A pior coisa do mundo: entrega amigável na busca e apreensão de veículos com financiamento em atraso
O consumidor que está em uma situação delicada, com o financiamento em atraso, não pode de forma nenhuma ficar inerte e empurrar a situação com a barriga, porque isso pode gerar consequentes e graves medidas as quais trarão extremo desconforto.
terça-feira, 8 de novembro de 2022
Atualizado às 09:12
Por que fazer a entrega amigável de um bem com parcelas em atraso pode ser a pior coisa do mundo?
Ninguém gosta de ser negativamente surpreendido com o oficial da justiça batendo na sua porta e tomando o seu veículo. Ser observado pela família, pelos amigos e vizinhos, durante este episódio pode ser uma das coisas mais vergonhosas e que ninguém está disposto a passar, ainda mais especialmente quando o motivo é uma dívida.
Mas, às vezes, a melhor maneira de lidar com a situação é fazer o que é certo e enfrentar as consequências. Isso significa que, se você está com dívida de um financiamento a pior coisa que você pode fazer é empurrar com a barriga e deixar que seus credores tomem o bem fazendo você passar por essa vergonha.
Em vez disso, você precisa fazer a coisa certa e enfrentar as consequências da melhor maneira possível. Mas será que a entrega amigável seria a melhor forma?
A resposta definitivamente é não. Muitas pessoas têm dificuldades em lidar com a ideia de perder um bem pelo qual trabalharam tanto para adquirir. Outros podem ter medo das consequências financeiras da entrega do bem. No entanto, independentemente do seu motivo, é importante lembrar que a entrega amigável na busca e apreensão de veículos não é a melhor opção. E no artigo de hoje vamos falar quais são os motivos disso.
O que é entrega amigável?
Como o nome sugere, a entrega amigável é um processo de devolução do veículo para o credor pela dívida em atraso, de forma voluntária e sem incidentes. Geralmente, isso envolve o credor e o devedor chegarem a um acordo sobre as condições da entrega, como a data e o local.
A entrega amigável é uma opção para aqueles que estão atrasados em seus pagamentos de financiamento do veículo e querem evitar a apreensão do carro. É importante notar que, apesar de ser chamada de "amigável", a entrega amigável não é obrigatória - o credor pode independente de negociações em aberto ajuizar a ação de busca e apreensão do veículo pela dívida em atraso.
Vale ressaltar que neste procedimento a entrega amigável surge como opção econômica mais vantajosa para o banco, ao passo que para o devedor é uma opção, pois se vê livre do constrangimento da busca e apreensão.
Quais os riscos da entrega amigável?
Com o descuido na oferta do crédito por parte das instituições financeiras, muitos consumidores têm enfrentado problemas para pagar seus financiamentos de veículos. Como resultado, um número crescente de veículos está sendo apreendido pelas financeiras. A apreensão de um veículo pode ser extremamente estressante e inconveniente para o devedor, especialmente pelos reflexos negativos da medida.
Infelizmente, algumas financeiras estão optando por uma abordagem "amigável" para a entrega dos veículos apreendidos. Com negociadores astutos essa abordagem vem carregada de promessas as quais não cumpridas colocam o consumidor em grande desvantagem e prejuízo. Embora possa parecer uma boa ideia no papel, essa abordagem tem vários problemas potenciais.
Primeiro e principal, a entrega amigável na busca e apreensão de veículos geralmente envolve a venda do veículo em leilão. A venda desse bem por essa via pode ter significativa baixa na valoração do bem - às vezes até mesmo mais do que o valor total que o proprietário do carro devia à financeira originalmente. Um dos motivos, pelos quais o consumidor pode pagar caro pelo privilégio de evitar a busca e apreensão do veículo.
Geralmente, quando as instituições vendem os bens em leilão e como o valor obtido a partir dessa venda não liquida o financiamento, o consumidor além de não mais possuir o veículo, agora ficará com o saldo remanescente em débito, o que poderá deixá-lo com o nome negativado.
Por fim, é importante lembrar que a entrega amigável na busca e apreensão de veículos só é uma opção temporária - isto é, em muitos casos, ela não resolve o problema subjacente da dívida do consumidor com a financeira. Em outras palavras, os consumidores ainda terão que enfrentar as consequências crônicas da dívida vencida, como por exemplo, as ligações intermináveis para pagamento do saldo devedor que sobrou.
Qual é o risco de se fazer uma entrega amigável?
O maior risco ao se fazer a entrega amigável sem a devida orientação de um especialista, se dá justamente pela falta de informações durante esse procedimento, o consumidor não é alertado dos riscos que ele sofre ao entregar o bem amigavelmente. Nesse ponto, ele não recebe as informações que deveria receber, como por exemplo que o veículo será leiloado e que se o valor não cobrir a dívida ele ainda terá que arcar com o valor restante, sob pena de ficar com o nome sujo, esse é um exemplo dos riscos que o consumidor que está vivenciando essa situação fica sujeito, em linhas gerais, o consumidor fica totalmente vulnerável.
Conclusão
Como vimos, o consumidor que está em uma situação delicada, com o financiamento em atraso, não pode de forma nenhuma ficar inerte e empurrar a situação com a barriga, porque isso pode gerar consequentes e graves medidas as quais trarão extremo desconforto, de outra forma, o consumidor também não pode agir na emoção realizando a entrega amigável, pensando que está diante de uma grande jogada, ou que por sorte o banco ou a financeira estão sendo bons com ele, isso não existe.
Valdecir Rabelo Filho
Advogado.