vítima a realizar um pagamento antecipado por Pix.
No entanto, obviamente, o consumidor nunca recebe sua compra.
2.5. "Bug" do Pix
Nessa modalidade, os golpistas divulgam uma notícia falsa comunicando que há um problema no sistema Pix, que permite que as pessoas recebam uma espécie de prêmio, quando transferem dinheiro para uma determinada conta bancária.
Claro que a referida conta é do criminoso e não existe qualquer prêmio.
2.6. Desconto na fatura do cartão
Já nesse tipo de golpe, os fraudadores entram em contato com a vítima oferecendo descontos em sua fatura. A condição para receber o benefício é a realização de um Pix para uma conta bancária que, obviamente, não é do banco.
2.7. Golpe da Tabela Pix
Essa é uma das formas mais recentes de fraude com Pix, que vem colecionando vítimas nos últimos meses.
Nessa modalidade, os criminosos criam um perfil falso no instagram e induzem as pessoas a realizarem uma transferência, sob a promessa de receberem até cinco vezes o valor depositado.
Com isso, a vítima não só perde seu dinheiro, como dá aos golpistas acesso a dados sensíveis, como nome completo, telefone e CPF.
3. Como se proteger do golpe do Pix?
Se fosse possível resumir as formas de prevenção de fraudes em uma só palavra, ela seria: atenção.
É essencial que, em se tratando de transações financeiras, você esteja sempre atento à identidade da pessoa para a qual você fará a transferência. Se você tiver qualquer suspeita, não dê prosseguimento à operação, e confirme a veracidade dos dados.
Nos casos de clonagem de Whatsapp, você deve, antes de transferir qualquer dinheiro para a pessoa que está te pedindo, entrar em contato para verificar se é realmente ela, ou se se trata de uma fraude.
Além disso, é extremamente recomendável que você não clique em links recebidos por e-mail, SMS, Whatsapp ou redes sociais, por mais atrativos que eles sejam. Antes de qualquer coisa, confirme se o endereço é confiável e, em caso de suspeita, não realize qualquer operação.
Caso você receba um comprovante de transferência por qualquer meio, sempre verifique todos os dados do suposto pagador, a data e horário, e também se o valor efetivamente está em sua conta.
Por fim, não acredite em promessas de ganhos extraordinários. Se o que estão te prometendo parece bom demais para ser verdade, é muito provável que realmente seja.
4. Caí no golpe do pix. E agora?
Vamos supor que você ainda não tinha lido esse artigo ou me seguido no instagram para se informar melhor sobre os seus direitos, e acabou caindo no golpe do pix. E agora, o que fazer?
A primeira coisa a se fazer é entrar em contato com seu banco e/ou com a instituição financeira para a qual você transferiu o dinheiro. Com isso, é possível que a operação seja bloqueada, antes que o prejuízo se efetive.
Em seguida, é muito importante que você registre um boletim de ocorrência, o que pode ser feito, inclusive, pela internet. Isso pode facilitar a identificação dos criminosos e é mais um meio de provar o ocorrido.
Para ter ainda mais registros do acontecimento e mais instituições em busca de uma solução para o caso, você pode apresentar uma reclamação diretamente no Banco Central, no Procon e na plataforma Consumidor.gov.
Por último, mas não menos importante, é essencial que você guarde provas de tudo, para comprovar que realmente foi vítima de uma fraude. Tire o máximo de prints que puder!
5. Consigo reaver meu dinheiro?
Não há como garantir que você vai reaver seu dinheiro, mas há, sim, métodos que podem te ajudar a conseguir um reembolso.
O primeiro de todos é quando você percebe rapidamente que caiu em um golpe. Nesse caso, você tem de trinta minutos a uma hora para entrar em contato com o banco e tentar travar a operação.
Além disso, atualmente, existe o chamado Bloqueio Cautelar. Trata-se de uma ferramenta à disposição das instituições financeiras que, em caso de suspeita de golpe, podem travar os recursos de uma determinada conta por até 72 horas.
Nesse meio tempo, será realizada uma análise e, caso seja confirmada a fraude, você pode reaver a quantia transferida.
Há também o Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Pix, que pode se dar por iniciativa do próprio banco ou da vítima do golpe.
Para utilizar o MED, você deve registrar um Boletim de Ocorrência e entrar em contato com a instituição financeira para a qual o valor foi transferido. Nesse caso, não se esqueça de anotar todos os números de protocolo e nome dos atendentes, para provar, posteriormente, que você fez a solicitação.
Depois de acionado o mecanismo, os bancos têm sete dias para analisar o caso, período no qual a conta do suposto golpista ficará bloqueada. Constatada a fraude, a vítima terá seu dinheiro devolvido.
Apesar da efetividade dessas ferramentas, os criminosos costumam retirar o valor da conta logo que ele entra, justamente para impedir futuros bloqueios. Desse modo, o melhor a se fazer é sempre estar atento e não transferir dinheiro a ninguém, em caso de suspeita.