Meu sócio não permite que o meu escritório cresça. O que fazer?
Cuidado para o seu conhecimento e dedicação não ser absorvido por um sócio que mina o seu negócio. É desesperador chegar na empresa e ver que as coisas não andaram, que nada evoluiu, que tudo está estagnado. Será que sou só eu que estou passando por isso?
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
Atualizado às 13:46
Você sabia que se você tem um sócio parasita, é porque você é o grande hospedeiro? Foram as suas decisões que te levaram a essa situação.
Parece forte dizer isso, mas talvez seja necessário uma reflexão.
Você pode estar passando por isso neste momento. E se não está, pode se deparar em qualquer momento. Essa é uma situação bem comum no universo jurídico. Muito comum também para as pequenas e médias empresas. Alias, em todo negócio que tem uma estrutura societária.
A analogia do hospedeiro e o parasita. É uma maneira de exemplificar o dia a dia de alguns escritórios de advocacia que, após alguns anos de trabalho dedicado ao consultivo na área de branding, propondo uma visão mais estratégica de gestão de marcas e marketing para escritórios de advocacia, pude vivenciar algumas situações que me fizeram escrever esse artigo.
Essa analogia com o tema é muito comum nas manifestações da natureza. Não quero entrar com profundidade na biologia, essa não é a minha especialidade, mas sim fazer você refletir sobre o seu momento atual e projetar de maneira eficiente o seu momento futuro.
A associação de dois ou mais indivíduos, em que um ou mais retira seu alimento do corpo do outro, pode estar acontecendo com você sem que você perceba. Meu objetivo é ajudá-lo a encontrar o melhor caminho para o seu crescimento profissional.
Uma forma de perceber o problema é fazer uso da analogia: pense no parasita. O parasita é um organismo que retira seu alimento do hospedeiro que está parasitado.
Esse parasitismo é uma relação interespecífica em que um dos envolvidos é prejudicado.
Mas você não está sozinho. Empreendendo há mais de 20 anos, tenho, além da minha consultoria de branding para o universo jurídico, outros negócios e sócios. E já vi muitas situações como essa. Entre uma consultoria e outra nos escritórios de advocacia, entre uma aula e outra para os advogados, entre um evento jurídico e encontros de networking, parei para refletir inúmeras vezes o porquê essas situações se mantinham desta forma.
Muitos dos meus projetos em escritórios foram sabotados por um parasita, mas só aconteceu porque o hospedeiro foi quem aprovou toda a situação. Houve casos, que, ao decorrer do processo, muitos hospedeiros enxergaram algumas iniciativas que eu propus para reflexão, e repensaram suas atitudes. A maioria, no entanto, não tem essa iniciativa.
Mas por que fazer essa reflexão? Porque todos perdem.
Nessa relação, a depender do tamanho do escritório, não é só uma pessoa que vai sair perdendo. Além do cliente, muitos colaboradores, envolvidos nessa cultura, perdem. O modelo do passado, não mais se adapta ao modelo do futuro.
Quando essa relação envolve mais sócios hospedeiros, fica ainda mais complicado, pois o parasita começa a colonizar, sempre atraindo um hospedeiro intermediário. Este hospedeiro vai alimentando as imperfeições e decisões equivocadas, que aos poucos minam o negócio e levam todos para uma falência intelectual e total de iniciativas. E quando não a falência total do escritório. Note: a falência que enfatizo aqui é a cultural.
Há situações que ficam extremamente claras. E não são poucas. Esse clima truncado, arcaico, totalmente envelhecido é expressado no tom de voz, nas postura, no ambiente, na comunicação, em todos os pontos de contato.
Todos nós estudamos na escola das respostas certas. Da época em que o gênio era bom em matemática e português e não criativo e disruptivo. Mas no universo jurídico, parece que esse tom é mais enfático. Não estou generalizando. Mas com essa bagagem que carrego, até os próprios advogados me questionam como eu consigo conduzir os trabalhos.
Com atenção e com o ato de escutar! Quando recebo esse tipo de questionamento, sempre ouço e reflito: As transformações começam em nós, já que sabemos o que mudar nos outros.
Mas por que é tão difícil para as pessoas admitirem o erro, a postura autoritária, de que sabem tudo, admitirem os problemas, e assim aprenderem com o seu próprio erro?
Só a reflexão trará essa resposta, e refletir requer que você escute.
Eu erro, continuo errando. Em alguns momentos é até lucrativo, pois você aprende algo para a vida toda, ao tomar uma decisão que você mal conseguia enxergar a grande oportunidade de dar certo. Já se sentiu assim?
Mas sustentar alguns erros por um longo tempo e viver infeliz, desmotivado, talvez não seja o melhor caminho. Cometer erros é natural para aqueles que arriscam. Não tenha medo das mudanças, adapte-se. A decisão começa aqui. Essa é uma etapa importante, mas muitas vezes tomamos decisões precipitadas, sem ao menos pensar nas implicações que uma sociedade pode causar durante a jornada empreendedora.
Se você participa de uma sociedade na qual se sente um hospedeiro, você deve saber: nem sempre você precisa de um sócio. Você pode seguir carreira solo e focar em construir sua marca pessoal. Tudo vai depender do seu posicionamento e objetivos.
Se não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve. Se está sem direção, procure ajuda, mas não desista dos seus sonhos. Nós sabemos que é difícil começar uma carreira sozinho, assim como é difícil encontrar o sócio ideal para montar o escritório dos sonhos. Se é que ele existe.
O namoro, no início, é sempre muito amistoso, motivador, todos com muita vontade de fazer acontecer, mas durante a caminhada a maré nem sempre está para peixe.Para os iniciantes, surgem muitas novidades, várias tomadas de decisões importantes e alguns investimentos envolvidos. Não só de tempo, mas de dinheiro principalmente.
Mas é preciso iniciar de alguma forma, e ter mente de iniciante durante toda a vida empreendedora será fundamental. Principalmente no mundo de hoje, que somos pressionados a todo momento a inovar.
Ter esse mindset é extremamente importante, porque é apenas essa atitude mental que nos permite ter pensamento crítico - que é fundamental hoje em dia, pois, se acharmos que o mundo está bem como está hoje, nós sempre vamos estar ultrapassados.
Segundo Kevin Kelly, cofundador da revista Wired, nós estamos hoje constantemente em um "estado de iniciantes", pois as inovações tecnológicas nos desafiam a aprendermos coisas novas o tempo todo. Desde criança somos ensinados a ter mais diplomas e boas notas para termos melhores empregos. Mas ao decorrer da vida percebemos que não é bem assim.
Saímos cedo, trabalhamos em um lugar do qual não gostamos, vemos pouco os filhos. Prendemos-nos na percepção social do que os outros esperam que façamos. Depois de trabalhar a vida inteira descobrimos que nem a aposentadoria prometida era algo bom o suficiente para compensar todo o esforço.
Você acredita que estudar e ter um salário fixo é bom. Isso se o plano de carreira não se perder e você ficar sem emprego e sem renda. Essa e outras situações sempre vão surgir e nós temos que estar preparados para cada uma delas, evitando ser um parasita e muito menos agir como um hospedeiro.
O mundo mudou, muitas coisas estão mudando no universo jurídico.
Até 2030 serão mais de 2 milhões de advogados no Brasil. Este ano 2022, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a cifra saltou de 1 milhão em 2016 para os atuais 1.237.932 milhões. Sendo que o número de advogadas superou o número de advogados. Na última atualização, o número de advogadas era de 610.369 e de advogados 610.207. Essa é a primeira vez na história que as mulheres representam a maioria dos profissionais da advocacia brasileira.
Olha quanta coisa está acontecendo nesse universo jurídico, aconteceu ontem, está acontecendo neste momento e vai acontecer amanhã. Nesse universo tão expressivo que é o mundo jurídico, quantos advogados podem estar na situação de hospedeiros ou de parasitas?
E, você em qual situação se encontra hoje?
Invista em você, construa sua marca pessoal independente da sua marca societária em um escritório. Construa uma marca forte, com uma identidade que carregue sua personalidade, que represente nos canais de comunicação o que realmente faz de você diferente, com seus principais atributos, mantendo-se em uma posição mais profissional e pronta para o futuro das mudanças que vão acontecer daqui para frente.
Prepare-se para resolver novos tipos de problemas que o mundo jurídico e as empresas da nova economia vão precisar.
Fuja do convencional, mantenha os pés no chão, mas sonhe alto. E se nesse caminho encontrar um bom sócio, não tenha medo e siga em frente, sempre será um bom caminho se a relação for de complementaridade.